À muito que aprendi a conviver com o benfica...
Sou de Lisboa e quando era miúdo em casa era tudo adepto fervoroso do benfica.
Quando eu tinha uns 9 anos, o meu avô, que era do Porto e um grande adepto do FC Porto, começou a ficar doente. Ele tinha um cancro nos pulmões e a coisa estava a ficar feia. Por causa disso, ele teve de vir viver connosco. Foi uma mudança grande, não só porque a casa ficou mais cheia, mas também porque ele trouxe com ele uma paixão pelo Porto que eu nunca tinha visto.
Lembro-me de ele contar-me histórias sobre os jogos, os jogadores, aquelas noites incríveis no Estádio das Antas. Mesmo com a saúde a piorar e a voz a falhar, ele nunca perdeu o entusiasmo. Era incrível como, apesar de tudo, ele conseguia ser tão apaixonado. As histórias do Pedroto, António Oliveira, Custódio Pinto, Rodolfo Reis , Fernando Gomes, enfim ele era uma enciclopédia do FC Porto.
Quando ele faleceu, foi uma grande perda para todos nós. E eu, que até então nem ligava muito a futebol, senti que tinha de continuar a apoiar o Porto, como uma forma de me lembrar dele e de tudo o que ele me contou.
Já em adulto fui às Antas pela primeira vez. Foi estranho. Cada canto do estádio, cada cântico das claques, fazia-me lembrar o meu avô. Foi uma mistura de alegria por estar lá e tristeza por ele já não estar connosco.
É isso, basicamente o meu avô, mesmo sem estar cá, fez-me um adepto do Porto. Sempre que vejo um jogo, lembro-me dele. É como se, de alguma forma, ele ainda estivesse aqui comigo.