O parlamento britânico publicou esta quarta-feira centenas de conversas privadas por e-mail entre executivos da empresa, incluindo Mark Zuckerberg. Num documento de 250 páginas, são expostas essas conversas e acordos preferenciais com algumas empresas como a Netflix e Airbnb, dando acesso indevido a dados pessoais dos seus utilizadores.
A rede com mais de 2,2 mil milhões de utilizadores terá usado a Onavo – empresa israelita com várias apps que faz análise de dados – para criar inquéritos globais, de forma a melhor conhecer os hábitos dos utilizadores de apps móveis sem eles saberem para que tipo de usos (e para quem) essa informação iria servir.
Num e-mail de 2012 de Mark Zuckerberg a Sam Lessin, o vice-presidente de produto do Facebook na altura, o atual CEO da empresa escrevia: “Estou a começar a gostar da ideia de bloquear às aplicações móveis algumas partes da plataforma, incluindo dados sobre amigos e potencialmente o contacto de email”. E continuou: “Estou céptico que exista um risco estratégico de perda de dados tão grande como pensas. Concordo que existe um risco claro do lado do anunciante, mas ainda não descobri como é que isso está conectado ao resto da plataforma. Não consigo pensar em casos em que dados tenham passado de programador para programador e causado um problema real para nós”, escreveu Zuckerberg.
Os documentos são da empresa de apps Six4Three, que colocou o Facebook em tribunal na Califórnia. O responsável do comité DCMS, Damian Collins, teve acesso aos dados ao utilizar um mecanismo parlamentar raramente usado.
O Facebook esteve envolvido numa outra polémica em março deste ano, em que 87 milhões de utilizadores tiveram os seus dados acedidos pela sociedade de consultoria britânica Cambridge Analytica.