Que os Deuses livrem os portistas de ganhar o campeonato da pré-época! Como diria o mais popular adepto azul e branco à mesa dos nossos tradicionais cafés da região, antes ser coisa ou coiso que passar aquelas vergonhas do Cavani.
Confesso que a pré época não me dá grande entusiasmo. Os jogos de preparação são um misto de sensações, por um lado as saudades de ver as nossas camisolas são tantas que nem que seja contra o Brocasdiniroov Jerupiga, clube amador de Kalinegrado, que é o enclave russo na Lituânia, aqui o jovem vai mais cedo do trabalho para casa para ver a equipa arrastar as gambias exaustas de tanta porrada que o Conças lhes deve dar no início de época.
Mas por outro lado, enquanto decorre o jogo, com as substituições e o facto de aquilo ser a feijões, confesso que perco o interesse. Um portista não gosta de jogos sem ser a doer! E então aquela conversa de o resultado é o que menos interessa,…. dá-me logo vontade de ir ao Youtube ver a segunda parte da final de Viena.
Depois vem o jogo seguinte, e a malta diz no WhatsApp que desta vez é mais a sério – tipo contra o Basileia, o Celta de Vigo ou o PAOK (a escolha destes clubes é aleatória e nada tem a ver com resultados de adversários nossos) – e lá voltamos a ajustar os horários, adiar reuniões e zumba, dou por mim a ver de novo um jogo onde fazem ao todo 43 substituições para cada um dos lados. E tudo nas redes a comentar que joga este, entrou aquele, os detalhes de uns e os pormenores de outros.
Mesmo assim, tenho no meu íntimo que a pré-epoca não foi feita para portistas. Um joguinho em que nos borrifamos ‘pó resultado não tem jeito nenhum! Só há uma hipótese de um verdadeiro portista ir satisfeito ao estádio ver um jogo a feijões: são aquelas partidas das últimas jornadas onde já fomos campeões no hotel, já temos 20 pontos de avanço, os jogadores entram no relvado de cabelo pintado e meios bêbados e a malta festeja tanto que nem se lembra de
quanto ficou, e adoramos na mesma.
Agora o início de época?! Estou convencido que foi inventada oficialmente no Estado Novo para falar das aquisições dos clubes de Lisboa (que são sempre arrasadores até julho). E o tema é sempre ridículo. Vejam bem, este ano, o expoente da coisa até agora foi o clube encarnado contratar…. um jornalista para jogar a…. diretor!
Pelos vistos exultam com um Rui qualquer com apelido de receita de bacalhau que de repente se tornou a peça chave das comunicações. Nós os portistas desprezamos o assunto, mas a verdade é que eles levam a sério a produção das cartilhas e aquilo deve ser prioritário para se convencerem que na próxima é que é mesmo para arrasar.
Se eu fosse adepto deles …. (Deus me perdoe!) e a pré-época fosse marcada pela contratação de um tipo que tem vergonha de dizer no programa das 7 da manhã que é adepto do clube que o andava a querer contratar, eu ficava mais chateado do que um português sério a ver os gaguejos parvos de certos fulanos com as perguntas básicas da Mortágua.
E o problema é que toda a gente sabe que o tal Rui com apelido de receita de bacalhau estava a mentir – o entrevistador a dizer-lhe “andei na escolinha contigo” e qualquer coisa parecida com tu eras mais marado pelas águias que o Luisão a querer desatar à chapada aos jogadores depois de perder com o Sporting. E em direto, o Rui com apelido de receita de bacalhau, atrapalhado, vê-se desmascarado, fica ruborizado, humedece a garganta e com cagufes de ser despedido do canal naquele próprio dia, tem a tirada mais brilhante que um cripto-benfiquista alguma vez teve: ahhh e tal, sou…. da… Juventus! Cum carago! Estou a ver a direção reunida em Carnide; contrate-se este gajo imediatamente – é genial.
A malta do Porto é que não consegue perceber estas mentes brilhantes. Muito mais depressa preferimos contratar ao Santa Clara um central de 27 anos que assumidamente é mouro, do que um tipo que tem vergonha de dizer em publico que é do Benfica.
Até porque nós aqui temos uma elevadíssima taxa de sucesso em tornar jogadores de ascendência carnidense ou croquete, em atletas com o sangue de uma só cor: azul e branca!
E é por isso que quase tudo que vem da Mouraria, em pouco tempo, passa de maçã podre, cigano conflituoso, russo decadente, Maniche a emprestar, Deco esquecido, a jogador de elite europeia, ou como dizem na superior e na arquibancada, passam a ser uns jogadores do carago!
E nisto ninguém nos desmente, nem os tais “jornalistas isentos”.
Meus amigos, é por estas e por outras que não gosto do tal campeonato inexistente da préépoca, por mim era logo a doer. Até porque, quando fazemos muita cerimónia para começar logo a competir a 100 à hora, arriscamo-nos a apanhar um clube qualquer que nos venha
Krasnodar. E depois não há fairplay que se aguente.
Por isso, caros consócios, não chorem pelos que hão de ir embora, nem idolatrem em demasia os que chegarão. Não liguem aos comentadeiros, não leiam as capas dos jornais tendenciosos. Esperem pela vossa vez na vacina, e contem os dias que faltam para em breve estarmos todos juntos no Dragão!
Avelino Oliveira, Sócio do FC Porto