Guerra Rússia - Ucrânia

Devenish

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11 Outubro 2006
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  • Reinaldo Teles
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texto da autoria de Daniel Oliveira




Grozni-Alepo-Mariupol. Sempre o mesmo Putin.
O programa de privatizações da década de 1990 e reformas económicas que favoreceram a corrupção conduziram a Rússia ao default da sua dívida soberana em 1998. A crise económica e social que se seguiu; o desafio de várias regiões da Rússia ao poder federal; e a adesão da República Checa, Hungria e Polónia à NATO, ficando claro que a mudança de regime era percecionada pelos outros como uma derrota dos russos que levaria ao seu confinamento e não como uma vitória que lhe daria um lugar relevante no sistema político-militar global, criaram o ambiente ideal para o nacionalismo. A Rússia pós-URSS estava no seu ponto mais fraco e a nostalgia pela estabilidade soviética no auge. É este o contexto da ascensão de um ex-coronel do KGB desconhecido do grande público a primeiro-ministro do presidente Ieltsin. É nomeado em Agosto de 1999 e logo aí anuncia, com sondagens na casa dos 4%, que será candidato às eleições presidenciais. A segurança interna e a coesão da Rússia eram as suas prioridades. Menos de um mês depois de chegar ao poder, atentados em zonas residenciais de Moscovo e mais duas cidades russas mataram mais de 300 pessoas. Putin foi rápido a responsabilizar os terroristas chechemos e invadiu a região separatista. Grozni é tomada em fevereiro de 2000, quando já nada restava. Foi considerada pela ONU a cidade mais destruída do mundo. Vitorioso, num país marcado pela crise económica e sedento de recuperar a glória do passado imperial, Putin ganhou as presidenciais com 53%, seis meses depois do início da “operação antiterrorista”. A coincidência temporal das bombas com a carreira política do ex-KGB sempre levantou dúvidas, reforçadas quando, em setembro de 1999, dois oficiais da FBS foram detidos ao tentar detonar um engenho explosivo numa zona residencial de Ryazan e depois foram soltos. Em 2004, 32 terroristas fizeram mais de mil reféns numa escola em Beslan, na Ossétia do Norte. A crise terminou com um ataque das forças especiais e 326 mortos, incluindo 159 crianças. Este ataque surge depois de vários atentados terroristas reivindicados pelo checheno Shamil Basayev. Beslan mudou a o sentimento da população e Putin aproveitou para centralizar ainda mais o poder. Em 2015, Putin responde a um pedido de ajuda do presidente Bashar Assad, que estava quase a perder o controlo da Síria. A violência da ofensiva russa, atacando indiscriminadamente hospitais, cidades e bairros residenciais, viraram a guerra. As forças russas bombardearam incessantemente Alepo, entre setembro e outubro de 2016, com o recurso a bombas de fragmentação. Alepo, tal como Grozni, foi arrasada. O mesmo tipo de bombardeamento, desta vez pela artilharia pesada, estão agora a ser usadas nas cidades de Kharkiv e Mariupol, com os mesmos efeitos de horror – até o ataque a hospitais se repete. Não sei se a boa consciência ocidental está preparada para ver Grozni ou Alepo em Kiev. Sei que quando Putin o fez na Chechénia e na Síria, só alguns o foram denunciando. Era contra muçulmanos, islamistas e terroristas, o lado de lá das nossas guerras de então. É que o discurso da guerra perpétua contra os inimigos do “nosso modo de vida” é um pronto-a-vestir que também serviu a Putin. Se é louco, já o era.
 

Pinetree

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27 Maio 2012
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Sabem, só vejo uma vantagem quanto a subida do preço dos combustíveis... é que a palha vai ficar cara e em breve esses dois jecos que por aqui andam vão ficar calados.
 
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MiguelDeco

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  • Alfredo Quintana
Mas a semana passada os preços dispararam com base na cotação do brent, que também disparou. Esta semana diziam que ia acontecer o mesmo, pela mesma razão. Entretanto o preço do barril caiu bastante, portanto, seguindo a lógica, os preços também deviam cair bastante. No mínimo dos mínimos, não aumentar. Caso contrário não vejo qualquer lógica, a não ser roubar os cidadãos.
Tentar encontrar razoabilidade na lógica de um mercado capitalista é o mesmo que procurar por um benfiquista honesto intelectualmente lol..
 

StrecherBearer

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Leiria
  • Bobby Robson
Uma posição estratégica de defesa, com vista a melhorar a sua posição estratégica militar num hipotético conflito futuro. Ok.

Então vamos lá iniciar um conflito armado para ter uma vantagem militar que de momento até nem temos, de forma a melhor preparar um conflito futuro onde é fundamental termos essa vantagem.

Portanto, isto só faz sentido de uma forma. O Putin é um estratega brilhante (ou consultou um advinho) e conseguiu prever que o mundo praticamente deixaria a Ucrania sozinha à mercê da Russia.
De outra forma, esta opção não tem qualquer sentido.
É uma forma de interpretar, a minha é que a Russia vê a defesa da planicie do leste europeu com a necessidade de muito menos recursos se a Ucrânia não fizer parte da NATO. praa nós ocidentais a NATO é uma organiação de defesa contra a Russia.
Para a Russia a Nato é o potencial agressor contra o qual têm de estar protegidos de preferência com menos recursos. Podemos ou não concordar, mas temos de entender que é a visão deles e por isso não querem que a Ucrânia tenha hipóteses de se juntar á NATO.

É uma solução barbara a invasão, mas faz sentido estratégico como antecipação a uma possível adesão à NATO.
 
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Branco

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Mas a semana passada os preços dispararam com base na cotação do brent, que também disparou. Esta semana diziam que ia acontecer o mesmo, pela mesma razão. Entretanto o preço do barril caiu bastante, portanto, seguindo a lógica, os preços também deviam cair bastante. No mínimo dos mínimos, não aumentar. Caso contrário não vejo qualquer lógica, a não ser roubar os cidadãos.
Enquanto houver incerteza sobre o que possa acontecer no curto prazo os preços dos combustíveis vão continuar elevados, o que interessa é a relação procura e oferta do mercado, a procura mantem-se quase igual mas a oferta é neste momento incerta, depois há quem acredite que a situação está prestes a se resolver e a tentar vender enquanto está em alta, mas obviamente que os preços que se praticam nas bombas de gasolina vão no imediato sempre ser a prever o pior cenário até ser óbvio que isso não será o caso, a partir daí e se o mercado estiver a funcionar bem em concorrência os preços vão descer sendo que obviamente que demora mais tempo que a descida do preço do barril.

Mas obviamente que cada mercado a nível nacional depois tem a sua própria dinâmica, Portugal sempre teve preços muito elevados nos combustíveis, isso deve-se em grande parte à enorme carga de impostos que aqui se praticam nesse sector no entanto também há a questão do tamanho do mercado poder favorecer algum conluio entre quem lá opera em suposta concorrência, mas aí já entramos na especulação e existe uma autoridade da concorrência para supostamente garantir que tal não aconteça.
 

StrecherBearer

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Leiria
  • Bobby Robson
Enquanto houver incerteza sobre o que possa acontecer no curto prazo os preços dos combustíveis vão continuar elevados, o que interessa é a relação procura e oferta do mercado, a procura mantem-se quase igual mas a oferta é neste momento incerta, depois há quem acredite que a situação está prestes a se resolver e a tentar vender enquanto está em alta, mas obviamente que os preços que se praticam nas bombas de gasolina vão no imediato sempre ser a prever o pior cenário até ser óbvio que isso não será o caso, a partir daí e se o mercado estiver a funcionar bem em concorrência os preços vão descer sendo que obviamente que demora mais tempo que a descida do preço do barril.

Mas obviamente que cada mercado a nível nacional depois tem a sua própria dinâmica, Portugal sempre teve preços muito elevados nos combustíveis, isso deve-se em grande parte à enorme carga de impostos que aqui se praticam nesse sector no entanto também há a questão do tamanho do mercado poder favorecer algum conluio entre quem lá opera em suposta concorrência, mas aí já entramos na especulação e existe uma autoridade da concorrência para supostamente garantir que tal não aconteça.
Certo, a Shell acabou de comprar uma batelada de petróleo á Russia a preço de saldos record, mas aumenta o preço dos combustíveis junto com as outras? Autoridade da Concorrência? Give me a break

https://www.wsj.com/livecoverage/ru...ian-oil-at-bargain-price-2ZljvO2HQlmPm5d5aAgG
"... Shell bought 100,000 metric tons of Russia’s flagship Urals crude on Friday, according to people familiar with the transaction. It paid $28.50 a barrel below the price of international benchmark Brent crude, the widest discount on record..."
 

Pinetree

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27 Maio 2012
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É uma forma de interpretar, a minha é que a Russia vê a defesa da planicie do leste europeu com a necessidade de muito menos recursos se a Ucrânia não fizer parte da NATO. praa nós ocidentais a NATO é uma organiação de defesa contra a Russia.
Para a Russia a Nato é o potencial agressor contra o qual têm de estar protegidos de preferência com menos recursos. Podemos ou não concordar, mas temos de entender que é a visão deles e por isso não querem que a Ucrânia tenha hipóteses de se juntar á NATO.

É uma solução barbara a invasão, mas faz sentido estratégico como antecipação a uma possível adesão à NATO.
Fas sentido ?!?! Lool
Não faz sentido absolutamente nenhum. Aliás os países Europeus nunca investiram tão pouco em armamento como nos últimos anos! Os países da NATO são Democracias, que se preocupam mais com a economia, do que com guerras. Aliás o ataque a Ucrânia é tão estúpido, que a conta dele vão levar com as maiores sanções económicas da história da Humanidade, o povo russo vai passar fome e agora deixarão de ter acesso à tecnologia, e deixaram de fazer investimento em armamento que poderiam ter continuado a fazer sem sanções.

A guerra é Ucrânia foi o maior tiro nos pés que esse lunático pode ter feito. ;)
 

MiguelDeco

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Fas sentido ?!?! Lool
Não faz sentido absolutamente nenhum. Aliás os países Europeus nunca investiram tão pouco em armamento como nos últimos anos! Os países da NATO são Democracias, que se preocupam mais com a economia, do que com guerras. Aliás o ataque a Ucrânia é tão estúpido, que a conta dele vão levar com as maiores sanções económicas da história da Humanidade, o povo russo vai passar fome e agora deixarão de ter acesso à tecnologia, e deixaram de fazer investimento em armamento que poderiam ter continuado a fazer sem sanções.

A guerra é Ucrânia foi o maior tiro nos pés que esse lunático pode ter feito. ;)
E se ele for buscar fonte de investimento a outras fontes? Como a chinesa? Continua a ser o mesmo argumento?
E se estas sanções implicarem também uma crise europeia/mundial, com a inflação a subir, juros da dívida pública a explodir em alguns países.. Recessão económica e por aí fora..
Estas sanções vão afetar primeiramente os bilionários. Mas vão demorar (demasiado) tempo até fazerem efeito total naquilo que se espera ser a devastação da economia russa (que historicamente foi sempre instável).. E segundo alguns estudo, 13% da população russa já vive na pobreza. Mesmo que volte a aumentar esse número, não me parece que seja por aí que veremos as mudanças..
 
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Raba

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É uma forma de interpretar, a minha é que a Russia vê a defesa da planicie do leste europeu com a necessidade de muito menos recursos se a Ucrânia não fizer parte da NATO. praa nós ocidentais a NATO é uma organiação de defesa contra a Russia.
Para a Russia a Nato é o potencial agressor contra o qual têm de estar protegidos de preferência com menos recursos. Podemos ou não concordar, mas temos de entender que é a visão deles e por isso não querem que a Ucrânia tenha hipóteses de se juntar á NATO.

É uma solução barbara a invasão, mas faz sentido estratégico como antecipação a uma possível adesão à NATO.
Eu continuo a achar que o interesse da Rússia é uma mistura de duas coisas. Por um lado claro que não querem mais uma base da NATO ali. Por outro lado, há ali algum interesse geográfico e estratégico no acesso ao Mar Negro. Não é por acaso que as cidades mais castigadas pela Rússia são justamente Kherson, Odessa e Mariupol, que são as cidades com acesso ao Mar Negro.
 

cccmonteiro

"No futebol, o pior cego é o que só vê a bola."
3 Junho 2014
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Moimenta do Douro
Eu continuo a achar que o interesse da Rússia é uma mistura de duas coisas. Por um lado claro que não querem mais uma base da NATO ali. Por outro lado, há ali algum interesse geográfico e estratégico no acesso ao Mar Negro. Não é por acaso que as cidades mais castigadas pela Rússia são justamente Kherson, Odessa e Mariupol, que são as cidades com acesso ao Mar Negro.
Na zona exclusiva marítima dessas zonas dizem existem grandes reservas de interesse económico.
 
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mesenga

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Mas a semana passada os preços dispararam com base na cotação do brent, que também disparou. Esta semana diziam que ia acontecer o mesmo, pela mesma razão. Entretanto o preço do barril caiu bastante, portanto, seguindo a lógica, os preços também deviam cair bastante. No mínimo dos mínimos, não aumentar. Caso contrário não vejo qualquer lógica, a não ser roubar os cidadãos.
- Sr. Costa, o preço do barril baixou esta semana, não devíamos baixar os preços dos combustíveis?

- Não seja parvo homem, suba mais 20 cêntimos, que depois eu apareço na televisão a "dezere" que fiz um descontão no ISP para bem de todos os portugueses, no final ficam todos contentes e nós ainda encaixamos mais uns milhões extra!
 

Don Corleone

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Para a Russia a Nato é o potencial agressor contra o qual têm de estar protegidos de preferência com menos recursos. Podemos ou não concordar, mas temos de entender que é a visão deles e por isso não querem que a Ucrânia tenha hipóteses de se juntar á NATO.

É uma solução barbara a invasão, mas faz sentido estratégico como antecipação a uma possível adesão à NATO.
Mas eu compreendo o que dizes.
Mas repara, eles invadem a Ucrania para obterem uma vantagem militar que consideram fundamental para um eventual confilito armado. Então para tal, iniciam eles próprios um confilito armado.

Se outros países tivessem apoiado a Ucrania de forma ativa, então a Russia estaria perante um confilito armado sem a tal vantagem militar, que consideradia fundamental ter… Ou seja, estariam sujeitos precisamente aquilo que queriam evitar, tudo por iniciativa deles.