Manuel Machado descobriu Soares e fala de um avançado mais útil à equipa do que Mitroglou e Bas Dost. Recorda que só teve de melhorar alguns aspetos táticos para o tornar um jogador de elite.
Soares tem mostrado uma eficácia como ainda não se tinha visto no futebol português, onde chegou na temporada de 2014/15 para representar o Nacional. O avançado brasileiro precisa cada vez de menos tempo para marcar e os números que apresenta no campeonato não deixam margem para dúvidas: se com a camisola da equipa madeirense marcava um golo a cada 231 minutos, melhorou o rendimento no início da presente temporada quando assinou pelo V. Guimarães; pelos minhotos, festejou um golo a cada 205 minutos. A eficácia voltou a melhorar no campeonato – a única prova que dá para comparar, porque não jogou pelo FC Porto na Taça de Portugal e na Taça da Liga -, marcando um golo a cada 77 minutos. São já 11 golos na I Liga em apenas 856 minutos, isto quando, pelo Nacional, precisou de mais do triplo do tempo para chegar aos 12 golos. Falta, portanto, um golo para igualar o registo que conseguiu pela equipa madeirense.
Manuel Machado, treinador que descobriu Soares, não está surpreendido com o crescimento do avançado. “Há uma característica permanente: a grande humildade e permeabilidade à aprendizagem que o atleta apresenta. É um jogador discreto e sempre disposto a aprender e a trabalhar. Havendo talento, como acontece, surge o sucesso”, destacou Manuel Machado, em declarações a O JOGO. E como via que Soares tinha tudo para melhorar, o antigo treinador do Nacional corrigiu alguns aspetos. “Só tínhamos de dar-lhe o ritmo adequado ao futebol europeu, concretamente o português, que é muito mais rápido do que o sul-americano. E tínhamos de trabalhar o aspeto tático, porque o jogador estava um bocado perdido no campo. Mas face às características que tem, até porque atleticamente é sobredotado, mas também porque do ponto de vista físico/atlético é excelente – tem velocidade, resistência e força -, havia que melhorar a parte tática”, revelou.
Afinal de contas, o que havia para melhorar? Manuel Machado esclarece. “Foi só necessário corrigir movimentos que tinha menos corretos no último terço do terreno. Ainda hoje manifesta algo nesse sentido. É um jogador que não permanece na área, que joga num raio de ação muito largo e muitas vezes acaba por se desposicionar”, justifica. O trabalho, pelos vistos, foi fácil. “Insistimos para que não o fizesse de uma forma tão constante, porque muitas vezes, jogando sozinho na área, o que não é o caso no FC Porto, acabava por cozinhar para ninguém comer, ou seja, não adiantava ir para a linha lateral ou junto à bandeirola de canto e depois cruzar para uma uma zona onde não estava ninguém, ou onde deveria estar ele. Jogando com dois avançados, esse desposicionamento não tem grande problema”, destaca, recordando que, no FC Porto, tem jogado quase sempre com André Silva ao lado.
E porque sempre viu um Soares a quem “a bola nunca atrapalhou e que sempre teve uma boa relação com ela, tanto ao nível dos pés como de cabeça”, Manuel Machado considera até que o dianteiro portista é mais útil do que os avançados do Benfica e do Sporting. “O Mitroglou e o Bas Dost são jogadores mais posicionais e de área, enquanto o Soares, para além de ter essa capacidade de aparecer nesse espaço, joga num raio muito mais largo e acaba por ser muito mais útil à equipa na fase de construção dos movimentos ofensivos”, compara.
(fonte ojogo.pt)