Futebol

Leicester 1-0 FC Porto: “Same old, same old”

 

LEICESTER: Schmeichel; Hernández, Huth, Morgan, Fuchs; Mahrez, Drinkwater, Amartey, Albrighton; Slimani e Vardy.

FC PORTO: Casillas; Layún, Felipe, Marcano, Alex Telles; André André, Danilo, Óliver Torres, Otávio; Adrián López e André Silva.

A história mantém-se. Ainda não foi desta que o Fc Porto venceu em Inglaterra. A malapata continua. Desta feita, por culpa própria, essencialmente. Faltou-nos um pouco de estrelinha, um árbitro mais isento mas quem os comete erros estratégicos da 1ª parte não pode queixar-se de terceiros.

Nuno Espírito Santo manteve a formação e esquema utilizados na partida contra o Boavista. Ou seja, um Porto em 4x1x3x2/4x4x2.

Danilo como trinco, Óliver como médio de construção (n.º 8), André André sobre a direita e Óliver a partir da esquerda mas a apostar nos movimentos interiores. A dupla da frente Adrián e André Silva para permitir ao avançado português jogar mais perto da baliza. A intenção do treinador, na teoria, era esta.

Confesso que antes de saber este 11 inicial pensava que o treinador iria apostar num 4x3x3 » 4x1x4x1. Porquê? Muito simples. Para permitir ao Porto ter superioridade numérica no meio-campo, para podermos circular a bola, manter o esférico no chão e desta forma jogar precisamente o futebol oposto do adversário.

O Leicester apostou no 4x4x2 clássico com Mahrez na direita e Slimani a formar dupla com Vardy. O jogo dos locais assentou, como se previa, no jogo directo, nas bolas aéreas, no contacto físico, na conquista da segunda bola e muita, muita intensidade, correria… prego a fundo!

O Porto já sabia que iria ser assim e aguentou bem os primeiros 15 minutos. Dividiu e equilibrou as operações a meio-campo, conseguiu defender bem, esteve organizado nos vários momentos do jogo, trocou a bola e conseguiu construir, poucas é certo, algumas oportunidades de perigo.

Se a entrada no jogo foi boa, o que dizer dos 30 minutos seguintes?

Personificando o jogo dos “dragões”, diria que jogamos à imagem de Adrián Lopez, direi que estiveram escondidos, sem intensidade, garra, demasiado “softs” para uma partida de “homens de barba rija”.

Paulatinamente, entramos no jogo do Leicester. Jogamos da forma que eles queriam. Não conseguimos circular a bola, ter posse, jogar “à antiga portuguesa”, sem balizas mas com a bola. Fomos “comidos”, literalmente. O golo de Slimani não foi uma surpresa: variação de flanco, Marhez controla a bola, cruza, Vardy não chega mas o avançado argelino ao segundo poste marcou o único golo da partida.

Neste momento e até ao intervalo, eles pareciam gigantes e nós pequeninos. Felipe viu um amarelo escusado e estava aos papéis, o meio-campo não tinha criatividade e os avançados estavam perdidos. Um lutava (André Silva), o outro teimava em esconder-se do jogo (Adrián, sempre ele).

Custou ver o Porto a jogar pontapé para a frente, sem nexo, sem ligação. Não é surpresa para ninguém ver o Porto de NES jogar assim. Causa estranheza é jogar assim contra uma equipa que se sente como peixe na água e leva sempre a melhor no contacto físico. Foi um suicídio.

Como é que Adrián foi titular no jogo desta noite? Só porque fez um jogo razoável vs Boavista? Se é para jogar sem bola… então Jota seria melhor opção. Já para não falar que hoje deveríamos apostar na posse, coisa que esta equipa teima em não apostar.

A segunda parte foi melhor. O Leicester passou de equipa inglesa para “italiana” Fechadinho cá atrás, à espera do adversário.

O Porto demorou a ir para cima do adversário mas depois da dupla substituição… a partida mudou finalmente de rumo. Jota deu a profundidade que nunca existiu com Adrián, Herrera trouxe algo que André André não conseguiu dar, apesar de ser um atleta muito esforçado. Mais tarde entrou Corona, que esteve muito perto de marcar.
A produção de jogo ofensivo subiu em flecha, o que levou qualquer adepto médio a perguntar: “por que motivo não entramos com a melhor equipa?!?!”

Nota para os remates de Jota, aos 71’, Herrera (74’), e finalmente Corona (82’), na melhor oportunidade – bola no poste! – do Porto na partida.

Pena… que pena termos acordado tarde. Que pena termos perdido tanto tempo para assumir as rédeas do encontro. Custa assim tanto ter a bola, a iniciativa do jogo?!?

O jogo acabou com o Porto a parecer “grande” e o Leicester “modesto”. Nem apanha-bolas tinham. O problema é que os ingleses somam 6 pontos, Copenhaga 4 e Porto apenas 1. Ganhar ao Bruges (duplamente) é obrigatório e é tempo de Nuno Espírito Santo jogar com os melhores!

O Fc Porto é uma equipa grande. E os grandes não jogam “pontapé para a frente”. Jogam à bola. Têm a bola ou pelo menos não têm medo de assumir as despesas do jogo.