Ambos os pareceres são absolutamente ridículos.
Então o primeiro é uma bodegada completa onde uma mesma competição...é simultaneamente duas coisas.
O segundo é o tal da decisão cobarde de acrescer à Taça.
Nossa senhora.
Até tenho vergonha que o 1°parecer tenha pessoal da Univ. Porto.
Deve ser alguém muito estúpido.
Sobre este tema, de forma a evitar paradoxos como o Parecer 1, e já com muitos anos (2007), sugiro o seguinte texto do fabuloso blog Recordes da Bola:
O Campeonato de Portugal e os
Campeonatos das Ligas
Em razão de polémicas e dúvidas surgidas ao longo dos anos, sobre a validade do Campeonato de Portugal (CP) outorgar o título de campeão nacional e o antigo Campeonato das Ligas (CL) ter validade como campeonato nacional, convidei o meu amigo Paulo Claro, um estudioso das competições nacionais e distritais, desde a fundação das associações distritais, a elaborar um texto em que se esclarece definitivamente a forma como se disputaram as primeiras provas nacionais de futebol em Portugal.
A denominação do “Campeonato das Ligas” - tradução da palavra inglesa LEAGUE - aparece num tempo em que os termos ingleses do “football” eram muito utilizados em Portugal, daí baptizarem a prova desta forma para dizer que era uma prova em “poule”, ou seja, “todos contra todos”.
Como estes campeonatos tinham duas divisões, ficaram conhecidos como 1ª Liga e 2ª Liga.
No livro da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) "1º Centenário do Futebol Português - Os 75 anos da FPF" escrito em 1989 pelo jornalista Henrique Parreirão, vem bem explícita a situação do Campeonato de Portugal e dos Campeonatos das Ligas pois, a FPF facultou os seus arquivos para consulta. Assim quem ler este livro não poderá ter dúvidas quanto à atribuição dos títulos de Campeão Nacional e quais as provas que conferiam esse título!
A quem me diz que os CL é que davam os campeões nacionais, aconselho sempre uma leitura cuidada do livro atrás referido para esclarecimentos de ideias e, com os pensamentos livres de “clubites” e outros facciosismos, com a mente em contacto com os anos em que decorreram estas provas, fazer um raciocínio lógico da situação.
E tem resultado em cheio! Alguns amigos tiraram todas as dúvidas porque, vem tudo lá bem explícito com transcrições de Actas e Regulamentos de Provas.
Ora, segundo me foi ensinado na escola devemos sempre respeitar a lei, mesmo que não concordemos com ela! É certo que a própria FPF tem culpas no cartório por não assumir uma posição clara na altura mas, isso deve-se ao empolgamento que o CL criou, e também ao facto de grandes nomes do jornalismo da altura quererem fazer passar a ideia da importância destes campeonatos passando por cima da prova que dava o campeão nacional ou seja, o CAMPEONATO DE PORTUGAL.
Realmente o Campeonato da Liga e o Campeonato Nacional da 1ª Divisão foram disputados da mesma forma: em “poule” ou seja, no sistema de “todos contra todos”.
Mas o regulamento era diferente; porque o CL era uma prova extraordinária para estudar a viabilidade económica, uma vez que obrigava os clubes a deslocarem-se regularmente por todo o país, o que naquela altura era um empreendimento extraordinário.
O CP, no sistema de eliminatórias, era disputado após a realização dos campeonatos distritais, onde se apuravam os melhores, para a prova nacional e tinha o desígnio de encontrar o campeão nacional, de Portugal, obviamente!
A partir de 1934/35, o campeonato das ligas substituiu o apuramento distrital.
Nos relatórios da Federação Portuguesa de Futebol, pode ler-se: "clubes com direito a participar no Campeonato de Portugal: os oito clubes da 1ª Liga, os seis melhores da 2ª Liga mais o apurado das Ilhas, o que perfazia o total de 15 clubes.”
O clube vencedor do Campeonato de Portugal recebia uma cópia do troféu denominado Taça Portugal.
Taça cujo original está exposto ao público, na Federação Portuguesa de Futebol, e o qual serviu de modelo à actual Taça de Portugal.
O campeonato das ligas teve sucesso económico logo na primeira época e continuou a disputar-se na época seguinte logo a seguir aos distritais, como prova extraordinária! E o sucesso não foi só financeiro. A sucessão dos embates entre as melhores equipas nacionais empolgava o público de tal maneira que se considerou o campeonato das ligas, a mais importante.
Daí, que a imprensa começasse a considerar o vencedor da prova, CAMPEÃO DA LIGA - tal e qual os relatórios da FPF designavam.
Mais tarde, o famoso jornalista Ricardo Ornelas começou a defender nas páginas do jornal “Os Sports” que o vencedor da Liga é que era o campeão nacional.
Mas a verdade é que de acordo com os regulamentos, o Campeonato de Portugal é que apurava o campeão nacional, enquanto o campeonato das ligas continuava a ser uma prova secundária.
A grande remodelação dos Regulamentos das provas da FPF foram efectuadas em Agosto de 1938 durante um Congresso realizado para esse fim. Foi elaborado um documento histórico que explicava e justificava a nova Regulamentação e que a dado passo, entre outras coisas dizia: "PARA POR EM PRÁTICA TODA ESTA REALIZAÇÃO HÁ QUE ACABAR COM OS CAMPEONATOS DAS LIGAS E SUBSTITUIR O CAMPEONATO DE PORTUGAL DAS JORNADAS EM SUCESSIVAS ELIMINAÇÕES, POR UM CAMPEONATO DE MAIOR RIGOR E REGULARIDADE PELO SISTEMA DE «POULE» EM DUAS VOLTAS".
Perante isto não sei o que mais dizer…
Só, talvez acrescentar, que foi criada uma nova prova chamada TAÇA DE PORTUGAL que seria disputada nos mesmos moldes do antigo C.P. mas com finalidade diferente. Aqui já não era para apurar o Campeão Nacional mas sim, para que os clubes mais pequenos tivessem oportunidade para jogar com os grandes ou seja, para que haja a FESTA DA TAÇA.
Mais uma vez se chama a atenção para o que dizem os REGULAMENTOS DAS PROVAS pois, estes são a lei.
Lembremos a razão que “obrigou” a organização urgente do campeonato das ligas…
A seguir á vergonhosa derrota da Selecção Nacional por 0-9 contra a Espanha, começaram a levantar-se vozes contra a maneira como era disputado o Campeonato Nacional na altura (CP). Deviam fazer-se mais jogos contra equipas mais fortes. Ricardo Ornelas escreveu nos jornais que se deveria realizar uma prova em poule, como já se fazia em muitos países, para dar mais competitividade aos jogadores. Outras vozes se lhe juntaram e então a FPF que, também estava descontente com a situação, avançou para uma solução. Elaborar um projecto para um campeonato em “poule”. Esse projecto foi elaborado por Plácido de Souza, Ribeiro dos Reis, Cândido de Oliveira e Virgílio da Fonseca.
Mas havia muito receio por parte da F.P.F acerca da aceitação do público e sobre o aspecto financeiro da prova. Seria suficiente a receita para pagar as despesas? E o público iria assistir a tantos jogos? Portanto avançaram para este projecto com muitos receios. Sendo assim, nada melhor que fazer a experiência por isso deixaram escrito em acta "FICOU RESOLVIDO PROMOVER A TITULO EXPERIMENTAL OS CAMPEONATOS DAS LIGAS, 1ª E 2ª DIVISÕES, SEM PREJUÍZO DOS CAMPEONATOS DISTRITAIS, NEM DO CAMPEONATO DE PORTUGAL".
Isto indica claramente a subjugação das Ligas em relação ao CP e até aos Campeonatos Distritais!
Ora, se por esta altura já havia um Campeonato Nacional como é que podia existir outro!? É claro que essa questão nem se pôs, pois para isso, teriam de ser alterados os Regulamentos das Provas, coisa que só aconteceu em 1938…
Na 1ª época em que se disputou a 1ª Liga (1934-35) o clube vencedor nem direito a taça teve. Apenas foram entregues medalhas aos jogadores. Só a partir da época seguinte foi entregue uma taça. Penso, no entanto, que o FC Porto acabou por receber mais tarde o troféu referente ao primeiro campeonato.
Os CL eram sem dúvida provas oficiais da FPF mas os vencedores eram apenas considerados campeões das 1ª e 2ª Ligas nunca CAMPEÕES NACIONAIS ! Foram provas muito importantes para a actual estrutura do futebol Nacional pois, devido ao seu sucesso se pôde avançar para o modelo que temos hoje que foi introduzido em 1938-39.
No Relatório da FPF de 1936-37 vem escrito o seguinte: O Campeonato da Liga voltou a agradar sobremaneira e, dessa forma, não será possível dizer-se mais que estamos em período de experiências, pois a consolidação está feita. Seria um erro suprimi-la." Portanto, era uma prova que tinha sido feita para um determinado prazo e que afinal, superou todas as expectativas”
Temos que ver os campeões Nacionais a partir 1921-22 e não à posteriori. Temos que ver as coisas desde o início, não é hoje em dia olhar para trás e dizer que ficava melhor juntar os vencedores do CL aos vencedores da 1ª divisão e juntar aqueles do CP aos da Taça de Portugal. Isso é totalmente errado. E assim se criam confusões! Não se pode mudar uma lei, 50 anos depois, com efeitos retroactivos.
Nos Estatutos aquando da fundação da FPF constava precisamente a intenção de fazer disputar o CAMPEONATO DE PORTUGAL. Ora, venham agora dizer-me que a intenção não era a de apurar um CAMPEÃO NACIONAL!
É claro que sim! O povo queria saber quem era o melhor clube de Portugal, quem era o CAMPEÃO NACIONAL ! nos jornais da altura era precisamente assim que era intitulado o vencedor do CP.
E até, quando já se disputavam as Ligas os jornais faziam referência à final do C.P. como: "joga-se hoje para o título máximo de Portugal".
Lamentavelmente, a imprensa ignora o antigo campeonato de Portugal, como se não tivesse existido talvez para dar mais importância à I Liga. Muitos países começaram por organizar os seus nacionais dessa forma, como é o caso da Alemanha, até 1963.
Se, por acaso, as antigas Ligas fossem ganhas, por exemplo, pela Académica, Carcavelinhos, Belenenses e V. Setúbal, haveria tantos defensores da mentira instituída pela imprensa e defendida por fanáticos clubistas?
Paulo Claro
in
https://recordesdabola.blogspot.com/2007/05/campeonato-das-ligas-e-de-portugal.html