Eu gostava de saber como é que com a postura que tem tido pensa conseguir ter a equipa com ele.
Não se trata de parvoíces de carinho e isso mas ou os jogadores são mesmo assim de temperamento (como o Octávio que é de louvar pois de certeza já tem contrato apalavrado e dá sempre o litro) ou então quem toma as suas dores? Os emprestados que ele já queimou na praça publica? A malta da "formação" que não basta o ser? Os que foram pais? Os que vão sair a custo zero?
A verdade é que equipa é uma casa a arder. O SC tem este feitio, um pouco do estilo do actual Mourinho mas sem a qualidade do mesmo: garra, luta, "os outros menorizam-nos mas nós vamos fazê-los ver"; fazer do coração e da pressão uma arma para esconder a ausência de classe técnica; defender com todos para se dizer que se defende bem; avaliar e louvar os avançados porque defendem e são solidários com a Equipa e não os defesas e meio campo porque são sólidos a defender ou os avançados porque são eficazes.
SC implantou quando veio um estilo de jogo que se adaptou à equipa que tinha: uma equipa possível, de combate e com um ou dois artistas. Teve o mérito de usar o que tinha um pouco como o RA agora, com a diferença que este pediu e teve algumas (poucas) trutas. Resultou porque ninguém estava preparado para este tipo de jogo agressivo e porque os jogadores tomaram as dores de quem se sente e é visto como mediocre. E isto continuou ao longo dos anos. A diferença é que ao início ninguém sabia como impedir o jogo do NGC a bombardear a área com cruzamentos e ressaltos que invariavelmente resultavam em golo, ou não sabiam como retirar o espaço ao Marega, a nossa grande arma a atacar a profundidade e até as bolas paradas eram difíceis de controlar. Atualmente, como ainda ontem me fizeram questão de fazer ver, as equipas igualam-nos em agressividade; jogam com uma linha de 5 defesas atrás para evitar os cruzamentos tensos ou penetrações (e agora já não há quem cruze e já não há Soares), deixam um central com Marega para o travar no físico e o empurrar para a linha, outro com o outro avançado e um na deixa. Povoam o meio campo e deixam 1 ou 2 avançados móveis e rápidos. Se aguentarem as investidas das bolas bombeadas e conseguirem segurar uma bola entre as nossas linhas ( o que é fácil pois SC projecta os laterais ao mesmo tempo) ou o avançado segurar uma bola na frente é uma desgraça no contra golpe.
Porque a nossa equipa desgasta-se muito a atacar, porque quer atacar de forma vertiginosa e rapidamente perde a posse de bola. O que implica defender ou correr demasiado para tentar desposicionar adversários que não o fazem porque... eles estão bem confortáveis nas 2 linhas 5+3 ou 5+4 que criam.
Os laterais adversários só tem a preocupação de não permitir penetrações porque as bolas bombeadas para a área com esta dupla Marega e Taremi, e em regra só um porque o outro descai para a linha, são fáceis de resolver.
Além disso, perde-se a conta ao números de bolas entregues as adversários com os chutões para a frente. Jogamos sem médios de ligação, os dois que temos no meio lateralizam o jogo ou jogam atrás. Não há um único jogador vertical, com excepção eventualmente do Octávio, que quando joga nesse espaço ainda vai tentando rasgar.
Quando se perde a bola, com o decorrer do tempo de jogo, a equipa fica sem saber o que fazer parece-me: nem encurta o campo e pressiona na frente como no início da era SC (se calhar porque falta um Danilo?), nem sempre recua as linhas para trás do meio campo, o que só resulta contra equipas que nos querem ganhar (que no burgo são poucas). Fica ali uma coisa hibrida, com a pressão de dois na frente (que se desgastam imenso) contra ,em regra 3 defesas que vão trocando a bola, e depois disso o deserto: os 2 médios de sc não sabem bem o que fazer, se saem à bola se não até porque sabem que estão em inferioridade no meio. Os alas fecham por fora ou, às vezes lá vai um pressionar o lateral... E sempre a incerteza dos duelos... se calha de entrar um cruzamento na nossa área e sai um ressalto para a zona 6, e se um adversário ganhar ali a bola é tiro ao pato já que tanto SO ou Uribe ou quem joga ali não tem cultura de 6, do bom e velho trinco.
Quantos golos sofremos assim? O que é preciso para se jogar com um verdadeiro 6 ali na cabeça de área.
É triste quando me dizem e explicam que qualquer equipa da nossa liga se sente confortável ao nós atacar e a deixar apenas 3 defesas para trás: sabem que a nossa saída em contra ataque ou é através de um passe longo e aí entra o "empurrar" de Marega com tudo para a lateral ou a falta sobre Taremi se eles segurarem a bola, ou os únicos com rapidez a sair, Corona e/ou Diaz é travar logo ali... mas a maioria das vezes o jogo sai mastigado e regressa aos dois do meio que voltam a fazer girar a bola. E o adversário, com calma, ajusta... E espera pela tentativa de combinação lateral seguido do cruzamento mais ou menos sem critério ou a equipa procura chamar o adversário, que sobe, para fazer mais um balão nas costas.
E levo sempre com o "jogam como equipa pequena"... E concordo. Este tipo "vinho da tasca" é a bebida dos fracos que se agigantam contra os grandes, dos que fazem do suor técnica e do ressalto uma estratégia de jogo.
Por isso, tendo SC os seus méritos, para mim está datado no tempo. E ficando por mérito próprio como obreiro de títulos em dificuldades extremas, não será certamente recordado pela capacidade técnica ou qualidade de jogo.
A meu ver não tem grande mercado nas equipas grandes. Nem equipas como o Atlético de Madrid aguentariam este tipo de jogo.
Desculpem o desabafo.