Começo por dizer que não pude assistir à entrevista toda. Penso que assisti ao essencial e há algumas coisas que gostava de dizer:
- Concordo absolutamente com o que refere relativamente à situação das tributações sobre os salários. Se quiserem podem facilmente chegar a um qualquer simulador da internet e verificar no vosso caso quanto é que vocês recebem e quanto as empresas pagam a mais. É uma situação que eu defendo à anos que necessita de ser revista. E aqui falo a nível empresarial nacional, e não específico do futebol. E quanto mais alto o salário mais gravosa é a realidade. Alguém para ter um salário líquido de 1200€, custa è empresa mais de 2.000€ por mês. E isto sem referir o facto de as pessoas trabalharem 11 meses e as empresa pagarem 14;
- Concordo também com o que disse relativamente aos adeptos nos estádios. Contudo, acho que podia ter ido mais longe. Falou dos 500 funcionários do FCP. Podia ter referido a quantidade de trabalhos adicionais que gera um jogo de futebol. Desde seguranças, pessoal de limpeza, pessoal nos bares... de forma mais directa, e de forma indirecta, desde fornecedores de todo o tipo de produtos alimentares para os bares, a todos os consumíveis usados num evento desta magnitude. Contudo, fico curioso se alguma vez o FCP apresentou às autoridades competentes um plano específico de segurança para que pudessem haver adeptos nos jogos (desde limitações de lugares, gestão da deslocação dos adeptos, distâncias entre lugares...);
- Sobre as questões das comissões ao filho não bastasse ter mentido com todos os dentes que tinha sobre o filho não receber comissões do clube, relembro que em entrevista passada, quando colocada a mesma questão sobre o papel do filho no clube, ele disse que o filho era agente, que até não era agente de nenhum jogador do plantel principal mas que se viesse com uma proposta que interessasse ao clube, ela seria analizada como a de qualquer outro agente. Fico feliz por saber que os regulamentos mudaram e isso já não é permitido. Isso significa que quando forem publicados novos documentos de transferências pagas pelo Porto a testas de ferro do filho, ele vai ser obrigado a devolver o dinheiro correcto?;
Mais coisas havia a dizer mas vou focar só na parte financeira:
- Se analisarem o
Relatório e Contas Consolidadas 2018/19, mesmo com os quase 81M€ de receitas de prémios da UEFA, o clube necessitou de mais 42M€ em mais valias para apresentar um resultado líquido positivo de 8,5 Milhões de euros. O que quer dizer que sem os prémios da UEFA nem mesmo se as vendas neste mercado de transferências entrassem nas contas da época que finalizou, o clube iria resultados positivos;
- O facto de estar fora do fair play financeiro (o que até acredito que possa ser verdade em pouco tempo) não significa que esteja num situação financeira confortável. Tendo em conta que o fecho de contas continuará a ser o 30 de Junho, iremos provavelmente apresentar perto dos 120M€ de prejuízo, o que levará os nossos capitais próprios a uma situação de perto de 200M de euros negativos. Isto não é avaliado pelo fair play financeiro. Assm como não são avaliadas outras despesas como estádio ou a formação, pelo que um clube pode estar em situação cada vez mais gravosa e a cumprir esta pseudo restrição.