Rui Pinto, fundador do Football Leaks, está detido desde março em Lisboa e concedeu uma entrevista à revista alemã Der Spigel.
Sobre o Natal: “Vai ser duro. Não só para mim, mas para todos cá. Vamos tentar passar um bom momento e esquecer a realidade triste por um pouco. Mas devíamos passar o Natal com as pessoas de quem gostamos. Mesmo assim, às vezes temos que fazer sacrifícios”
Definição de hacker: “Não me considero um hacker. Para mim isso é entrar num sistema informático com más intenções e explorar isso. Nunca fiz nada disso.”
Football Leaks está parado. Não haveria mais pessoas? “Sejam pacientes. É verdade que eu era o rosto do projeto. Mas vamos ver o que vai acontecer no futuro.”
Pormenores da investigação: “Um exemplo: há um disco rígido que foi criado por outra pessoa em Sarajevo. Infelizmente, quando fui detido, tinha-o comigo porque queria fazer cópias. As autoridades atribuem-me muitos crimes que não foram cometidos por mim. Mas não vou denunciar ninguém.”
Expectativas para o julgamento: “Duvido que vá ter um julgamento justo. Acho que o caso vai chegar ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, porque Portugal não está preocupado em proteger os denunciantes. Se um editor de um jornal diz que sou um criminoso não me queixo, é liberdade de imprensa. Só peço uma análise honesta a tudo o que o Football Leaks alcançou. E, até agora, não tem sido.”
Uma promessa para o futuro: “Continuo com vontade de combater o crime no futebol. Um dia vou deixar a prisão e vou falar em conferências e publicar artigos. Precisamos de mais regulamentação. A Comissão Europeia tem de intervir, só este ano é que a UE passou a vigiar a lavagem de dinheiro no futebol.”