Pinto da Costa revelou, no Thinking Football Summit, uma história curiosa com Victor Fernández, o único treinador que despediu até hoje.
“Gosto de ter treinadores que ganhem. Se eles depois são simpáticos, antipáticos, não é problema para mim. Felizmente tenho tido relação com praticamente todos e quando deixam de ser treinadores continuam meus amigos”, começou por dizer.
“Tenho um caso que para mim é excecional. A única vez que despedi um treinador, – outros saíram porque entenderam que não tinham condições -, foi o Victor Fernández, que esteve no FC Porto e venceu. Não foi por incapacidade ou por não ser amigo dele. Um dia antes de um jogo com o Braga, para o campeonato, tive conhecimento que houve três jogadores que tinham feito uma direta, que tinham estado em Vigo, num boteco, e vieram diretos para o treino. Eu soube e eles não estavam em condições de jogar, era uma quinta-feira, jogávamos no sábado. Disse ao mister, ‘aconteceu isto, estes jogadores estão fora’, ele disse ‘vou ver’. E eu ‘não é vou ver, é estão fora’. E eles estavam na convocatória. Eu disse ‘míster, acho que não percebeu a minha conversa’. ‘Convocados é uma coisa, jogar é outra’, disse o Fernández”, continuou.
“No sábado os jogadores entram em campo e estão os três em campo. Um a meio sentiu-se tão cansado que sem mais nem menos deu um pontapé num jogador do Braga, os outros dois quase não se mexiam. Ele disse: ‘presidente, tinha razão’. Eu disse: ‘Amanhã às três horas falamos’. ‘Os jogadores sabem o que se passou, entendo que não tem condições para continuar’, disse eu. ‘De facto tem razão, não devia ter feito isto’, disse Fernández, e rescindimos contrato. Passado um ano ou dois fizeram uma das festas mais bonitas que presenciei, dos 25 anos, no Palácio da Bolsa, e convidaram Fernández. Ele veio propositadamente. Ele disse-me: ‘venho aqui não pelos 25 anos, mas sim pela amizade que tenho por si e pelo muito que aprendi consigo. Crio sempre uma boa relação de amizade, até com o treinador que tive de despedir. Era um treinador competente, está na nossa história, é vencedor da Taça Intercontinental”, relevou Pinto da Costa.