Ion Timofte destacou-se no FC Porto e no Boavista, contabilizando 80 golos no total pelos dois emblemas. O seu brilho era mais evidente nos confrontos da Invicta, onde foi uma figura central nos axadrezados, durante seis temporadas.
Este jogador é uma figura marcante nos clássicos entre FC Porto e Boavista, representando o símbolo do dérbi da Invicta nos anos 90, tendo jogado três épocas pelos dragões e seis pelos panteras. Com uma classe inigualável em cada partida, o médio conquistou o coração dos adeptos de ambos os clubes. Estamos a falar de Ion Timofte, um talentoso romeno que se destacou em Portugal, apresentando uma categoria inigualável com golos memoráveis, passes notáveis e movimentos únicos. Os livres que marcava eram de uma qualidade extraordinária. Em Portugal, contabilizou 36 golos pelo FC Porto em 97 jogos, e mais 44 em 174 partidas no Boavista. Participou em 20 dérbis, 11 dos quais a jogar no Bessa e nove nas Antas. Não deveria ter deixado o futebol no ano anterior à conquista do título pelo Boavista.
“Lembro-me de ter chegado no verão de 91, o FC Porto tinha uma grande equipa, repleta de excelentes jogadores que eram campeões europeus. Foi muito fácil integrar-me naquele grupo, de pessoas boas e verdadeiros craques. Para mim, foi um pequeno choque, pois vinha de uma realidade diferente, de um clube pequeno na Roménia. Tive de me adaptar e lutar pela vida. Passei três anos de grande sucesso e golos decisivos, como em Aveiro e na Luz. Conquistámos dois títulos e uma Taça de Portugal”, recorda, antes de se lançar em um novo capítulo na Invicta. “Vivi o Boavista como o quarto grande, que hoje é o Braga. Foi um período maravilhoso, que durou seis anos e que resultou em uma Taça. Tive grandes momentos. Acredito que os adeptos de ambos os clubes me recordam com carinho”, afirma Timofte, que agora se encontra afastado da realidade de ambos os clubes e dos jogadores que se preparam para mais um dérbi. “Aproveito para enviar um grande abraço a Pinto da Costa e a Valentim Loureiro, dois grandes presidentes. Lamento os escassos recursos do Boavista, que não pode, infelizmente, ter campeonatos mais tranquilos. No FC Porto, ninguém pode apagar o que Pinto da Costa fez, por tudo o que conquistou. Mas a vida é assim, é preciso dar lugar a outros e desejo toda a sorte do mundo a André Villas-Boas, que consiga conquistar os títulos que a massa associativa deseja”, ressalta Timofte, ignorando a atualidade.
Com o romeno, a memória é uma bênção, tendo sido um dos jogadores que mais embelezou o campeonato português ao longo dos anos. Começa por abordar as emoções do dérbi, conhecendo as exigências e vibrações de ambos os lados. “Era um grande jogo, muito aguardado durante a semana pelos adeptos. Lembro-me de alguns dissabores do FC Porto com o Boavista quando jogava nas Antas. Eles tinham João Vieira Pinto, Marlon e Ricky. Quando passei a jogar pelo Boavista, tinha uma grande motivação, pois do outro lado eram todos amigos. Tinha boas relações com eles, mas quando chegava o jogo, era uma história diferente! O meu ex-companheiro de quarto, Vítor Baía, teve dissabores. Brincávamos em campo com tudo isso, eu era profissional e fazia tudo pelo Boavista”, recorda o romeno, que fez cinco golos ao FC Porto e apenas dois ao Boavista. Os títulos, por outro lado, foram mais abundantes do lado azul e branco, e Timofte despediu-se do Bessa na época 99/00. O título histórico surgiu na época seguinte. “Sempre me perguntam isso! Foi preciso sair para que se tornassem campeões. Tínhamos estado muito perto antes, não fosse um jogo em Faro. Tinha deixado de jogar, mas fiquei muito feliz, sinto que contribuí e acabei por estar no jogo da consagração com o Aves. Foi uma grande festa, não participei nos jogos mas estive nos festejos”, brinca o romeno, que agora tem 57 anos.
Livres e os diálogos com o amigo Sánchez
“As cobranças de livres eram simples. Cada um sabia o que tinha de fazer. Mais perto da área, eu marcava, em jeito, e ele tinha um remate mais forte, chutava de mais longe. Nunca houve desentendimentos; o entendimento era fácil, e também procurávamos servir quem era exímio no jogo aéreo, como Litos, Pedro Emanuel ou Isaías.”
As grandes ligações que nunca faltaram
“Um jogador com quem eu gostava muito de jogar era o Quevedo, um defesa-esquerdo de grande capacidade física e muita velocidade. Mesmo quando era ultrapassado, conseguia recuperar. Era verdadeiramente rápido. Mas também recordo os entendimentos táticos com o Hélder. No FC Porto, jogava mais com o André e o Jaime Magalhães. Foi sempre fácil jogar ao lado de grandes jogadores.”
A visão de Pacheco e Manuel José
“Tive uma ótima relação com todos os treinadores e joguei com todos, mas sinto que os que melhor aproveitaram as minhas qualidades foram o Manuel José e o Jaime Pacheco, pois permitiam-me defender um pouco menos para estar mais fresco quando a equipa tinha a bola e era necessário coordenar as jogadas ofensivas.”