Sobre o resultado destas eleições, eu quero faço a seguinte análise:
Quando em 2011 Portugal entra num processo de intervenção externa, o povo português dá uma maioria ao Pedro Passos Coelho com um mandato muito simples: sabemos que vais ter que tomar medidas duras, vamos ter tempos difíceis, o que te pedimos é que limpes esta porcaria de uma vez.
O que se passou a seguir foi que houve uma governação ideológica baseada em modelos económicos errados, com uma dificuldade tremenda a fazer um orçamento e a meu ver o maior problema de todos, com um discurso derrotista que em nada podia fazer para alterar este estado de coisas, chegando ao limite de incentivar a emigrar a geração mais bem preparada da história do país e objeto de maior investimento na sua preparação.
Neste sentido, o António Costa aparece com um discurso que é preciso voltar a pôr o país a crescer, baseado no papel do governo. Havia uma grande desconfiança das pessoas face ao passado recente do PS e também algum medo que o "Diabo ia voltar". Ainda assim, claramente insatisfeitos, os Portugueses mantêm o PSD como partido mais votado, mas dão uma maioria à esquerda, como forma de limitar o alcance das políticas que estavam a ser seguidas. Acho que ninguém contava com o passo que o Costa deu a seguir. Fez cair o governo do Passos Coelho e consegue o apoio do BE e do PC, pois sabiam que se não o fizessem, era o regresso da Governação do PSD do Passos Coelho.
As coisas correm melhor do que o esperado, o Diabo não regressa e as pessoas decidem reforçar o a votação na solução (Geringonça). O PS vence, mas fica claro com os quase 10% do BE que não se queria um governo do PS, mas sim um governo de toda a esquerda. Eis que finalmente no ano passado, quer BE quer PC cometem um erro enorme: chumbam um orçamento, não porque fugia dos valores que fizeram aquela união (fim das políticas de direita, repor salários...) mas com base em argumentos que não convenceram ninguém ou pedidos irrealistas, sobretudo num orçamento em que estavam previstos aumentos salariais, ajustes nas tabelas de IRS, aumentos das pensões...
Hoje o povo português mostra claramente que continua a querer um governo de uma linha de esquerda e penaliza fortemente o BE e o PC por esta situação.
O Chega acaba por ficar como terceira força política, sobretudo com base nos votos de descontentamento que em muito foram empolados após uma pandemia que tem sido longa e desgastante. A Iniciativa Liberal cresce com base em ideias políticas que têm muita aceitação em vários sectores da sociedade e com muito foco na iniciativa privada e que não tinha até agora representação no quadro político do país, sendo representada pontualmente em PSD ou CDS.
