Futebol

Tondela 0 – FC Porto 0: “Nulidade absoluta”

 

Porto: Casillas; Layún, Felipe, Boly, Alex Telles; Ruben Neves, André André, Brahimi, Otávio, André Silva e Depoitre.

Grandes novidades no 11 inicial do Fc Porto. Nuno Espírito Santo regressou ao 4x4x2, com Depoitre ao lado de André Silva (aposta que era esperada) mas alterou (bastante) a composição do meio-campo.
Os motivos para o efeito podem estar relacionados porque o treinador não gostou da prestação dos elementos do meio-campo que jogaram vs Copenhaga ou porque sentiu necessidade de rodar para refrescar a equipa.
Certo é que no papel o 11 parecia ser ofensivo e indicava um Porto dominador.

1ª parte
O Porto foi de facto dominador, teve mais tempo de posse de bola. Mas foi o Tondela que consentiu tal domínio e valha a verdade durante a 1ª parte, a posse de bola foi absolutamente inconsequente. O 4x4x2 ou 4x1x3x2 sem velocidade e sem jogo pelos corredores não faz mossa a ninguém.

Uma vez mais, Nuno Espírito Santo insistiu na tendência de colocar Brahimi e Otávio, os homens dos corredores a protagonizar movimentos interiores, obrigando os laterais a percorrer todo o flanco, a dar largura ao jogo ofensivo.

O Porto limitou-se a apostar na profundidade, no pontapé para a frente, esperando que Depoitre e/ou André Silva conquistassem algumas bolas na frente.

O resultado foi confrangedor. Raramente critico um onze, uma aposta do treinador até perceber a ideia, a intenção que este tem para a partida. Mas a verdade é que no 1.º tempo não tivemos ideias, não tivemos um construtor de jogo.

O ritmo de jogo foi baixo, o Porto voltou a jogar lento e de forma previsível, como aconteceu na Quarta-feira.
Poderão dizer… o criativo ficou no banco mas eu pergunto: Otávio e Brahimi não eram suficientes para desequilibrar? Efectivamente não foram. E quando a dupla da frente insiste em decidir mal (André Silva) ou ter “medo” de finalizar/meter o pé (Depoitre) fica tudo mais difícil.

Poderia criticar o árbitro pelo critério que utilizou mas isso só serve para nos desviar do essencial: o Porto não existiu nos primeiros 45 minutos. Teve 2 ou 3 lances de perigo, aos quais Depoitre não conseguiu corresponder.

A má tomada de decisão dominou os lances protagonizados por Brahimi, André Silva, entre outros.
O Tondela apostou no anti-jogo, nas faltas consecutivas e na entrega das despesas do jogo ao adversário. Nenhuma novidade nas equipas orientadas por Petit. O Porto sabia que ia ser assim. Não há desculpa.

2ª parte

O segundo tempo só começou verdadeiramente quando Óliver entrou em campo (para o lugar de Brahimi).
A toada do encontro manteve-se: domínio do Porto mas agora havia um criativo digno desse nome que durante a meia hora que jogou “deu” 3 golos aos avançados. André Silva por duas vezes e Adrián na cara do guarda-redes falharam sempre. Também Layún em esforço conseguiu cruzar para a cabeça de Depoitre mas o Belga falhou completamente a bola e esta saiu por cima.
Casillas evitou um golo e o Porto teve no último quarto de hora as referidas 3 oportunidades claras para marcar. Não marcou. Fomos novamente ineficazes. Mas foi aqui, nestes últimos 15 minutos que perdemos o jogo? (este empate é uma derrota, obviamente) Ou não ganhamos o jogo? (para ser mais preciso)…

Não, claro que não.
Começamos a perder o jogo pela atitude demonstrada na 1ª parte e por jogarmos devagar, devagarinho e parados.
Depois, parece que o Porto desaprendeu de jogar nos dois últimos jogos. O jogo frente ao Vitória foi muito bom e a partir daqui o gás perdeu-se. Copenhaga e Tondela são exemplos dos males de que padece o Porto. Muita dificuldade em assumir as despesas do jogo, em criar lances ofensivos, ter criatividade e beleza no jogo.

E isto é fácil de explicar: mesmo em 4x3x3 o Porto de Nuno Espírito Santo nunca aposta em extremos puros. Os extremos fazem sempre movimentos interiores, arrastam os defesas consigo, o que acarreta um aglomerado de jogadores na zona central do campo e quantas mais pernas existem, mais difícil fica para colocar o passe no colega.

Os flancos? Ficam para os laterais que têm jogar TODAS as partidas, sem descanso, porque a lesão do Maxi assim o obriga e fazer constantes “piscinas” no decorrer dos noventa minutos. Como não há pulmão para tudo, sucedem-se cruzamentos da quina da área em vez de irmos à linha cruzar para trás, facilitando a tarefa de quem ataca e dificultando a missão de quem defende.
Ora, se é indiferente jogar em 4x3x3 ou 4x4x2 porque as ideias são exactamente as mesmas, se não adianta mudar o nome dos protagonistas porque o resultado é igual, então sou obrigado a perguntar ao treinador se acha que o seu modelo de jogo tem hipótese de resultar a médio/longo prazo.

E quero salientar que não considero o treinador o principal responsável pelo mau momento que atravessamos mas entendo que podemos exigir ao treinador um futebol com mais qualidade do que aquele que apresentamos nos dois últimos jogos. Pelo menos ideias diferentes, aproveitando as qualidades de cada jogador.

Positivo:
A estreia de Boly. Depois de tantas críticas… tenho de reconhecer que fez um bom jogo e a estreia foi positiva
Óliver. Em 30 minutos demonstrou que é um jogador diferenciado e consegue pôr a equipa a jogar mesmo com pouco espaço.

Negativo:
A equipa do Fc Porto. Falta de atitude e exibições falhadas do ponto de vista individual e colectivo. Não quero individualizar ninguém porque seriam tantos com nota negativa que poderia ser considerado anti-Porto e não quero “destruir” nenhum jogador da minha equipa.
O modelo de jogo. Não é do meu agrado. Não é um futebol agradável de se ver. E não está a dar resultado porque os adversários já perceberam como o Porto joga. E não é com o sistema que o “disco” muda. O disco é sempre o mesmo seja em 4x3x3 ou 4x4x2 e ao fim de 5/6 jogos o nosso jogo tornou-se previsível. Nuno tem de perceber que os extremos servem para dar largura ao jogo!

Normalmente analiso cada jogador mas em jeito de protesto, hoje, não o faço. Hoje não merecem. Os jogadores sabiam que tinham de ganhar e não fizeram nada para isso, exceptuando os últimos 15 minutos. Fomos uma nulidade absoluta (excluindo os jogadores acima referidos).

Mais do que triste estou revoltado. Este não é o meu Porto! A evolução negativa desde o jogo de Guimarães deixa-me profundamente apreensivo. Nós, adeptos, não merecemos isto!

por Jorge_Dragao_Aveiro