FC Porto

Pereira da Costa explica contas da SAD do FC Porto: “Apesar do crescimento positivo, o resultado acaba por ficar próximo de zero”

Período em análise: “Nota introdutória para contextualizar: os resultados apresentados referem-se ao intervalo entre 1 de julho de 2023 e 30 de junho de 2024. Esta Administração tomou posse em 28 de maio, e este exercício corresponde a 11 meses da Administração anterior e a 1 mês da atual.”

Crescimento, apesar do resultado negativo: “Mensagem encorajadora: houve um crescimento em todas as linhas de receitas operacionais, especialmente nas receitas comerciais. Apesar do crescimento, o resultado final aproxima-se de zero, tal como no exercício anterior. Os resultados provenientes da transação de passes de jogadores não são suficientes para cobrir os custos financeiros, que são bastante elevados e aumentaram. Assim, apesar da melhoria, a situação continua a ser bastante negativa.”

Explicação das contas: “A atividade de uma SAD consiste na atividade operacional, que inclui as receitas principais, recorrentes e operacionais da SAD, como os direitos de transmissão e as receitas da UEFA, juntamente com os custos. No caso do FC Porto SAD, o resultado operacional nos últimos anos tem-se situado próximo de zero. A outra atividade relaciona-se com a transação de passes de jogadores. A combinação entre as vendas, os custos de vendas e as amortizações resultou num resultado positivo de 9 M€, ao contrário do ano anterior, que tinha sido negativo. Observou-se crescimento em todas as linhas de receitas operacionais. As receitas provenientes das competições da UEFA, que aumentaram, passaram de 61,9 M€ para 65 M€. Este aumento deve-se a um valor mais elevado atribuído no início da temporada, resultado da melhoria do ranking do FC Porto nas últimas 10 épocas, o que resultou num aumento de cerca de 4 M€. Os direitos de transmissão, que estão garantidos até 2028, são fixos anualmente, e registaram cerca de 43 M€. As receitas comerciais foram as que mais aumentaram, com um crescimento de 6,3 M€ de um ano para o outro. Este aumento deve-se ao merchandising, em particular ao sucesso da nossa terceira camisola da temporada anterior. Na área da bilheteira, houve uma melhoria bastante significativa, cerca de 10%, com destaque para as receitas obtidas nos jogos com o Barcelona e o Arsenal. O resultado operacional é o resultado da diferença entre as receitas operacionais e os custos operacionais, que incluem os custos com o pessoal, FSE e outros custos. Tivemos um aumento de receita que totalizou 8 M€, que, infelizmente, foi anulado pelos custos operacionais. Nos resultados, há fatores que não estão presentes todos os anos, como a multa da UEFA, a imparidade do Porto Canal, a imparidade de ativos fixos e 6 M€ em provisões, nomeadamente relacionadas com um clube de futebol em relação à transferência de um jogador. Sendo custos de natureza não recorrente, acabam por afetar o resultado. Se não fossem esses custos, teríamos obtido um resultado positivo. No que diz respeito à atividade de transação de passes de jogadores: retrocedemos dois anos e analisamos dois exercícios para compreender a importância das transações para a obtenção de um resultado positivo em qualquer SAD. Nos exercícios de 20/21 e 21/22, tivemos dois anos bons em resultados de transações de passes, com 30 M€ num ano e 40 M€ no outro. O exercício 22/23 foi fraco em vendas, e este ano, a venda do Otávio, possibilitou um resultado positivo nas transações de passes, mas não foi suficiente para que o resultado líquido fosse positivo. Com a Liga dos Campeões e a estrutura de custos, até junho precisaríamos de gerar entre 20, 25 e 30 milhões de euros em transações de passes para que o resultado líquido fosse positivo. Observou-se um aumento significativo de 22/23 para 23/24, passando de cerca de 22,7 para 29,7 M€. Este aumento deve-se a novos financiamentos obtidos a juros elevados. É de destacar o desconto da segunda tranche do jogador Otávio, que vencia a 1 de julho de 2024, e foi antecipado para o final de março, resultando num custo de cerca de 2,2 M€. Um custo de 12% por um período de três meses. É uma operação bastante onerosa, a que se juntaram outros custos elevados para o que deveria ser a atividade normal.”