Tem cabimento chamar a atenção para a necessidade de não estigmatizar as pessoas que optam por não receber a vacina. Todas as medidas destinadas a um grupo específico de pessoas merecem longa ponderação e cuidado.
Devemos também distinguir entre quem não se vacina e quem não só não se vacina como procura activamente alargar o leque de pessoas não-vacinadas, descredibilizar os programas de vacinação e o conhecimento científico. Essas posições devem ser rebatidas, pois receber a vacina e rejeitar a vacina são duas opções de diferente valor, embora ambas caibam na liberdade pessoal. Receber a vacina tem um valor superior a não receber a vacina. Ou será preferível viver em sociedades onde a maioria recusa programas de vacinação? Os estados devem persuadir os cidadãos a adoptar comportamentos promotores da saúde. E é expectável que os próprios cidadãos tentem influenciar os reticentes ou renitentes a aderir à vacinação. Por algum sentido de cidadania ou solidariedade ou o que quer que seja.
Havia um colega acima que perguntava por que motivo deveria receber a vacina. Se neste momento, com mais de um ano de pandemia, optou por não receber a vacina, apesar de todos os argumentos esgrimidos, é porque já está convicto da sua posição de recusa. Todos os países do planeta desenvolveram programas de vacinação, dos mais democráticos aos mais autocráticos, liberais, ditaduras, do norte ao sul, este a oeste, de todos os credos, níveis de riqueza... milhões de cientistas e profissionais de saúde implicados e favoráveis ao processo, centenas de organizações nacionais, direcções-gerais, ordens profissionais, organizações internacionais... havendo polémicas pontuais quanto à vacinação de crianças ou medidas a aplicar ou... mas não havendo qualquer fractura quanto às vantagens da vacinação... bem, será uma conspiração global? Se, face a isto, alguém persiste em não se vacinar... que não se vacine, está no seu direito. Não se deverá ostracizar quem assim decide. Sendo contudo necessário proteger um esforço desta importância.