Numa entrevista ao Diário de Noticias, Kelvin recordou o golo que marcou ao Benfica, em 2013, que valeu praticamente a conquista do título e um lugar… no museu do FC Porto
Faz hoje cinco anos que marcou o célebre golo ao Benfica, decisivo para a conquista do título do FC Porto em 2012-13. É uma memória que ainda o acompanha?
Claro. Foi muito importante na altura, foi um golo que garantiu praticamente um título de campeão. Ainda hoje em dia é normal que falarem comigo sobre esse golo. Vou recordá-lo para sempre, mas não sabia que já se passaram cinco anos desde aquela noite, mas ainda bem que me recorda agora disso.
Ainda se lembra do lance?
Perfeitamente. Lembro-me de que o treinador [Vítor Pereira] pediu-me para ir para cima dos defesas do Benfica, porque só a vitória nos colocaria na frente deles e faltavam poucas jornadas para o final do campeonato [depois do jogo com o Benfica restava apenas um jogo]. Felizmente correu tudo bem.
O FC Porto até lhe dedicou um espaço no museu do clube devido à importância desse golo, o Espaço K…
Foi muito giro, sem dúvida. Até os meus amigos brincam comigo. São situações dessas que nos marcam e só tenho a agradecer ao clube por esse gesto tão bonito.
Cinco anos depois só agora o FC Porto voltou a conquistar um título. Acompanhou as atuações do clube esta temporada?
Sim, não vi todos os jogos, mas deixei aí muitos amigos e fomos falando, desde o presidente Pinto da Costa a muitos jogadores. Fiquei muito contente e já tive a oportunidade de dar os parabéns ao pessoal. Felizmente conseguiram travar o Benfica, que vinha a conquistar muitos títulos seguidos.
O FC Porto impediu o Benfica de igualar o penta, permitindo que os dragões sejam o único clube português com cinco títulos seguidos…
Confesso que não tinha conhecimento inicialmente desse recorde do FC Porto, mas fui falando com ex-colegas e desde cedo que o objetivo foi sempre impedir que o Benfica fizesse história, que conseguisse chegar a esse penta. Esse é só do FC Porto e assim vai continuar por muito anos, tenho a certeza.
Acredita então que o FC Porto está em condições de quebrar a hegemonia do Benfica das últimas temporadas com este regresso aos títulos?
Acredito. É sempre mais fácil voltar ao topo do futebol, neste caso do português, com vitórias. Foi assim que o Benfica conseguiu e agora o FC Porto não pretenderá deixar fugir essa hipótese de continuar a ser o melhor. Aliás, tenho a certeza de que Pinto da Costa vai querer agora mais do que nunca continuar lá em cima. Nunca vi um presidente com tanta paixão por um clube, com tanto amor. Estava lá todos os dias, puxava por nós e fazia-nos ver que tínhamos de vencer sempre. É uma pessoa especial.
E em termos de treinadores no FC Porto, qual o marcou mais?
Vítor Pereira. Foi o que mais confiança me deu. Não digo isto apenas porque foi ele que me lançou nesse jogo contra o Benfica, no qual marquei o golo decisivo. Falava muito comigo e aprendi com ele, sobretudo do ponto de vista tático. Ele perdia tempo comigo, por vezes apenas nós os dois, para explicar–me o que fazia mal e onde poderia melhorar. Gostei muito dele.
Também trabalhou com Paulo Fonseca, Julen Lopetegui e Nuno Espírito Santo?
Com o Nuno trabalhei pouco tempo, mas era muito disciplinador no treino. Paulo Fonseca surpreendeu-me pela negativa, não pelos treinos, mas porque elogiava-me bastante, mas na realidade nunca me colocava a jogar e acabou por dizer que não contava comigo e aconselhou-me a ir para a equipa B. Do Lopetegui também não tenho nada a dizer contra, sempre foi muito honesto comigo, explicou-se sempre as razões pelas quais eu não jogava e deu-me oportunidade de ir jogar para outro lado. Não tenho nada a apontar.
Conhece Sérgio Conceição, que esta época levou o clube ao título?
Sim, claro, foi um grande jogador e pelo que se viu esta temporada também é um grande treinador. Não é fácil ser campeão no primeiro ano e ele conseguiu-o. Os meus ex-colegas falam muito bem dele, dizem que é exigente, mas que também é muito brincalhão.
Curiosamente, mas também por dificuldades financeiras do clube, o FC Porto montou um plantel à base de muitos jogadores que estavam emprestados. O Kelvin ainda pertence ao FC Porto, pensa que poderá ser um dos escolhidos na próxima temporada se renovar o contrato que termina em junho?
Não posso falar disso, estou no Vasco da Gama, com o qual tenho contrato, e não me fica bem falar de outro clube, nem que seja do FC Porto, que ainda é detentor do meu passe. É sempre muito bom jogar em grandes clubes, mas penso que este não é o melhor momento para falar do assunto.
Como está agora o Kelvin depois de uma grave lesão em 2017, altura em que até admitiu abandonar o futebol?
Foi uma lesão complicada no joelho esquerdo e pensei mesmo em tudo, inclusive que era o fim da minha carreira. Nunca tinha tido uma lesão dessa gravidade e estive muito tempo parado, fiquei mesmo assustado. Felizmente recuperei, o Vasco da Gama deu-me uma nova oportunidade, mesmo quando estava lesionado, renovando-me o contrato, e agora sinto-me bem. Ainda estou a tempo de fazer algo de bom no futebol, tenho a certeza.