Crónicas

FC Porto 3 – Arouca 0: “Jogo de sentido único”

 

Vitória justa, não direi “fácil” mas valha a verdade, julgo que não teremos partidas em que o domínio e controlo do jogo sejam tão acentuados como o de ontem.

Em termos de 11 inicial, relativamente à partida vs Brugges, apenas uma alteração: entrada de Corona para o lugar de Otávio (que precisa de descansar).

A mudança não alterou o sistema (4x1x3x2/4x4x2) mas obrigou a uma oscilação. Desta vez, o desequilíbrio do médio/3.º avançado ocorria no lado direito com Corona, enquanto no lado esquerdo era Alex Telles que percorria todo o flanco com a ajuda de Óliver.

O Porto entrou a todo o gás. Na ressaca de noite europeia urgia resolver o jogo cedo e evitar dissabores, como aquele que aconteceu em Alvalade alguns minutos antes.

Grande jogada individual de Corona, logo aos 4 minutos, com a bola no poste prometia uma noite de gala. Depois, Óliver, aos 9’, quase marcou, após passe de Herrera.

Foram duas oportunidades claras nos primeiros 10 minutos de jogo. Paulatinamente, o ritmo de jogo foi baixando mas sempre com o Porto a ter a bola. Aliás, o Arouca só tinha um momento – o defensivo – não arriscando um milímetro, preferindo adiar o golo do adversário.

O Arouca acertou nas marcações e conseguiu, por momentos, suavizar o domínio portista. Artur que tinha como missão jogar nas costas do avançado, foi obrigado a cobrir Óliver que estava a “rasgar” a defensiva contrária. A partir daqui, nunca mais o Arouca construiu uma jogada decente e o jogo só tinha um sentido.

Aos 33’, bela jogada de entendimento, com Jota a rematar fraco com o pé esquerdo e a permitir a um defesa contrário cortar em cima da linha de golo.

Quando já me preparava para ir jantar (durante o intervalo) surge o 1.º golo da partida. A dupla-maravilha da frente de ataque: Jota na assistência e André Silva a marcar (mais um golo na sua conta pessoal). Estava feito o mais difícil. O muro do Arouca tinha sido derrubado.

Ao intervalo, a vantagem era mais do que justa.
A 2ª parte foi diferente. O Arouca começou a jogar no campo todo e deu para compreender as actuais debilidades da turma orientada por Lito Vidigal. Muito longe da prestação da época passada. Os visitantes deram muito espaço, que o Porto, diga-se, não soube aproveitar, no contra-ataque.

Entre os 45’ e os 60’ contabilizei 3 ou 4 situações em que bastava decidir bem para que o desfecho das jogadas fosse outro.
Neste momento, o Porto já jogava com 10, digamos assim. Corona entrou muito bem mas depois de um toque que sofreu colecionou disparates e para o final já nem se via em campo.

Deste modo, não surpreendeu a sua saída, aos 64’. Brahimi rendeu o mexicano. Óliver (boa exibição) deu o seu lugar a Rúben Neves.

O jogo manteve a toada e o sentido único de sempre. Com Alex Telles muito activo no corredor mas a teimar nos cruzamentos à bruta. Alguém tem de dizer ao brasileiro que não basta atirar bolas para a grande-área adversário. É preciso direcionar o cruzamento para um colega de equipa.

A sociedade Jota»Silva funcionaria, novamente, aos 77 minutos. Era o 2-0. Uma dupla da frente cuja média de idades é inferior a 20 anos deve ser motivo de destaque. Julgo que nunca o Porto teve tanta juventude com talento, em simultâneo, numa zona do terreno que é essencial.

Até final nota para os momentos Brahimi. Os exageros, o individualismo e por fim… a rendição com um grande golo. Pena a reacção do jogador. O argelino tem de perceber que os adeptos não querem que ele finte 10 jogadores adversários e marque golo. Nós só queremos que ele jogue com a equipa e para a equipa. O seu golo foi dele, apenas.

A conferência de imprensa de Nuno Espírito Santo deve servir como exemplo para este tipo de comportamentos.
Em suma, vitória justa, folgada, tranquila. Num jogo de sentido único.

Positivo:
– A sociedade Jota»Silva. Palavras para quê? Basta vê-los jogar…
– A postura do Porto durante os 90 minutos. Fomos uma equipa.

Negativo:
– A atitude do Arouca na 1ª parte. Lito Vidigal apostou nas tácticas dos anos 90 para anular o Porto. Felizmente estão obsoletas.
– Se Corona esteve demasiado tempo em campo foi porque alguém o deixou lá ficar. Como o adversário não fez mossa… ninguém reparou que o Porto jogou, durante largo tempo, com apenas 10 unidades.

 

Por Jorge_Dragao_Aveiro