Futebol

Sporting – FC Porto (2-1). “Explosão e Implosão”

Explosão e Implosão: Sporting 2-1 FC Porto

Quando na 1ª jornada disse que jogadores e treinador seriam os últimos a ouvir qualquer tom crítico da minha parte estava a falar a sério. Questionar opções táticas e substituições é normal, também o faço. Vão haver sempre jogos mais e menos conseguidos, jogadores mais e menos em evidência. Normal, é o futebol e não somos propriamente o Barcelona ou o Bayern. Temos que aceitar isso com perfeita naturalidade, pois um campeão também se faz de derrotas, não tendo o atual campeão perdido 3 dos 4 clássicos no ano passado.

Já quase é tradição entrar com menos esperanças para um jogo em Alvalade do que para um jogo na Luz. De uma maneira ou de outra vai sempre algo correr mal.

Mas o FC Porto decidiu não respeitar a tradição e entrou no jogo como tinha entrado na última 4ª feira. Mandão, pressionante e decidido. Foi assim que descobrimos muitos espaços na defensiva leonina e chegamos justamente a uma vantagem. Só que o Sporting não é um adversário qualquer, como 1 dos 3 candidatos ao título de campeão nacional e a jogar em casa reagiu, e bem, à desvantagem no marcador.

Só que entre reagir bem e subitamente estar em vantagem com 2 golos ilegais ainda vai alguma distância.

Chamem-lhe andebol, basket ou volley, só não lhe podem é chamar futebol. São dois golos claramente ilegais que se num jogo normal já condicionariam imenso, imaginem como se sentiram os jogadores ao ver isto decorrer num dos quatro jogos mais importantes a nível nacional de clubes.

Mais: a agressividade é boa se for sinónimo de pressão e esforço. Se for sinónimo de cotoveladas – uma não assinalada foi seguida do golo do empate – e entradas à canela tem um bom remédio que é o cartão vermelho. A perfeita comparação é o jogo em Roma. 
Por outro lado, a única comparação que se pode fazer entre os dois árbitros é que são ambos internacionais.
No Europeu só ganhamos à Polónia nos penalties, em termos de arbitragem eles ganham-nos à goleada. Num país onde o clube mais forte é o Légia, que coincidentemente é adversário do Sporting na Liga dos Campeões. 

Mesmo assim, conseguimos reagir minimamente bem à reviravolta e só não empatamos porque o poste e a defesa do Sporting (particularmente o Ruben Semedo que tem qualidade inegável) iam afastando o perigo. 
Chega o intervalo e há claramente uma sensação mais do que injustiça, de impotência. Como lutar contra algo que pode fazer o que quer sem repercussões algumas? Para piorar a situação, Corona sai lesionado ao intervalo e a equipa sentiu falta da sua irreverência no resto do jogo.

A 2ª parte foi controlada pelo Sporting, não há que negar o óbvio. As substituições não trouxeram nada de novo à equipa, apesar de algumas movimentações interessantes do Depoitre que ainda incomodaram o adversário. Mas engane-se quem diga o contrário, o FC Porto reagiu no início da 2ª parte e mais uma vez cortaram-nos as pernas. 
Grande passe de Layún e quando André Silva se preparava para o 1v1 contra o Rui Patrício, sobe a bandeirola de fora-de-jogo. Em questão de dúvida beneficia-se o ataque. Neste jogo foi mesmo em dúvida, prejudica-se o FC Porto. Também não há como negar.

Se alguém tiver provas que o Casillas, ex-capitão de Real Madrid e da seleção espanhola, alguma vez chegou a uma flash-interview/conferência de imprensa tão revoltado com a arbitragem como ontem que se chegue à frente, por favor. 
Descobriu que o futebol português tem sempre um cheirinho a wrestling. Toda a gente gosta de ver o espetáculo sabendo simultaneamente que é tudo uma grande farsa. Este jogo é só mais um baluarte.

Nem tudo estava bem depois de Roma, nem tudo está mal depois de Alvalade. Há muitas situações de jogo a melhorar, rotinas a aprimorar e reforços por chegar e adaptar. Mas isto tem que ser tratado dentro do clube. O resto que nos fez perder este jogo tem que ser tratado para fora e se não fosse pedir muito com mais algo do que publicações em redes sociais e newsletters. 

Acham que o mentiroso do Bruno de Carvalho está interessado na verdade desportiva como tanto tem defendido? Claro que não!
Se a arbitragem fosse 50% inversa o que já se tinha dito, as capas de jornais eram totalmente diferentes e os comunicados eram de hora a hora. Chega-se ao ridículo que o clube que não ganha o título há 14 anos e chora mais do que qualquer outro goze com o nosso nas redes sociais.

Mas nós também permitimos isto. Se eles nos tentam explodir, nós nos últimos anos parecemos peritos em implosões. Em silêncio e conformismo. Em só falar quando é tarde demais. Em preferir queimar treinadores e jogadores quando o verdadeiro inimigo está do outro lado a rir-se da nossa cara! Em sermos bons rapazes! Basta!

Eu não quero ser um bom rapaz. Eu não quero ter o respeito daqueles que nos querem ver goleados, daqueles que olham para nós de lado.
Se há algo que eles nunca vão entender – até pela maneira “insultuosa” (para eles) como nos chamam tripeiros – é o nosso orgulho em sermos diferentes, em sermos tripeiros, em sermos do FC Porto.

Pela festa ontem parecia que já tinha tudo terminado. São 3 pontos de desvantagem para o líder da WWE/Liga NOS quando faltam 31 jornadas para o fim do mesmo.
O caminho faz-se caminhando.

por Nuchae