É daqueles jogadores que nunca poderiam ter jogado num rival. O amor que o Jardel granjeava na cidade do Porto, eternizado na letra do Carlos Tê, não deveria nunca ter sido beliscado.
Lembro-me do momento em que descobri quando iria embora e lembro-me do momento em que descobri que voltaria ao nosso FCP, como tudo na altura indicava...
Estava no autocarro com a minha mãe - na altura o "1", agora o "500", que fazia a ligação da baixa com a Foz - e foi precisamente no momento em que passávamos em frente ao museu do carro elétrico, que leio, no jornal O Jogo de algum outro passageiro, que o Jardel ia embora para o Galatasaray. Eu, um miúdo, fiquei arrasado e fui abatido até casa. Sabia que era uma questão de tempo, mas não estaria nunca preparado. Era o Jardel! Fui o restante caminho, até à Foz, a olhar vagamente pela janela.
Descobri que ele iria voltar também por mero acaso. Numa qualquer aula de EVT, no meu sexto ano, pedi ao professor para irn à casa de banho. Desci as escadas e, sob a secretária do funcionário daquele piso, o Sr. Rui, estava mais um jornal O Jogo pousado com muita subtileza. Em letras garrafais, pude ler algo como "O Rei voltou", com o Jardel a ocupar a primeira página. Fiquei tão feliz, tão fora de mim, que não tive como exteriorizar toda essa felicidade. Voltei à minha aula de EVT, radiante, naquele que foi o último momento de felicidade que tive com o Super Mario. Foi vetada a sua vinda, como sabemos.
O Jardel era isto. E será sempre mais nosso que de qualquer outro clube, mesmo que o próprio não o assuma. Mas nunca poderia ter ido para Lisboa...