FC Porto

Nélson Puga: “Esta época pode ter mais de 80 jogos no total, o que é uma brutalidade”

Na sexta-feira, quatro médicos de clubes da I Liga participaram do segundo dia do Thinking Football Summit, onde Pedro Miguel Prata (Boavista), Nélson Puga (FC Porto), Luís Moreno (Benfica) e João Pedro Araújo (Sporting) apresentaram as suas visões sobre os desafios que enfrentam nas suas funções.

O diretor clínico do Boavista deu início à discussão, afirmando que, com a industrialização do futebol, “há uma sobrecarga na calendarização, algo que aumenta a carga e, consequentemente, o risco de lesão do atleta”. Nélson Puga, por sua vez, sublinhou a quantidade elevada de jogos que os jogadores são forçados a realizar na presente temporada.

“Se formos o mais longe possível em todas as competições, realizaremos 72 jogos. Depois, haverá o Mundial de Clubes e, se acrescentarmos os compromissos das selecções, com quatro paragens da FIFA, teremos mais de 80 jogos no total, o que é uma brutalidade. Precisamos de equilibrar os calendários, com novas regras que impeçam a realização de demasiados jogos em sequência, assim como a questão das 72 horas, pois os jogadores não se recuperam a tempo”, disse.

João Pedro Araújo, por sua vez, chamou a atenção para os custos associados a lesões dos jogadores, que podem comprometer a saúde financeira dos clubes. “O calendário, de facto, é muito apertado. A força muscular precisa de tempo para se recuperar, o que não ocorre em apenas três dias. E há custos associados, pois, se a carga for maior, o risco de lesão dos atletas aumenta, o que os impede de contribuir para a equipa, que, por sua vez, pode não alcançar os resultados esperados, refletindo-se no orçamento do clube”, comentou o médico do Sporting.

Luís Moreno, do Benfica, destacou os danos que podem afetar as carreiras dos jogadores a longo prazo: “Cada vez mais se investe na formação. Não há comparação com a carga que os jovens atletas são obrigados a suportar atualmente, e isso tem um impacto brutal no corpo de cada um. Expondo-os a tantos jogos e a tanta fadiga, isso poderá condicionar bastante o jogador que poderiam vir a ser.”