- "As vacinas não são esterilizantes, não impedem o contágio nem a transmissão...".
Isto é do mais baixo que pode ser dito, por uma supra sumo, médica vejam lá. Dos dados que existem, pode-se dizer que as vacinas podem impedir de facto a transmissão, sim. E consequente, o contágio. Para já nem falar do cenário que se observa no mundo real, na diminuição da doença grave, dos sintomas. É fácil observar no Worldmeters, estamos a ter cada vez menos mortes diárias, há um ano que não tínhamos estes números. E, apesar de que uma morte que seja, já é uma morte a mais, e de que não se devem encarar estes números como apenas isso, números, eles são a provade que efetivamente a vacinação funciona.
Agora, uma explicação mais científica para o que esta senhora afirmou. Sabe-se que estar doente é mais contagioso que do que não estar doente, precisamente por causa da sintomatologia. Se a vacinação minimiza ou elimina a sintomatologia, ou seja a doença, a transmissão num vacinado irá ser portanto muito menor. E mesmo as pessoas vacinadas que sejam infetadas e apresentem sintomas, podem transmitir mas a uma taxa menor. Porquê? Porque a vacina é especialmente eficaz a induzir uma resposta de uma classe de anticorpos específica, os IgGs. E esta reposta de IgGs protege da infeção pulmonar, ou seja, da infeção grave e sintomática. E se protege, menos sintomas, menor capacidade de transmissão. Ou seja, uma pessoa até pode ser contagiada, mesmo vacinada, mas nem saber. E sem sintomas, apesar de estar infetada, ou seja, de ser detetado material genético viral nos testes PCR, irá transmitir menos o vírus, ou até nem transmitir.
Por outro lado, lembram-se que, na altura em que começaram a sair os primeiros resultados dos ensaios clínicos de fase II/III das vacinas, a eficácia destas situava-se na ordem dos 95% (as de RNA) para doença grave, sendo que com a variante delta possa ter baixado um pouco para os 80/90%. Ora, parece que as pessoas se esqueceram disto (aliás, no início toda a gente tinha bem presente a percentagem de eficácia das vacinas e todos queriam as de RNA e tal), e assumem que a eficácia é de 100%. Não é! Mas façamos esta estimativa: transferindo estes valores para uma escala populacional, por exemplo, o número de vacinados completos no nosso país, que atualmente são cerca de 8,8 milhões de pessoas. Se considerarmos o cenário mais otimista, pré variante delta (eficácia de 95%), existiriam ainda assim cerca de 5% de pessoas para as quais a vacina não tinha qualquer eficácia, ou seja, 440 mil pessoas que não estariam protegidas! Isto no cenário mais otimista. Se considerarmos a variante delta, atualmente dominante, este número aumenta para 1,32 milhões de pessoas. Ainda há muita gente suscetível mesmo com vacinação completa. E mesmo assim, mesmo com 80% de eficácia, estas são das vacinas mais eficazes alguma vez produzidas!! A vacina da gripe não atinge nem de perto estes valores.
Vejamos, mesmo com um aumento do número de casos para a ordem dos 2000/3000 mil/dia durante os meses de junho, julho e agosto, o número de internados em UCI manteve-se relativamente baixo, não seguiu a tendência do aumento de casos. Ora, o que poderá explicar isto senão a vacina?
E tendo em conta que não existe, e não irá existir, nenhuma forma de prevenção mais eficaz que esta, é a nossa única hipótese.