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O CAMPEÃO QUE OUVE JAZZ E IGNORA O TELEMÓVEL ANTES DA COMPETIÇÃO
Em maio, João Ferreira disse à Dragões que só lhe faltava o título europeu. Agora já não falta
Por Inês Geraldes
João Ferreira começou a jogar bilhar aos sete anos para acompanhar o avô e hoje, aos 23, é uma das maiores promessas do FC Porto. Tem no Dragão de Ouro a sua maior conquista e para ficar completo diz que só lhe falta ser campeão europeu de azul e branco. Ouve jazz e música clássica, entre outros estilos, elege a série Breaking Bad, da estação norte-americana AMC, como a melhor de sempre, acompanha a NBA e derrete-se na presença de qualquer prato de cozinha italiana: pasta ou pizza, não faz diferença. Verdadeiramente relevante é evitar o cansaço e o tédio nas horas que precedem a competição, porque o estado de espírito do jogador reflete-se na mesa de jogo, explica.
Não houve ninguém que me introduzisse ao bilhar. Comecei a jogar aos 7 anos porque o meu pai comprou uma mesa de bilhar lá para casa. Embora não fosse um jogo muito normal para uma criança da minha idade, comecei a interessar-me e a querer jogar com os adultos.
Passava tardes inteiras a jogar bilhar com o meu avô. Sempre disse aos meus pais que queria e gostava de jogar bilhar, mas eles só me levaram a sério quando comecei a ganhar torneios a pessoas mais velhas do que eu. Ainda com 7 anos, num parque de campismo em Espanha onde passávamos férias, ganhei torneios com participantes de 15 anos. Os meus pais encorajaram-me e também perceberam que era um bom desporto para que pudesse desenvolver as minhas capacidades cognitivas.
Perco a cabeça com comida italiana. Adoro todo o tipo de massas, pizzas, lasanhas... Mas também não digo que não a uma francesinha.
A conquista mais marcante até hoje foi, sem dúvida, o Dragão de Ouro. Já ganhei vários torneios e obtive excelentes representações internacionais para Portugal, mas não há nada como ser reconhecido pelo FC Porto.
O FC Porto é o clube do meu coração, do qual faço parte há cerca de 15 anos. Cheguei ainda criança e foi o FC Porto que me fez crescer, amadurecer e a tornar-me no homem que hoje sou. Sempre senti um carinho especial e o apoio incondicional do clube.
Inception e Interstellar são os meus filmes preferidos. Breaking Bad é, para mim, a melhor série de sempre. Como já tenho muito que ler para a faculdade, prefiro algo mais audiovisual para ocupar os tempos livres.
Não consigo eleger um estilo musical. Gosto de boa música, seja de que estilo for. Ouço rock, reggae, clássica, jazz, pop
Depende do estado de espírito.
Adoro futebol, basquetebol e voleibol. Até cheguei a ser campeão nacional de voleibol com 12 anos pelo Castêlo da Maia, mas acabei por optar pelo bilhar, porque, além de sentir que esse é o meu talento, gosto de desafios e da elevada dificuldade do desporto. O meu carácter e personalidade parecem adaptar-se melhor a esta modalidade do que a qualquer outra. Mas o futebol desperta-me um grande interesse e, sempre que posso, vou ao estádio apoiar o FC Porto.
Antes de competir, dado o esforço mental que o bilhar requer, tento não fazer atividades que me cansem muito. Por exemplo, evito estar muito tempo a olhar para o telemóvel, para o computador ou para a televisão. No bilhar, o estado de espírito do jogador reflete-se na mesa, pelo que tento fazer e comer o que me apetece nas horas que precedem os jogos, para levantar um pouco a moral e o estado de espírito.
Acho que o facto de ser tão novo num desporto em que é habitual ver praticantes mais velhos pode incentivar os mais jovens a praticar a modalidade e a acabar com a ideia de que o bilhar é só para adultos. Nesse aspeto, o FC Porto tem feito um excelente trabalho e fico contente por ver que temos um bom grupo de jovens e que muitas vezes olham para mim como uma referência.
O conselho que dou àqueles que, como eu, querem praticar um desporto pouco reconhecido é que continuem a tentar e a acreditar, porque, embora o resultado possa não aparecer tão rápido quanto gostaríamos, cada dia de esforço e dedicação é mais um passo na caminhada para os conseguir.
Aqueles que dizem que o bilhar não é desporto não compreendem por completo o seu conceito e nunca viram nem viveram competições de bilhar a sério. Por vezes, o bilhar é visto como um desporto de café e por isso fica a ideia de que não existe alta competição.
Tenho como principal objetivo ser campeão europeu pelo FC Porto, pois é o único título que nos falta.
Nos tempos livres gosto muito de ver séries, filmes e jogos da NBA, fazer desporto e ir ao Dragão ver o FC Porto. Quando os tempos livres são maiores, adoro viajar e conhecer novos lugares e novas culturas.
Texto publicado na rubrica Passe de Letra da edição de maio de 2017 da Dragões, a revista oficial do FC Porto, a que pode aceder aqui.