Penso que é unânime o que se lê!
Expectativas baixas por Miguel Sousa Tavares
1 -Não tenho grandes expectativas para 2024 no que ao meu clube diz respeito. Como já aqui escrevi, esta é talvez a mais fraca equipa de futebol do FC Porto, pelo menos, da última década. A defesa é o desastre que está à vista, só segura pela classe em fase terminal de Pepe e a categoria de Diogo Costa: a lesão de Marcano foi um golpe tremendo e não reparado na altura certa. O meio campo é um deserto de ideias e competência, que vivia da inspiração única de Otávio, logo vendido à primeira oferta, decorridas apenas três jornadas do campeonato e a acrescentar à saída de Uribe – nenhuma das duas compensada sequer de longe. E o ataque, o sector menos desfalcado, atravessa uma crise de rendimento e concretização a que não será alheia a falta de jogo fornecida pelo meio campo. Há meia dúzia de jogadores, se tanto, com capacidade para serem titulares habituais de uma equipa com as responsabilidades e o estatuto do FC Porto e o resto são jogadores banais ou medíocres. Se bem que estejamos apenas a 3 pontos do duo lisboeta da frente – e depois de duas derrotas em Lisboa jogando longo tempo em inferioridade numérica – e ainda em prova na Liga dos Campeões, depois de ultrapassada a primeira e decisiva fase, não vejo ali capacidade de superação para ir buscar o título nacional e, menos ainda, dar conta do Arsenal nos oitavos-de-final da Champions. Oxalá pudesse estar enganado, mas há muito anos que sigo de perto o FC Porto e julgo saber sentir quando é que temos equipa para ultrapassar as dificuldades e quando é que não temos.
Por outro lado, não alimento ilusões sobre o tal milagre financeiro/contabilístico que conseguirá, como que por magia, fazer desaparecer até ao final do ano – isto é, nos próximos dias – o déficite aterrador que a "gestão de sucesso" da SAD acumulou. O Pai Natal já era e os 55 milhões do Euromilhões, que eu saiba, não saíram ao FC Porto. Mas como essa, a par da qualificação para os ‘oitavos’ da Champions, era uma das condições para a enésima recandidatura de Pinto da Costa, lá teremos então mais uma vez a mesma história contada às criancinhas e novo mandato dele e da sua gente. Só más notícias. E, sobre tudo isto, uma indiscutível sensação de desgaste e descrédito, de filme já,demasiadamente visto, com actores que parecem saídos de um museu de cera olhando o vazio.