É com admiração e espanto, mas com consideração, que vejo tantas certezas sobre jogadores sub17.
Eu não tenho essas certezas, aliás, raramente as tenho, até com sub19...
Sobre selecções já vi de tudo. Cepos serem chamados por questões de clube, de empresário e até para dar jeito para uma vaga na universidade. Já vi craques absolutos que chegam aos sub21 e eclipsam. Já vi desdenhados virarem craques. Nem vou ao exemplo Vitinha e Fábio Vieira (até no FC Porto). Basta um Bruno Fernandes.
Eu só tenho um receio. Dispensar potencial. Custa-me mais dispensar um potencial bom jogador que falhar a contratação de um potencial bom jogador.
Por isso, sou inundado de dúvidas, desconfianças e hesitações. Bem longe das certezas que leio nestas duas páginas.
Dou um exemplo, jamais dispensaria um Leonardo Santos. Se bota corpo, com algum outro detalhe, está ali um avançado do caraças. Percebo que um Famalicão, um Vizela, um Rio Ave salivem por ele. A ver se cai de maduro do FC Porto. Sempre à procura do próximo Gustavo Sá, Duarte Oliveira e por aí fora.
Direi o mesmo do Bernardo Lima, Pedro Davide, João Pereira, etc...
Fora condicionantes externos (a famosa falta de Academia e qualidade na liderança técnica nas equipas de especialização - e bato muito nesta tecla - pois estes lugares não podem ser prémios carreira para alguns ex-jogadores, mas sim gente capaz de desenvolver talentos que o tenha provado por MERITOCRACIA), esta equipa tem dois handicaps. Primeiro, é transversal, decorre de torneios e das convocatórias das seleções, há um bloqueio mental nas equipas do FC Porto quando enfrentam equipas da 2ª circular. Há uma catadupa de erros individuais escandalosos, sendo a maior parte deles não forçados! Segundo, normalmente somos sempre a equipa menos potente em campo. Se é bem verdade que esta característica decorre da procura de talento e não de maturação precoce (e bem!), também é verdade que uma parte deste handicap decorre da incapacidade das equipas técnicas em potenciar essas capacidades (pelo motivo que explico acima). Esta falta de potência é mais evidente nas posições ofensivas, onde há jogadores talentosos, mas com dificuldade em responder ao confronto físico das melhores equipas deste escalão. Ora, equipa que não mete respeito no ataque, fica exposta ao atrevimento adversário. Mais perto dos maus resultados.
Há muitos jogadores do meio campo para frente que nem consigo projectar com exactidão que posição poderão ocupar daqui a 2 anos. Tal é a incógnita que tenho sobre o real potencial físico deles.
Mas pronto, ainda bem que há quem tenha certezas onde eu tenho dúvidas.