Numa entrevista ao jornal L’Avenir, Laurent Depoitre explicou o que correu mal nesta primeira época no FC Porto.
«Quando cheguei estava cheio de boas intenções. Queria ter sucesso mas sabia que não ira ser fácil porque é um grande clube, com um grupo de grande qualidade onde teria de conseguir o meu espaço. O problema é que nunca tive a oportunidade para mostrar o que valho. Não tive muito tempo de jogo e rapidamente perdi a confiança que o clube tinha em mim», começou por dizer o avançado belga, que não esperava entrada direta no ‘onze’ dos dragões:
– No início, estava no banco e pensei que era lógico porque tinha chegado a um grande clube europeu. Não esperava jogar de imediato, sabia que tinha de trabalhar. Mas quando percebi que a minha situação não iria mudar, perdi confiança em mim. Também senti que a minha imagem junto dos adeptos não era boa e, quando sentes que não és apoiado, é difícil entrar em campo com a motivação certa.
Depoitre falou ainda do «contexto geral» em torno do clube: «Quando um grande clube como o FC Porto está três anos sem ganhar nada, a ansiedade é enorme. Cheguei ao clube com o rótulo de jogador desconhecido. Quando fui anunciado, todos esperavam outro nome. Uma de duas coisas iria acontecer: ou mostrava de imediato que podia ser útil; ou não teria tempo de jogo e tudo ficaria mais complicado. Foi o que aconteceu, e o pouco crédito que poderia ter rapidamente se evaporou.»
O belga esclareceu ainda que não foi contratado a pedido do então treinador Nuno Espírito Santo: «Não foi por ele que vim. Nuno nunca me disse: “Queria contratar-te a todo o custo”. Conhecia-me apenas dos jogos que fiz pelo Gent na Liga dos Campeões contra o Valência, o seu anterior clube. E pensou que podia trazer algo diferente ao FC Porto.»
O estilo de futebol que se pratica em Portugal também não ajudou à afirmação: «Não é um campeonato fácil. Com exceção dos jogos contra Benfica e Sporting, é como jogar contra uma parede dupla. Os adversários pensam em não sofrer golos para não perder. Na frente temos muito pouco espaço, recebemos poucas bolas e o jogo é muito fechado.»
Depois de uma primeira época no FC Porto muito abaixo das expectativas, Laurent Depoitre assumiu que a saída é uma possibilidade em cima da mesa.
«Tenho de começar de novo, não quero reviver uma época assim. Se a decisão for sair do FC Porto, então saio», disse em entrevista ao jornal L’Avenir.
Questionado sobre as notícias que o colocam na mira de Nantes, Saint-Étienne e Toulouse, o avançado foi cauteloso:
«São rumores devido a esta fase da época. Há contactos mas nada de concreto. Vou esperar para ver como as coisas vão evoluir. Preciso de tempo para pensar, não quero ser precipitado porque vou fazer 29 anos e não posso tomar uma decisão errada.»
Depoitre diz que a época foi difícil, mas não “horrível”, e garantiu que a sua ida para o FC Porto não foi uma exigência de Nuno Espírito Santo, como se pensava.
Já no seu país a gozar férias, Laurent Depoitre quis prestar alguns esclarecimentos em relação à sua estadia no FC Porto. O avançado desfez possíveis mal-entendidos, não só relativamente a ter sido uma exigência de Nuno Espírito Santo, mas também quanto a alegadas declarações suas, dizendo que a época no FC Porto tinha sido “horrível”.
“Primeiro acho que devem saber que eu não fui para o FC Porto por causa do treinador. O Nuno nunca me disse: “Quero que venhas a qualquer custo”. Ele viu alguns jogos meus na Liga dos Campeões e achou que poderia dar algo diferente ao FC Porto”, afirmou Depoitre, que foi contratado ao Gent por 6 milhões de euros.
“Não sei se fui mal-entendido ou se a tradução foi exagerada intencionalmente mas não considero que a minha época tenha sido horrível. É claro que foi difícil. Cheguei com boas intenções, queria ter sucesso para abrir um novo capítulo da minha vida. Sabia que não seria fácil porque tinha chegado a um grande clube, a um grupo de alta qualidade e tinha de ganhar o lugar. O problema é que nunca tive oportunidades para me mostrar. Não me deram muito tempo de jogo e cedo perdi a confiança que o clube tinha em mim”, lamentou.
Depoitre disse ter sentido, com o tempo, que a sua situação não iria mudar e que “não tinha boa imagem junto dos adeptos”. “Perdi a confiança em mim. Quando sentes que não tens apoio é difícil entrar no campo com o foco correto. Mas não desisti e trabalhei até ao final da época”, sustentou.
“Vamos trabalhar numa solução. Voltar à Bélgica? Pode acontecer, mas não é a prioridade”, afirmou ainda.
(Fontes ojogo.pt e abola.pt)
