FC Porto

Francisco J. Marques: “Rui Pinto? Interessava-me a informação e não quem a enviava”

O ex-diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, reafirmou esta quarta-feira o “interesse público” das informações que partilhou no Porto Canal, obtidas através de Rui Pinto, o criador do Football Leaks, que se encontra a ser julgado.

“O que eu procurava eram elementos que alteravam a verdade desportiva. Isso era de interesse público, e isso nunca se coloca em dúvida”, destacou Francisco J. Marques, que exerceu a função de diretor de comunicação do FC Porto entre 2016 e 2024.

Durante uma nova audiência no Juízo Central Criminal de Lisboa, Francisco J. Marques prestou depoimento através de whatsapp, respondendo a várias perguntas sobre o processo e mencionando que recebeu cerca de 20 gigabytes (GB) de informações.

“É humanamente impossível analisar 20GB de dados. O que me interessava eram as informações e não a identidade de quem as enviava. O remetente preferia permanecer anónimo e, como jornalista, eu aceitei. Confirmar a veracidade foi bastante simples”, enfatizou.

Francisco J. Marques era parte do painel do programa “Universo Porto da Bancada”, do Porto Canal, “dedicado à atualidade desportiva em defesa do FC Porto”, onde foram divulgadas informações confidenciais sobre o rival Benfica, através de e-mails.

“Comprometi-me a entregar tudo o que recebi à Polícia Judiciária [PJ]. Sempre que recebia nova informação, informava a polícia”, acrescentou, esclarecendo que “não recebi caixas de correio de Luís Filipe Vieira e Domingos Soares de Oliveira, mas e-mails isolados, sim”.

Rui Pinto enfrenta um julgamento por 241 crimes no total, incluindo 201 de acesso ilegítimo qualificado, 22 de violação de correspondência agravados e 18 de dano informático.

Além do Benfica, outras entidades e figuras visadas incluem diversos clubes, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional, empresas, sociedades de advogados, juízes, procuradores, a Autoridade Tributária e a Rede Nacional de Segurança Interna.

O criador do Football Leaks foi pronunciado para julgamento em março deste ano, com o Tribunal Central de Instrução Criminal a anistiá-lo de 134 crimes de violação de correspondência, com base na aplicação da lei de amnistia aprovada em 2023, durante a Jornada Mundial da Juventude, uma vez que os crimes foram, alegadamente, cometidos antes de completar 30 anos.

Rui Pinto foi condenado em setembro de 2023, no caso “Football Leaks”, pelo Juízo Central Criminal de Lisboa, a quatro anos de prisão com pena suspensa, por crimes de extorsão na forma tentada, violação de correspondência agravada e acesso ilegítimo.

Em novembro de 2023, foi ainda condenado a seis meses de prisão em França, também com pena suspensa, por acesso ilegal a e-mails do Paris Saint-Germain.