Futebol

Sérgio Conceição: “Quiseram colar-me o rótulo de pessoa conflituosa e intempestiva, mas isso não corresponde à verdade”

Momentos de boa disposição intercalados com momentos mais sérios, em que Sérgio Conceição não deixou de dizer que, apesar do título já estar assegurado, o jogo da 34.ª e última jornada da Liga NOS, frente ao Vitória de Guimarães, é mesmo para ganhar. O treinador dos Dragões “fintou” a questão dos possíveis 88 pontos, atingidos em caso de triunfo, e que dariam um novo máximo histórico ao clube, admitindo que esse nunca foi o seu discurso.

Para lá disso, na conferência falou-se também na importância deste título para o contexto do clube e da influência que o próprio treinador teve nessa conquista, o mesmo que acabou por confirmar que foi o “grande desafio” que o fez aceitar o desafio do FC Porto.

Recordes à parte, o jogo é para ganhar
“Os recordes passam-me ao lado. Representamos o FC Porto e isso por si só merece o maior respeito. Por isso queremos dignificar o clube. Ganhar faz-nos atingir essa marca histórica dos 88 pontos, mas não passa disso. Nunca fez parte do meu discurso e não ia apelar a isso agora. Preparo o jogo para ganhar, não para bater marcas. O ADN, a mística, o jogador à Porto é a ambição, determinação, é exigência, disciplina e rigor. É isto. O que foi o FC Porto este ano não se pode perder neste último jogo. Temos um jogo com um clube que eu gosto, conheço e ao qual desejo um futuro muito risonho. É verdade que o ambiente na preparação está um pouco diferente, mas cabe-me a mim, como treinador, garantir que tudo é preparado da melhor forma.”

A euforia em torno do treinador
“Já tive tarjas negativas. Não aqui, mas isso faz parte do futebol. Não tenho que garantir nada. Sempre disse e vou continuar a dizê-lo. Tudo que seja mercado, saídas de jogadores ou treinadores, ficam à porta do Olival. Não quer dizer que não estejamos já a pensar na próxima época, mas a verdade é que fica tudo à porta. Não é importante, nem quero falar sobre isso.”

Felipe e mais 10 em Guimarães
“Não posso garantir que jogam certos jogadores porque não faz parte da minha comunicação ou gestão. Nunca fiz isso, à exceção de um ou outro. O Felipe, por exemplo, posso dizer que vai jogar.”

O desafio FC Porto
“Foi algo importante. Foi o desafio do FC Porto não ganhar nada há quatro anos que me fez não hesitar. Gosto de coisas difíceis e foi por isso que vim. Não sabia como as coisas funcionavam. Se bem ou mal. Desde o Departamento de Comunicação, Médico ou o Marketing. Comigo funcionou à minha maneira e acho que conseguimos meter todos no mesmo barco. Gostava de agradecer a essas pessoas, que estão connosco todos dias, porque lidar comigo não é nada fácil.”

Aprender e ensinar
“O que eu fiz nos sete anos como treinador foi trabalhar e dedicar-me, de forma a ter consciência que era capaz de levar este barco para a frente quando o momento chegou. Por isso disse que vim para ensinar e não para aprender. A partir do momento que sou treinador do FC Porto tenho um grupo que pretendo ensinar, mas é óbvio que também fui aprendendo todos os dias. É mau sinal quando assim não é. Esse processo faz parte do ser humano e no futebol também é assim. De uma simples conversa tiramos o melhor de um jogador.”

A estabilidade emocional e os rótulos
“Nós vamos aprendendo com o que vamos fazendo. Vamos amadurecendo no que somos como pessoas e no trabalho. Foi unânime dizer-se que o FC Porto teve uma grande força mental e anímica. O que foram as minhas antevisões dos jogos em momentos difíceis…vocês tiveram oportunidade de ver um Sérgio com a tranquilidade necessária para as enfrentar. Por vezes coloca-se rótulos às pessoas que convêm passar e que não se sabe de onde vêm. Isso aconteceu comigo duas ou três vezes: passarem uma imagem de conflituoso, de pessoa que perde as estribeiras facilmente. É verdade que vivo de forma apaixonada a profissão, tenho uma grande vontade de ganhar, mas isso não tem que passar o limite da arrogância. Tudo isto faz com que se colem rótulos enganadores.”

Primeiro o jogo, depois a próxima época
“Nesta casa temos que pensar no que está para vir. No próximo jogo, no próximo Campeonato. Vou-vos confessar que falei com os capitães e o Héctor Herrera confessou-me que as pessoas que passam por ele lhe pedem para ganhar no sábado. O nosso foco é o próximo jogo e depois, claro, preparar da melhor forma a época que aí vem, sempre com o intuito de ganhar.”

Os parabéns às equipas B e Sub-19
“Já tive a oportunidade de dar os parabéns ao João Brandão e ao Folha. Há uma empatia e uma comunicação entre nós e isso foi importante para que alguns jogadores chegassem à equipa principal. Houve sempre esta boa relação.”