Após três anos desde a sua estreia no FC Porto e a realização de 67 jogos, Gonçalo Borges marcou o seu primeiro golo em competições oficiais, num momento cheio de emoção que o levou às lágrimas, já depois de celebrar com os colegas e com um gesto que não teve nada de provocador em relação ao público no Dragão, especialmente porque já tinha utilizado o mesmo gesto (mão junto a uma das orelhas) em golos que marcou pela equipa B.
Analisando os números, pode parecer uma eternidade, mas é importante notar que o extremo contabiliza apenas 1116 minutos (um pouco mais de 12 jogos completos) em campo com a camisola principal. Considerando também as cinco assistências que realizou, a verdade é que ele contribui com uma ação decisiva a cada 186 minutos. O golo contra o Estrela representou a realização de um sonho de infância, após um período complicado que conseguiu superar, tal como o seu colega Otávio, com o apoio dos psicólogos que o clube disponibiliza. Mas não apenas isso.
“Tenho trabalhado arduamente nos treinos, e no que diz respeito ao extra-futebol, mas o golo e as lágrimas acabam por ser um reflexo do que eu e a minha família temos vivido”, confessou no final do jogo. Para além do apoio profissional, que o ajuda a gerir as suas expectativas, Gonçalo, como é do conhecimento de O JOGO, contratou um “personal trainer” com quem treina diariamente após as sessões de equipa no Olival. Este esforço extra permite-lhe, por exemplo, ser um dos jogadores mais rápidos, que salta mais alto e que tem a menor percentagem de gordura de todo o plantel sob as ordens de Vítor Bruno. Os cuidados com a sua alimentação – segue um plano rigoroso elaborado por um nutricionista – também têm contribuído para que Gonçalo se apresente na sua melhor forma.
O uso das redes sociais, como se tem observado nos últimos tempos, foi reduzido como forma de proteção. O trabalho principal, no entanto, é mesmo o que realiza com os dois psicólogos do FC Porto. Gonçalo Borges tem a maior parte dos seus familiares em Lisboa – chegou a residir na casa do clube – e tem consciência de que não é fácil ser jogador profissional com a sua irreverência, sentindo a necessidade de um apoio extra fora do futebol. O mercado de verão, no qual teve um pé no Estrasburgo, também acabou por influenciar o seu desempenho, como Vítor Bruno reconheceu. Com isso já ultrapassado, Gonçalo espera que este golo seja o primeiro de muitos e que seja um impulso para uma segunda metade da época com mais minutos de jogo.