Depois do dia mais louco da carreira, em que só carimbou o título nacional depois de o seu último jogo estar concluído, Hélder Nunes explicou como o FC Porto voltou à liderança no hóquei em patins
No dia seguinte a ver a equipa que capitaneia, e da qual foi o melhor marcador, terminar o campeonato 2016/17 com mais dois pontos do que o Benfica, que liderava antes da última jornada, Hélder Nunes era um jovem completamente realizado.
Como viveram o último minuto do jogo do Benfica com o Sporting?
Para ser bem explícito, foi o minuto mais longo das nossas vidas! Estávamos lá dentro e a nossa cabeça estava no outro jogo. Dependíamos daquele resultado e estávamos ansiosos que acabasse de forma favorável para nós. Viver aquilo dentro do campo, com toda a gente a sofrer, foi incrível.
E como sentiu os últimos lances do Sporting-Benfica, que teve uns derradeiros segundos loucos?
Quando o nosso jogo acabou, olhámos para a televisão e vimos o João Rodrigues a festejar. Nem vimos o golo, pensámos que tinha tudo acabado. Ganhámos nova vida quando vimos esse golo ser anulado. O livre direto seguinte, a bola ao poste e a recarga falhada já conseguimos acompanhar. Foi duro, mas foi muito bom.
Um campeonato sempre atrás do Benfica ou Oliveirense, desde a oitava jornada, nunca vos fez perder o objetivo?
Sabíamos que íamos jogar todos, uns contra os outros, e isso fez-nos acreditar sempre. Estávamos a trabalhar bem e sentíamos que era possível sermos campeões. Dependia só de nós. Foi bom chegar ao fim e festejar em nossa casa.
Este título é diferente daquele que conquistou, na primeira época em que chegou ao FC Porto?
É. Já não ganhávamos há quatro anos. Tínhamos conquistado a Taça de Portugal no ano passado e este ano a Supertaça, mas sonhámos com o título nestes quatro anos. O FC Porto é um clube que vive de títulos. A forma como este foi festejado demonstra-o. Os adeptos precisam e o clube precisa. Este foi especial por ser depois do último segundo do jogo.
Quatro anos sem ser campeão foi muito tempo?
Sem dúvida. Foi uma seca e também por isso este é muito especial. Quem joga aqui é obrigado a ganhar. Viu-se no fim, adeptos, jogadores e dirigentes… toda a gente a chorar.
O que fez a diferença para o vosso lado?
O nosso querer e trabalho e se calhar a injusta expulsão do Jorge Silva. Deu-nos uma motivação extra para encararmos com mais força os jogos que faltavam. Fazer jogos importantes sem um elemento da equipa é muito mais difícil.
E a vossa festa?
Foi brutal. Não é difícil de imaginar. Foi uma festa como tinha de ser. A maneira como o título foi conquistado arrepia.
Até onde pode ir este FC Porto, com jovens de tanto potencial?
Queremos construir uma montanha de títulos. E ser portista ajuda muito. Temos de dar mais mérito a nós do que demérito ao Benfica.
Poderá ser o princípio de um novo ciclo do FC Porto?
Tive a felicidade de fazer parte de um grupo que conquistou o decacampeonato, que marcou a história do hóquei português e mundial. Ensinaram-me que, num clube como o FC Porto, ganhar é que é importante. É o que nós queremos, como jogadores e portistas.
Sentiram pressão pelos falhanços desta época nas outras modalidades?
No FC Porto, somos uma família nas modalidades. Vivemos os jogos uns dos outros. Recebi mensagem desses amigos a darem-nos os parabéns. Não tivemos mais pressão. Estamos sempre a puxar para que todos juntos possamos dar muitos títulos ao clube.
O Hélder Nunes aspira a vir a ser uma referência na história do hóquei portista?
As referências são-no pela sua forma de ser e estar. Houve quem me transmitisse o sentimento do FC Porto e, esses sim, foram referências. Um dia que saia do FC Porto gostava que as pessoas me vissem da forma como eu olhava para os meus colegas do passado.
(fonte: ojogo.pt)