No oitavo encontro da temporada, os adeptos do FC Porto tiveram a oportunidade de ver finalmente Rodrigo Mora a jogar pela equipa principal dos azuis e brancos. O jovem talento tinha demonstrado um bom desempenho na pré-temporada, o que levantou a expectativa de que pudesse ter minutos de jogo nos primeiros desafios, mas Vítor Bruno tinha outros planos.
Ao entrar em campo aos 69 minutos, substituindo Marko Grujić, Mora tornou-se o segundo jogador mais jovem a representar os azuis e brancos em competições europeias, com apenas 17 anos e quatro meses, apenas dois meses depois de Fábio Silva. O médio superou os registos de Rúben Neves (17 anos e 5 meses, em 2014), Fernando Gomes (17 anos e 9 meses, em 1974) e Francisco Conceição (18 anos e 2 meses, em 2021).
Globalmente, Mora tornou-se o sétimo mais jovem de sempre a jogar pelos dragões em competições oficiais, numa lista que é liderada por Euclides Anaura (16 anos e 4 meses, em 1930). O guarda-redes Kadu também se estreou com 16 anos e 10 meses em 2011, numa lista que inclui Miguel Bruno (17 anos e 13 dias, em 1988), Fábio Silva (17 anos e 22 dias, em 2019), Sérgio Oliveira (17 anos, 4 meses e 15 dias, em 2009) e Serafim (17 anos, 4 meses e 16 dias, em 1960), segundo dados do Playmakerstats do zerozero.
A estreia de Rodrigo Mora, num palco europeu, não foi a que o jovem esperava, uma vez que o FC Porto foi derrotado pelo Bodo/Glimt por 3-2, na abertura da nova Liga Europeia. Nos 21 minutos que esteve em campo, Mora demonstrou qualidade, com 20 toques na bola, 10 passes recebidos, um passe decisivo, e ainda executou o canto que resultou no 3-2 de Deniz Gul.
Mora entrou em campo para tentar explorar os espaços na defesa norueguesa, numa fase em que o FC Porto perdia por 3-1, mas tinha um jogador a mais. O jovem esforçou-se por se conectar com os colegas, a pensar o jogo, a ler os movimentos e a apoiar os avançados.
“Rodrigo Mora é bom a encontrar espaços e o adversário estava recuado. Tentámos com cruzamentos, com o Mora a alimentar os avançados”, explicou o treinador Vítor Bruno, sobre a opção pelo jovem talento.
Estreia à vista na Primeira Liga
As exibições insatisfatórias de Gonçalo Borges e Iván Jaime, juntamente com o desempenho abaixo do esperado de Pepê, podem levar Vítor Bruno a dar mais minutos ao jovem prodígio de 17 anos. A equipa azul e branca demonstrou uma certa falta de criatividade no último jogo em casa contra o Gil Vicente. No encontro contra o Vitória, o último da I Liga, os golos surgiram de transições.
Pepê e Galeno mostraram, nos últimos anos, que não podem ser os únicos a pensar no ataque dos dragões. Os dois extremos brasileiros são aceleradores de jogo, mas Galeno enfrenta dificuldades em equipas que se defendem de forma compacta, devido à falta de capacidade de drible no um-para-um. Pepê possui essa habilidade, mas a sua capacidade de decisão e leitura de jogo são bastante insatisfatórias. O brasileiro ex-Grêmio frequentemente toma decisões erradas na maioria das jogadas que consegue desbloquear com a sua velocidade e técnica.
As qualidades de Rodrigo Mora parecem combinar bem com as de Nico González, assim como as de um médio como Vasco Sousa, jogador que “desapareceu” das opções de Vítor Bruno após a derrota com o Sporting em Alvalade.
Na partida contra o Arouca, o treinador azul e branco terá de fazer alterações na equipa. Esperam-se mudanças na defesa, com a possível inclusão de Martim Fernandes na direita em vez de João Mário, e possivelmente de Tiago Djaló a central no lugar de Zé Pedro, que teve uma exibição abaixo do esperado na quarta-feira na Noruega.
Alan Varela deverá regressar à sua posição no meio-campo, que dificilmente terá Grujić. Na frente, Samu deverá manter a titularidade.
Até ao momento, Rodrigo Mora contabiliza um golo em 450 minutos nos cinco jogos que disputou pela equipa B dos azuis e brancos na Segunda Liga. O jovem estreou-se esta temporada na seleção sub-21, com uma assistência no jogo de 2-0 de Portugal contra a Croácia, nos 21 minutos em que esteve em campo.
Rodrigo Mora: nascido para brilhar
Rodrigo Mora, o mais jovem do plantel do FC Porto, é um dos jogadores mais promissores das seleções jovens portuguesas na atualidade. Reconhecendo o seu talento, a SAD azul e branca renovou recentemente o seu contrato até 2027.
O avançado deu os primeiros toques na Dragon Force de Custóias, mas já se encontra na equipa do Porto desde o verão de 2016. O seu desenvolvimento no Olival começou a dar frutos na época 2021/22, na qual marcou 29 golos em 34 jogos nos sub-15.
A sua inteligência tática e a habilidade com e sem bola permitiram-lhe superar qualquer outro jogador que tinha jogado em Portugal até então: a 15 de janeiro de 2023, num momento em que se destacava nos juvenis (16 golos e 13 assistências em 33 jogos), foi convocado para a equipa B e estreou-se contra o Tondela, na 16.ª jornada da Segunda Liga, com apenas 15 anos, 8 meses e 10 dias. Foi o mais jovem de sempre a estrear-se em competições profissionais em Portugal.
O seu recorde e os números impressionantes renderam-lhe mais um prémio. A 28 de setembro de 2023, no dia do 130.º aniversário do clube, foi distinguido com o Dragão de Ouro de Atleta Jovem do Ano.
Na época 2023/24, Mora afirmou-se na equipa B do FC Porto, competindo com os mais experientes. Tornou-se o mais jovem de sempre a marcar na Segunda Liga, numa época em que contabilizou seis golos em 28 jogos ao serviço da equipa B.
Além disso, destacou-se nas competições juvenis da UEFA. Na Youth League, ainda com 16 anos, liderou a equipa sub-19 e foi uma das peças fundamentais no percurso do FC Porto até à meia-final, que incluiu uma vitória expressiva sobre o Barcelona, em La Masia (4-0). Em nove jogos, marcou sete golos, fez duas assistências e foi o melhor marcador da competição.
No Europeu de sub-17, foi novamente o principal destaque e tornou-se o melhor marcador (cinco golos) da competição de seleções, em que Portugal apenas perdeu na final contra a Itália. As suas exibições levaram o painel de observadores técnicos da UEFA a incluí-lo no onze ideal do torneio.