Caro Henrique Raposo, obrigado pela tua sugestão. E obrigado pelo teu simpático texto que publicaste outro dia no Expresso com o título “O FC Porto é um feito por estudar” (https://expresso.pt/exclusivos/2021-09-16-O-FC-Porto-e-um-feito-por-estudar-4aac6fd8).
Foi muito bem recebido na comunidade portista e basta ler o que escreveste para perceber que gostas de futebol bem jogado e com inteligência. E também se vê que vibras com os nossos jogos internacionais. Vai daí e dizes que se deve estudar o feito “FC Porto”. Eu sobre isso digo-te como diz o outro, não discordando, sou obrigado a concordar. Mas permite-me o abuso, estimado benfiquista, e desculpa lá o jeito demasiado informal, mas acrescentava ao sugerido estudo, o repto a todos para que se acarinhe, estime e defenda o clube que mais tem feito pelo nosso futebol português nas ultimas décadas.
É que nós, os portistas, também achamos que se os outros estudassem os últimos 30 anitos do futebol praticado no eixo da Avenida Fernão Magalhães com a Corujeira, escusávamos de ter tantas dificuldades de afirmação dos nossos clubes no contexto internacional. Por exemplo, esta semana amigo Henrique, viste que o teu caso de estudo foi roubadinho no Wanda Metropolitano? E ainda há uns mesitos, contra o que viria a ser campeão, o enriquecido Chelsea foi levado ao colinho duas vezes contra nós. E sabes que foi muito por isso que o clube inglês ganhou a Champions. Se fossemos estudados e acarinhados não tínhamos que ser um clube intruso entre gigantes, não nos confundiam com quem leva goleadas do Basileia e do Ajax. E, por conseguinte, teríamos outro “peso”, não só nos sorteios como também no ecossistema uefeiro. Se clube português fosse sinónimo de grande clube europeu não vinha um romeno qualquer de quinta categoria roubar pontos ao nosso país, milhares de euros ao FC Porto e fazer aquela figurinha escandalosa que se dá ao luxo de até expulsar o nosso central numa falta banal.
E se calhar, como dedicado adepto de outro clube, vais dizer que nós por cá exageramos, que o Calabote, o Mário Santarém (mais conhecido como o Chinês), o Bruno Paixão e muitos mais, são apenas consequência da má formação de alguns árbitros portugueses. Mas não amigo Raposo, nós na Europa também temos os mesmos obstáculos e temos que os ultrapassar.
E enumero-te alguns que tenho a certeza que já ouviste falar, por exemplo um tal de Adolf Prokop que em 1984 achou normal que Boniek e Platini fizessem as faltas que quisessem numa final europeia contra nós. Ou um escocês chamado Hugh Dallas, que no dealbar do século nos roubou tanto com o Bayern que até o “Engenheiro do penta” e atual selecionador nacional arrancou os cabelos e perdeu a calma na conferencia de imprensa.
O problema, Henrique, é que não é preciso estudar muito para perceber que quando na semana passada um especialista de arbitragem de cabelo rapado à militar reformado ( e benfiquista não assumido – ao contrário de ti) contorce a coluna para justificar o injustificável, e defender a roubalheira romena no Wanda, quem perde é o País. E quando um comentador vibra mais com o “chaval” João Félix a representar mal e porcamente um clube estrangeiro do que com o Otávio a encher o campo à frente de milhões de telespectadores, de pouco nos vale que estudem.
O melhor, caro Henrique, é que arranjes tempo e a propósito desse estudo venhas fazer o trabalho de campo. Felizmente já nos deixam ir ao Dragão ver jogos sem sermos adeptos ingleses patrocinados pela UEFA. Tu és daqueles que és bem vindo. Anda daí, pagamos a cerveja!
Texto de Avelino Oliveira