Bonitas palavras nesta entrevista ao O Jogo, grande Rui!
Rui Silva: "O Dragão Caixa é um caso raro"
Central que na época passada trocou o Sporting pelo FC Porto elogia o clube, fala em dirigentes empenhados e apelida de inferno o Dragão Caixa
Rui Silva, central que o FC Porto contratou ao Sporting na época anterior, começou a dar nas vistas cedo, tendo sido alvo de uma reportagem alargada de O JOGO com apenas 14 anos.
Nove anos depois de ter começado a ser conhecido, no Francisco de Holanda, quem é o Rui Silva?
-Mantenho a forma como fui educado pelos meus pais, o que aprendi em criança, os meus princípios, mas sou certamente melhor pessoa, por tudo o que a vida me deu e creio que melhor jogador.
Os sonhos que tinha aos 14 anos já se concretizaram?
-Ainda não se concretizou o maior, mas tenho sonhos realizados, como estar no topo do andebol português, jogar no FC Porto, o clube que mais ganha, que mais atletas forma para o estrangeiro, o que é muito importante para o nosso andebol, e o ter atingido a Seleção Nacional A.
Com 23 anos, sendo muito novo, é quase um veterano...
-É verdade [risos], já jogo na I Divisão desde os 16 anos, mas ainda estou à procura do que mais quero, que é ser campeão nacional, e foi por isso que vim para o FC Porto, dei este passo para ser campeão.
Como vê o FC Porto, houve alguma coisa que o tenha surpreendido?
-Vim para um clube competitivo e que me pode proporcionar um futuro melhor. Estou aqui para ser campeão, vim por querer ganhar. Já sabia como era o clube, mas admito que fiquei deslumbrado com algumas coisas, como o primeiro FC Porto-Benfica, em que o pavilhão estava completamente cheio. No Sporting, em cinco anos, tive dois jogos de pavilhão cheio e foram com o FC Porto.
Como explica isso?
-Houve um ano em que jogámos em cinco pavilhões diferentes, mas aqui as pessoas vivem mais o FC Porto do que em Lisboa vivem o Benfica ou o Sporting.
Se diz que se mudou para o FC Porto para ser campeão, o caminho que estão a fazer parece ser favorável?
-Este é o caminho que todos desejávamos percorrer desde o início do ano e tínhamos como objetivo ser campeões. Está a concretizar-se, apenas com vitórias no campeonato.
E nas outras provas também. Como é possível só vencer perante equipas de vários países, diferentes escolas de andebol?
-Tem a ver com a preparação que vimos a fazer desde o início do ano, mas também porque temos um treinador que prepara muito bem os jogos, até ao mínimo detalhe. Isso dá-nos maior à-vontade quando defrontamos adversários diferentes do que estamos habituados em Portugal e mostra que temos valor, que somos boa equipa e que temos muito para dar mesmo a nível europeu.
Voltando ao campeonato, não havendo play-off e sendo este ano jogado a pontos corridos, esta série de vitórias tem mais importância?
-Todas estas vitórias permitem-nos estar à frente e ser mais regulares, que é o objetivo do campeonato deste ano, o que é mais justo porque premeia a regularidade e a equipa que está melhor ao longo de todo o ano. Na época passada, perdemos um jogo nos 60 minutos um ano inteiro ...
Como encararam aquela eliminação?
-Foi uma desilusão, há que ser sincero. Queríamos ser campeões e dar continuidade à série de títulos que o FC Porto tinha conquistado, mas depois da fase regular que fizemos, em que ganhámos a toda a gente tanto em casa como fora, a desilusão foi ainda maior. Temos culpa, podíamos ter dado mais, mas aconteceu-nos um pouco de tudo, até falhámos oito livres de sete metros num jogo e acho que nunca mais vou viver um jogo como esses.
O facto de terem quebrado essa série de títulos, dá ainda mais vontade de ser campeão?
-Sim, vejo isso em mim e nos meus colegas, tanto nos que já foram campeões como nos que não foram. Temos vontade de mostrar quem é a melhor equipa.
Mesmo tendo o Sporting feito um investimento enorme e ter assumido claramente a candidatura à conquista do campeonato?
-Olhamos para o Sporting como olhamos para o ABC e o Benfica, que se assumiram candidatos desde o início. Mas, acima de tudo, temos de olhar para nós e ter a noção do que temos de fazer. Sabemos que o Sporting fez um investimento muito grande, comprou jogadores muito bons, mas também temos noção que temos um plantel forte, com muita qualidade e se trabalharmos como temos de trabalhar, acredito que somos superiores ao Sporting.
Então está a contar realizar o sonho de ser campeão este ano?
-Sim, claramente. Quero ser campeão aqui, sentir a sensação de ser campeão neste pavilhão. O Dragão Caixa é um caso raro em Portugal, sempre bem composto e nas alturas importantes sempre cheio, com um ambiente fervoroso, com 2500 pessoas a puxar por nós. O Dragão Caixa é fantástico, um inferno para quem põe lá os pés.
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