Retirei da CNN e eu não diria melhor.
É muito difícil explicar o FC Porto de Martín Anselmi. Sempre que se pensa que não pode bater mais no fundo, aparece a surpreender tudo e todos. Foi assim nesta madrugada de São João, em que os martelos foram de aço para a equipa azul e branca, que até conseguiu arrancar um empate a ferros com o Al Ahly, mas quase exclusivamente por causa de tiradas individuais.
Vamos ser honestos: o FC Porto podia e devia ter perdido este jogo. Podia e, provavelmente, devia ter sido goleado, de tão confrangedora que foi a participação defensiva da equipa, que parecia uma autêntica passadeira estendida. Dos três jogos que fez só conseguiu dois empates e, no fim do dia, merecia ter perdido todos.
Dizia-se que os dragões estavam praticamente eliminados do Mundial de Clubes, sobretudo porque parecia bastante improvável que o Inter Miami vencesse o Palmeiras.
E isso até aconteceu no fim do jogo, já que a equipa brasileira empatou nos últimos minutos, confirmando que Inter Miami e Palmeiras se apuravam. Só que até aí foram os norte-americanos a estar na frente do marcador durante quase todo o jogo. Isso significava, portanto, que o FC Porto sabia que só precisava de ganhar ao Al Ahly.
“Só”, como quem diz, até porque nada é fácil para o FC Porto de Martín Anselmi, que neste momento parece até incapaz de rivalizar com uma equipa amadora - será a pior equipa do Mundial de Clubes logo a seguir ao Auckland City?
Em relação a esta última pergunta, a resposta será fácil: se a medição for em crença e atitude, o FC Porto é certamente pior que os neozelandeses.
Voltando ao jogo, dá muita pena ver alguns jogadores do FC Porto. Dá pena ver Rodrigo Mora, claramente mais esclarecido que os seus colegas; dá pena ver Fábio Vieira, a quem se pede que faça coisas que ele não está talhado para fazer; dá pena ver Samu, que luta com tudo, mas não consegue tudo; dá pena ver o coitado do Iván Marcano a correr como louco aos 38 anos sem que todos acompanhem aquilo que é o seu exemplo.
Senão vejamos: o golo do 1-1 nasce de um ressalto e do génio de Rodrigo Mora, ainda com uma pequena nota para um trabalho interessante de Namaso; o golo do 2-2 nasce de um lance individual de William Gomes; o 3-3 nasce de um canto; o 4-4 nasce de um remate de meia distância. Nenhum deles foi uma jogada coletiva altamente planeada ou com caraterísticas claras de uma equipa que sabe o que está a fazer.
Depois, lá atrás, a coisa foi tão má que deu para fazer do palestiniano Abou Ali um autêntico ponta-de-lança. Atenção, é um bom avançado, mas contra esta defesa do FC Porto é infinitamente mais fácil.
Não é que se consigam apontar erros individuais absolutamente gritantes - há o mau passe de Namaso e mais um lance aqui e ali, certo -, mas todo o coletivo é mau e é poucochinho. Se calhar num lance é Zé Pedro que devia subir e não subiu, noutro é Iván Marcano que não estava totalmente bem... mas é o coletivo, ou falta dele, que assusta. E isso não parece totalmente solucionável só com a contratação de um grande central, ou até mesmo dois. Nota ainda para Cláudio Ramos, que até fez um Mundial de Clubes positivo, mas deixa notas claras de que não está, nem pouco mais ou menos, ao nível de Diogo Costa. Se for verdade que o titular da baliza da Seleção quer sair, os dragões têm ainda mais problemas para resolver.
Dá pena para todos, até para aqueles que não parecem ter as capacidades mínimas para jogar num clube com estes pergaminhos. Jogar e, diga-se de passagem, treinar, já que Martín Anselmi não parece minimamente capaz de endireitar as coisas.
Não parece sequer percebê-las. Como é que Gonçalo Borges salta quase sempre primeiro que os outros quando há ali um rapaz chamado William Gomes? O brasileiro é indubitavelmente melhor, decide indubitavelmente melhor e faz quase tudo indubitavelmente melhor. Como é que Namaso é titular? Não se percebe, até porque Samu está num bom nível. Como e porque é que Stephen Eustáquio começa o jogo a defesa direito, para depois passar rapidamente para o meio? Não se entende.
Neste poço sem fundo em que o FC Porto se enfiou há uma pergunta por responder: é este treinador que deve começar a próxima época? Não parece, de todo, com capacidade para tal.
Toda a gente vê só AVB e o seu director desportivo é que não.
Quero acção Presidente.