Um dos casos mais mediáticos de racismo no futebol aconteceu no jogo entre Vitória de Guimarães e FC Porto, onde Marega se recusou mesmo a continuar a jogar e abandonou a partida já depois de esta se ter iniciado. Agora, mais de um ano e meio depois, o processo chega ao fim sem existirem condenações ou acusados.
Segundo o que o “Jornal de Notícias” apurou, o despacho de 13 de setembro do Tribunal de Guimarães considerou que o processo contra os últimos três arguidos (suspeitos de palavras racistas dirigidas a Marega) fosse suspenso, ainda que de forma provisória, durante 12 meses, obrigando os arguidos a entregar ao Estado, no prazo de três meses, uma multa de cerca de 1000 euros. Para além disso, estes arguidos ficam proibidos de entrar nos recintos desportivos durante um ano e têm de se apresentar nas instalações policiais sempre que o Vitória jogar. Foram também obrigados a pedir desculpa ao jogador do FC Porto e ao clube vitoriano.
O texto de pedido de desculpas ainda não foi publicado, no entanto, o mesmo meio de comunicação diz mesmo que os arguidos admitiram que insultaram o jogador (com palavras como “burro” e “boi”), mas não mostraram qualquer sentimento de culpa perante tal atitude. Já na fase de inquérito, os três arguidos negaram ter participado em qualquer cântico racista.
Relembre-se que este caso aconteceu na época passada, a 16 de fevereiro de 2020, em Guimarães. Ao minuto 70 ouviram-se sons vindos de uma das bancadas dos visitados que imitavam o som de macacos sempre que Marega tocava na bola. Como tal, após revolta e indignação, Marega abandonou a partida, recusando-se continuar a jogar, imagens que acabaram por correr mundo e até criar uma onda de solidariedade para com o maliano.
Do inquérito realizado, concluiu-se que os cânticos referidos eram proferidos da bancada nascente inferior e se alastraram de imediato a grande parte do estádio. No entanto, os arguidos acabaram por não ser acusados ou condenados.
O “JN” contactou, ainda, o advogado dos arguidos em questão, Pedro Miguel Carvalho, que explicou que “os três arguidos quiseram pôr um fim a este processo e também responsabilizar-se pelos seus atos, aos quais o Vitória Sport Clube, os vitorianos e os vimaranenses são alheiros”.