A primeira vez que morei cá estive perto disso. Estive cerca de um ano em Oudeschans.
Atualmente, já não tenho muita paciência para centros. Vir para cá foi a primeira decisão estritamente pessoal que tomei em 25 anos de trabalho. Arranjei um escritório no WTC e vim para o pé do Vondelpark. Até porque quase todas as semanas tenho de frequentar o aeroporto, se tivesse de atravessar a cidade sempre que quero apanhar um avião...
Não vejo diferenças em Amesterdão nos últimos 15 anos, para ser sincero. O mesmo na Alemanha. Fiz Erasmus em Hamburgo há 25 anos e passei os últimos 2 anos lá e a demografia é semelhante. Bruxelas é a cidade mais mista que conheço e que reúne todas as nacionalidades possíveis, e não há propriamente problemas no dia a dia devido a diferenças religiosas. Aliás, Bruxelas é de longe a cidade "mais estrangeira" do mundo, mas quem faz aqueles quadros esquece convenientemente que lá residem uns 150 mil europeus emigrados para a bolha europeia. Praticamente 15% da população da cidade é originária de outros países europeus e trabalha nas instituições da UE ou à volta delas. Quando não procuramos os problemas só porque alguém grita que a cor da pele causa insegurança, tendes a não notar a diferença. Surpreendente, eu sei.
Onde noto uma certa diferença naquilo que é a atividade da cidade é Londres. Vivi lá há uns 20 anos e a andar na rua nota-se no tipo de negócios de rua que existem e nas línguas que ouves. Antigamente, havia muitos indianos e paquistaneses, agora é polacos, romenos e africanos. Esses povos super muçulmanos...
E concordo plenamente que é uma questão de integração. A Dinamarca, o tal grande exemplo dos anti-imigrantes, sempre funcionou na perfeição nesse aspeto. A população imigrante do país é superior a muitos outros países europeus, mas sempre houve o cuidado de não criar guetos. Por norma, e isto está bem estudado, a primeira geração de imigrantes tende a trazer os costumes (e as taxas reprodutoras) da sua origem, e isso dilui-se com cada geração. Tem a ver com a educação, com o acesso às comodidades e serviços, com a capacidade que as pessoas têm, ou que lhes dão, para se integrarem nos seus novos países. Na Dinamarca, a segunda geração de imigrantes atinge níveis de educação e de reprodução exatamente semelhantes aos nativos, o que demonstra uma integração perfeita. Ao ver portugueses de bem a se queixarem da "invasão", e a ler nomes de crianças da escola, pergunto-me se é assim que vão ajudar à integração dessas pessoas.
PS. E Lisboa também. Bem sei que ganho dinheiro com isso, mas já era altura de reduzir um pouco o turismo. Atualmente dás um passeio na Av. da Liberdade e fazes photobomb de 50 selfies.
Eles os três não fazem fila numa zona à espera que eu passe. Queres agendar reunião?