O FC Porto ripostou esta terça-feira contra as duras críticas lançadas pelo Benfica na segunda-feira, através da newsletter “News Benfica”, em que as águias alegam que “nunca foi tão evidente a pressão sobre as equipas de arbitragem”.
No “Dragões Diário”, o FC Porto fala de “corrupção”, “tráfico de droga” e fuga à justiça por parte de “um diretor de futsal”. Eis o texto completo, que merece a leitura por parte dos adeptos do FC Porto:
É natural que uma instituição que alcançou os maiores sucessos num tempo em que tinha uma ligação estreita com a ditadura e que tem sido nos últimos anos dirigida por uma pessoa que já foi condenada por roubo e por um grupo de indivíduos que inclui um diretor jurídico que vai ser julgado por corrupção, um diretor do departamento de apoio aos jogadores preso por tráfico de droga e um diretor de futsal fugido durante nove anos à justiça seja uma instituição complexada com o próprio passado e com o presente.
A edição de ontem da newsletter anónima (mas oficial) do Benfica acusa o FC Porto de obter benefícios desportivos de uma alegada prática de pressão sobre as equipas de arbitragem. A mesma publicação, num exercício habitual de revisionismo histórico, aponta ainda o dedo ao FC Porto por “decidir nomeações” e “premiar” uns árbitros e “ameaçar” outros. Convém recordar alguns factos.
Recordamos que não foi o presidente do FC Porto que mandou baixar a nota de um árbitro, num caso em que a nota até baixou mesmo mais do que alguma vez tinha baixado.
Recordamos que não foi o presidente do FC Porto que disse que determinado árbitro “não pode apitar mais” o seu clube e que, como prémio, obteve precisamente a não nomeação desse árbitro para os restantes jogos da época em que essa declaração foi proferida.
Recordamos que não foi o treinador do FC Porto que disse em tom ameaçador que ia “estar atento” à carreira de dois árbitros, que na época seguinte seriam protagonistas de erros graves de arbitragem que beneficiariam a equipa que os ameaçou.
Recordamos que não foram adeptos do FC Porto que partiram os dentes ao árbitro Pedro Proença ou foram condenados por agredirem um árbitro assistente em pleno jogo ou por ameaçarem o árbitro Jorge Sousa.
Recordamos, já agora, que não foi o FC Porto que foi denunciado em tribunal por tentar corromper jogadores do Rio Ave e do Marítimo.
Recordamos que não é o FC Porto que tem um presidente e um vice-presidente arguidos num caso em que se investiga a corrupção de um juiz.
Recordamos que não é o FC Porto que tem o até há bem pouco tempo diretor jurídico pronunciado por corrupção.
Recordamos que não é o FC Porto que está a ser investigado no âmbito do caso Mala Ciao, por corrupção de equipas adversárias.
As vitórias que o Benfica alcançou durante os mandatos de um homem que já foi condenado por roubo são suspeitas porque as autoridades as investigam enquanto tal e porque são conhecidas várias provas que colocam em causa a sua legitimidade. Tudo o que o Benfica comunica sobre a lisura dos desempenhos dos rivais tem como propósito tentar ocultar esta triste realidade e lançar para a casa dos outros a lama em que o clube está atualmente mergulhado. É palha para burros. Há sempre quem a coma.
Uma questão de critérios
Menos de 24 horas depois do acontecimento, o Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (CA) veio a público explicar que o golo que o Belenenses marcou ao FC Porto foi legal, contrariando o que defendem vários especialistas na matéria.Não é comum o CA, por voz própria ou através dos árbitros, pronunciar-se sobre os lances polémicos da Liga portuguesa, mas esta época já é a segunda vez que acontece: à quinta jornada, foi a vez de Vasco Santos explicar que errou enquanto videoárbitro ao não reverter um penálti assinalado a favor do FC Porto.
Perante estes dois casos, mesmo discordando da substância das posições assumidas, elogiamos a coerência do CA, que intervém sempre em função do mesmo critério: só fala quando acha que o FC Porto foi beneficiado ou não foi prejudicado.
Ainda assim, como acreditamos que o CA não quer ser só coerente e também pretende ser justo, continuaremos confortavelmente sentados à espera que venham esclarecer:
– por que é que o segundo golo do Benfica no Bessa, há quatro dias, foi validado;
– por que é que o primeiro golo do Benfica frente ao Santa Clara, há 31 dias, foi validado;
– por que é que Florentino não foi expulso em Tondela, há 44 dias;
– por que é que não foi assinalado penálti por falta de Florentino sobre Gabrielzinho, em Vila do Conde, há 212 dias;
– por que é que não foi invalidado um golo em fora de jogo de João Félix, em Vila do Conde, há 212 dias;
– por que é que foi assinalado um penálti por falta inexistente sobre João Félix, em Braga, há 226 dias;
– por que é que João Félix não foi expulso, em Braga, há 226 dias;
– por que é que Florentino não foi expulso, em Braga, há 226 dias;
– por que é que foi mal anulado um golo contra o Benfica, na Feira, há 247 dias;
– por que é que foi assinalado penálti por suposta falta sobre Pizzi, na Feira, há 247 dias.E podíamos continuar por aqui fora a elencar mais casos que o Conselho de Arbitragem ainda não teve a oportunidade de esclarecer. E é realmente uma pena que não o faça, porque ajudaria verdadeiramente a clarificar como é que o Benfica ganhou o campeonato passado e como é que lidera o atual com quatro pontos de vantagem.”