O advogado de Rui Pinto e a associação de denunciantes para África garantem que o hacker português é o denunciante da investigação jornalística Luanda Leaks, que revelou os 715 mil documentos que expuseram muitos negócios da empresária Isabel dos Santos. O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), por sua vez, disse que Rui Pinto “tomou a atitude certa” ao revelar os documentos.
“A fonte dos Luanda Leaks é o denunciante Rui Pinto”, avançou esta segunda-feira em comunicado a PPLAAF, que garante que a revelação dos documentos “não teve uma motivação política”.
Também o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) veio hoje a público elogiar o trabalho de Rui Pinto: “Os documentos tiveram origem num cidadão preocupado, alguém que tomou a atitude certa pelo interesse público”, segundo o diretor do ICIJ, Gerald Ryle.
A Plataforma PPLAAF aponta que desde a publicação dos Luanda Leaks, a “consultora PWC anunciou que uma investigação interna está a ser conduzida e que deixou de trabalhar com certos indivíduos e empresas relacionadas como o esquema. EuroBic, um banco sediado em Lisboa com Isabel dos Santos como a maior acionista, disse a 20 de janeiro que estava a terminar a sua “relação comercial” com ela”.
“Apesar de ter extensos recursos naturais e uma economia em rápido crescimento, Angola permanece um dos países mais pobres no mundo, com elevadas taxas de desigualdade e corrupção alargada”, disse a PPLAAF.
“José Eduardo dos Santos foi presidente de Angola de 1979 a 2017. Durante a sua presidência, a corrupção foi endémica, e ele foi regularmente acusado de enriquecer a sua família, incluindo através de nepotismo. A sua filha foi apontada presidente da Sonangol, a petrolífera angolana, e o seu filho presidente do fundo soberano de Angola”, acrescenta.
A investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) fez várias revelações sobre os negócios da empresária angolana, a partir de 715 mil documentos. Esta operação contou com a participação de 6 meios de comunicação social de 20 países, incluindo o jornal Expresso e a televisão SIC em Portugal.
O diretor do ICIJ aponta que a “revelação deste material à PPLAAF, que por sua vez o entregou aos parceiros do ICIJ, providenciou provas indisputáveis de miséria desnecessária que foi infligida ao povo de Angola, e aos facilitadores que ficaram ricos ao ajudar”, segundo Gerard Ryle.