Parece-me redutor considerar a ala progressista irrelevante a nível da governação central. O capital político conquistado pelos elementos dessa corrente é, na realidade, um capital de poder real que é e será usado para influenciar a condução política do país. O Partido Democrata terá de considerar as pretensões dos progressistas e acolher algumas das suas propostas, mantendo naturalmente um programa de governação moderado. Até porque algumas figuras da "esquerda democrata" encontram-se já em lugares de poder efectivo e as suas posições são relevantes no debate e na agenda política nacional.
Nenhum político norte-americano hábil fará campanha contra Israel. Nem deve fazê-lo. E isso em nada diminui a sua capacidade de intervenção/influência política. Figuras como Biden poderão até possuir o perfil mais indicado para conduzir políticas externas equilibradas e gozar de maior margem de actuação, pois terão potencialmente maior capacidade agregadora. Os EUA já elegeram presidentes que procuraram e conseguiram promover acordos entre Israel e as Autoridades Palestinianas, não sendo para isso necessário um líder declaradamente pró-Palestina ou pró-Israel, antes um líder politicamente capaz.
O contexto imediato não parece favorável a um entendimento, mas a solução dos dois estados continua a colher muitos apoios e existem intervenientes moderados... Outros blocos políticos devem também sair da sombra dos EUA e tomar posições claras (terão à partida maior facilidade em fazê-lo).
Os movimentos actuais irão moldar o pensamento futuro, assim que as mulheres, a comunidade asiática e mais tarde africana conseguiram obter direitos no país, mas o processo é longo e demorado, até porque grande parte da população estava contra o status-quo. No entanto, as figuras mencionadas não são "ninguém" dentro do grande mapa político do país. Um extremo faz crescer o outro, e ambas "nasceram" dentro do reinado do Dom Donald.
Resta saber se daqui 10 anos serão sequer relembradas e se sim, como.
Um político a sério, fosse ele americano, europeu ou asiático devia fazer o mesmo a Israel (e Arábia Saudita), o que fizeram a todos os outros países a quem levantaram sanções e/ou cortaram relações por determinadas acções que vão contra os valores principais de um estado democrático. Não podemos dar uma de Vaticano de dizer uma coisa e fazer outra, mas infelizmente é o que fazem.
Infelizmente, um líder de uma grande nação tem de
ser visto anti em determinadas situações para que seja feito um equilíbrio. Não vale a pena entrar em coisas equilibradas e promover acordos de paz se Israel continua a conquistar territórios todos os dias; a construir colonatos cercando (e limpado) as zonas à volta e depois esperar que não sejam atacados.
Aqui a questão nem é o que nasceu antes ou depois, mas sim obrigar um país de cometer genocídios... seja ele no Sudão, no Tibete, no Curdistão ou na Palestina.