Sérgio Conceição foi eleito «Homem do ano» pelo jornal «A Bola» e deu uma entrevista ao jornal em que faz o balanço do trabalho feito como técnico do FC Porto, fala do plantel, e aborda o futuro.
O FC Porto terminou o ano na liderança da I Liga, mas Sérgio Conceição diz que espera uma época «muito difícil, muito disputada no campeonato nacional».
«Hoje vê-se o Benfica a não perder há alguns jogos, o Sporting com um fôlego renovado com a vinda do novo treinador e a mudança de Direção, um Sp. Braga muito mais forte. Cada ano que passa precisamos de cimentar essa posição forte no nosso campeonato. E vê-se depois jogadores e equipas com um futebol muito agradável, como o Vitória de Guimarães e o Rio Ave, por exemplo», afirma.
«Todas as épocas representam para nós uma grande montanha. Representam o Evereste», diz Sérgio Conceição, apontando: «Essa responsabilidade é apaixonante, por isso decidi ser alpinista».
O treinador falou também sobre possíveis reforços por causa das lesões de Otávio e Aboubakar. «Se me perguntar se queria mais soluções, claramente que sim. Mas já é um bom princípio aquilo que disse o nosso presidente ao garantir que em janeiro não saía ninguém».
Além de Fernando Andrade, que já confirmou a mudança para o FC Porto, Sérgio Conceição foi também questionado sobre Carlos Vinícius do Rio Ave. «São dois jogadores que aprecio muito», «fisica e tecnicamente muito interessantes, acima da média».
Conceição não se escusou também a abordar as possíveis saídas de Herrera e Brahimi no final da época, e deu os «exemplos de Diego Reyes e Marcano, que saíram livres no final da época, e não foi por isso que não estiveram completamente comprometidos e focados».
E falou sobre outra das figuras de proa do plantel: Marega. «O Marega é talvez dos jogadores mais fortes que já treinei. Mais forte a todos os níveis. Normalmente as pessoas olham para um jogador pela sua capacidade técnica, mas acho que há outras coisas tão ou mais interessantes».
«Essa capacidade física, de jogar em mais do que uma posição, esse impacto que ele tem e provoca nas defesas adversárias, às vezes nem é para ele diretamente, mas cria espaços para os outros. Tudo isso faz com que o Marega seja um jogador fortíssimo e tenha evoluído de uma forma fantástica», acrescenta.
O treinador falou ainda sobre a relação com Pinto da Costa. «Sempre que ele se senta à minha frente na mesa tenho até alguma vergonha, por uma figura tão importante estar à minha frente», afirmou Sérgio Conceição, lembrando: «Cheguei a esta casa tinha pouco mais do que 15, 16 anos, e é uma pessoa que habituei a respeitar, a olhar para ele como o melhor dirigente de sempre em Portugal. E no mundo presumo que também».
Olhando para trás, o técnico fez o balanço de um ano «muito bom», apesar das restrições orçamentais. E, recordando que disse que ia para o FC Porto para ensinar e não para aprender, reconsiderou: «Aprendi que tenho muito para aprender. A gerir um plantel de uma forma criativa e inteligente também. O que a equipa técnica fez no ano passado, tendo em conta as restrições financeiras do clube, foi muito bom. Ensinar, acho que foi principalmente meter para fora aquilo que eu era como jogador. A minha mentalidade forte, de nunca desistir, de ir sempre à procura de mais».
Sérgio Conceição falou ainda sobre Rodrigo, o filho que joga no Benfica. «Em casa falamos da escola, de futebol, se entrar muito nesse tipo de assunto de rivalidade, que entre nós não existe».
«Quando jogar contra mim vai querer ganhar. Eu também. É normal», garantiu.
E o treinador não gosta que falem do filho Francisco, das camadas jovens do FC Porto, como o Messi do Olival. «Acho mau. Isso pode condicionar e levá-lo para um estado de alma diferente daquilo que eu acho que um miúdo de 16/17 anos tem que ter. Ele tem que se divertir. Não pensar que atingiu o máximo por fazer dois ou três dribles».