Formação

Sub 19 encantam observadores do futebol europeu

A final-four da Youth League foi uma boa oportunidade para que scouts dos quatro cantos da Europa observassem aquilo que se faz de melhor em termos de formação ao nível de clubes, testando-se uma vez mais várias escolas, desde as versões mais físicas do Chelsea e do Manchester City, às mais tecnicistas do Barcelona e do FC Porto.

Foi essencialmente virado para os azuis e brancos que O JOGO foi à procura de perceber quem mais deu nas vistas, batendo a várias portas – a maioria manteve-se para não deixar vazar informação confidencial – até chegar à conversa com Des Taylor, scout do Bournemouth, que aceitou levantar a ponta do véu. “Conhecemos a grande maioria dos jogadores através de observações que já fizemos antes. Mas há dois que se destacaram contra o Chelsea, como o 5 [Justiniano], que é muito bom, e o 8 [Rui Pires], que também é excelente. O Diogo Costa é outro jogador que apreciamos, cometeu um erro no primeiro golo, mas é um guarda-redes que tem uma capacidade tremenda entre os postes e que defende muito bem”, destacou. “Os da frente, o 9 [Irala], o 20 [Madi Queta] e o 13 [Romário Baró] assentam muito bem o seu futebol nas qualidades técnicas que têm. Misturam essa capacidade com velocidade, explosão, mudanças de velocidade e dribles, o que se revelou complicado para o Chelsea anular”, explicou, apontando características próprias de cada escola que os clubes tentam contrariar para acrescentar nuances de fantasia ao jogo que o futebol britânico, por exemplo, não tem no seu ADN. Para isso, o Chelsea conta no plantel com jogadores como o português nascido em Londres, Marcel Lavinier; o holandês de origem dominicana Familio-Castillo; ou Redan (holandês com origens no Suriname).

Na bancada, entre convidados da UEFA como Éric Abidal (ex-Barcelona), ou Gaizka Mendieta (ex-Valência), também se guardaram impressões positivas dos jogadores do FC Porto. “O 10 [Moreto] foi a torre de controlo deste jogo, fez um jogo enorme. O 8 [Rui Pires] também é muito interessante, fez-me lembrar um pouco o Busquets do Barça, na saída de bola, tão boas foram as decisões que tomou. Bem colocado, muito concentrado, a defender adivinhava onde a bola ia aparecer, foi perspicaz. Mostrar tudo isso nesta idade é muito importante!”, vincou Abidal, antigo lateral de eleição, também na seleção francesa. “Têm aqui jogadores muito bons, como o 13 [Romário Baró], o 10 [Moreto], o 7 [Mamadu Lamba] e o 19 [Diogo Bessa]. O FC Porto, como sempre, está a fazer um trabalho muito bom ao nível da formação”, acrescentou Mendieta.

A maturidade é outro aspeto que impressionou, e muito, Abidal: “A filosofia da formação portuguesa, em geral, é bem conhecida. Viu-se um FC Porto bem organizado, que trabalha muito e bem com bola. Conseguiram gerir o jogo com o Chelsea quase a seu belo prazer.” Des Taylor, do Bournemouth, concordou com o francês: “A este nível há muito poucas diferenças entre as equipas, organizam-se bem de forma a anular os pontos fortes do adversário.”