O percurso de Vítor Bruno no F. C. Porto chegou ao fim, caracterizado por diversas oscilações e apenas uma conquista, a Supertaça, num jogo repleto de emoções contra o Sporting. Ao longo de 29 partidas, a equipa obteve 18 vitórias, 3 empates e 8 derrotas, tendo marcado 63 golos e sofrido 30.
Passados quase sete meses desde a sua oficialização como treinador do F. C. Porto, Vítor Bruno encontra-se a abandonar o clube, pressionado por três derrotas seguidas e por uma relação deteriorada com os adeptos, que já era evidente. As oscilações ao longo da temporada foram muitas, desde um início promissor contra o Sporting, que culminou na conquista da Supertaça, num jogo emocionante, até às derrotas em clássicos e à incapacidade de reagir em momentos cruciais, como demonstrado recentemente contra o Nacional, na Madeira.
O início da temporada até foi promissor, com três vitórias seguidas, mas a derrota em Alvalade, por 2-0, revelou algumas debilidades na equipa, que se agravaram com um início decepcionante na Liga Europa, onde a equipa foi derrotada pelo Bodo/Glimt (2-1), na Noruega, após ter estado em vantagem. Esse jogo foi o primeiro indício da instabilidade da equipa. O jogo contra o Manchester United exemplifica bem esta tendência, ao terminar com um empate (3-3), já que o F. C. Porto esteve a perder, mas conseguiu reverter para uma vantagem de 3-1.
Curiosamente, a partir desse momento, Vítor Bruno viveu a sua melhor fase da época, com seis vitórias consecutivas, incluindo uma contra o Braga (2-1) e o Hoffenheim (2-0), embora a equipa não tenha demonstrado sempre um futebol coeso e convincente. O primeiro momento crítico surgiu com a derrota em Roma, contra a Lazio (2-1), onde o F. C. Porto, mais uma vez, deixou escapar a vitória nos instantes finais, seguido de uma pesada derrota na Luz, por 4-1, um resultado que os dragões não sofriam no Estádio da Luz há cerca de 60 anos. Na sequência, a equipa foi eliminada da Taça de Portugal pelo Moreirense (2-1), mais um sinal de descalabro.
Num período muito complicado, André Villas-Boas manteve Vítor Bruno, mesmo com as muitas oscilações. Depois, o F. C. Porto empatou com o Anderlecht (2-2) na Liga Europa e com o Famalicão (1-1), mas conseguiu respirar à conta da má fase do Sporting, que foi perdendo pontos após a chegada de João Pereira ao comando técnico, e também beneficiou das instabilidades do Benfica.
Seguiu-se uma fase de desilusão com a eliminação na meia-final da Taça da Liga (1-0) contra o Sporting, e a derrota por 2-0 com o Nacional, na Madeira, num jogo em que a equipa teve uma exibição muito apagada e deixou escapar a oportunidade de se colocar na liderança do campeonato. Finalmente, a derrota em Barcelos, contra o Gil Vicente (3-1), agravou a crise e aumentou a tensão entre os adeptos. A questão das opções também veio à tona, com Vítor Bruno a justificar a exclusão de Pepê: “Não está por vontade dele, autoexcluiu-se de participar nos jogos”.
Na madrugada desta segunda-feira, o F. C. Porto oficializou a saída de Vítor Bruno após 29 jogos, 18 vitórias, 3 empates e 8 derrotas. O treinador, que tinha um contrato até 2026, conquistou a Supertaça para os dragões, o primeiro troféu de André Villas-Boas na presidência da SAD. O despedimento ocorreu após uma intensa contestação e com um ambiente que recorda a substituição de Sérgio Conceição por Vítor Bruno, que era o adjunto. O técnico deixa a equipa no terceiro lugar, a quatro pontos do primeiro lugar.