É uma percepção errada da tua parte, a direita nunca se opôs aos aumentos salariais, tiveste governos PSD onde houve aumentos no salário minímo(Cavaco Silva e Passos Coelho), a direita opõe sim e com razão à forma como a malta da Geringonça quer aumentar o salário minímo, querendo aumentar o salário minímo por decreto, aproximando assim o salário minímo ao salário médio, nivelando o país para baixo e com o custo de vida a aumentar, daí o poder de compra cada vez mais baixo e estarmos na lista dos países mais pobres da UE, estando apenas à frente da Bulgária. Daí o Rui Rio ter dito à Catarina Martins, que o BE quer acabar com os ricos, enquanto que o PSD quer acabar com os pobres.
Essa última frase é demagogia.
Existem 3 formas básicas de aumentar o salário médio:
•aumentos no salário mínimo, que por inerência irão, numa proporção indireta, alterar o salário médio;
•aumentos diretos na função pública, com alguma repercussão direta no setor privado;
•investimento privado;
Repara que não coloquei "crescimento económico", que parece ser a única coisa que vejo chalupa, Cotrim e companhia usar para solução universal dos males do país. Aquelas palavras só por si são absolutamente inócuas, é um chavão que se perde entre as falácias ideológicas dos vários partidos.
Nos anos anteriores à pandemia, tiveste o maior crescimento económico das últimas duas décadas, e isso não se repercutiu no aumento significativo do salário médio. Porquê? Porque daquelas 3 medidas, o governo apenas adotou a primeira. Aumentaram o salário mínimo em 20%, o médio subiu menos de 10%. A segunda opção teve apenas ajustes de acordo com a inflação, a terceira não depende diretamente do governo, embora existam várias opções a tomar para o encorajar.
Por fim, o chalupa voltou a falar de carga fiscal. Há muito por onde criticar este governo, a carga fiscal não é um desses pontos. Apenas demonstra a sua própria ignorância de como funciona a economia. A carga fiscal em Portugal aumentou, não pelo agravamento de impostos (IRS e IVA até desceram nos últimos 6 anos), mas sim pela estratégia bem conseguida do governo em estimular a economia através do consumo, que criou riqueza e emprego. Mais trabalhadores e mais faturação = mais receita fiscal cobrada. Aliás, foi a TSU a grande motivadora desse crescimento. A relação entre essa receita fiscal e a receita total aumenta, logo a "carga fiscal" aumenta. Ainda assim, continuamos com uma carga fiscal muito inferior aos países mais ricos, o que demonstra que ainda temos muito por onde estimular o consumo, nomeadamente através do aumento de salários.
PS. Não disse que a direita se opõe à subida dos salários. Disse que têm pavor de dizer isso como medida de campanha porque sabem que perderão o apoio do setor privado. É a tal questão cultural que temos em Portugal, que por alguma razão acha que tem de criar um conflito entre workforce e empresas, quando estes deviam ser parceiros mutuamente valorizados.