Futebol

Entrevista de Marcano ao Porto Canal

Marcano, central do FC Porto, comenta a dupla com Felipe e o rendimento defensivo da equipa numa entrevista ao Porto Canal.

Elogio de Pinto da Costa: Marcano e Felipe uma das melhores duplas da história do clube: “É uma honra. Há que ser humilde, o FC Porto tem uma grande história, teve centrais muito grandes, não posso falar de todos, mas há o Ricardo Carvalho, que é provavelmente o central que mais admiro, não só do FC Porto, mas de todo o mundo… Por um lado, creio que o presidente é inteligente, porque nos motiva, por outro penso que o clube já teve grandes centrais”.

A dupla: “Pelos vistos, ele é muito bom no basquetebol, mas eu não, eu só gosto de ver. Gosto muito de ver NBA. São coisas diferentes, ele é bom a jogar, eu sou bom a ver. Quanto à dupla, afinal estamos bastante concentrados, nota-se. As coisas menos boas que um possa ter são complementadas pelas qualidades do outro, e assim as coisas estão a ir muito bem”.

Conversas e reprimendas: “Sim. Sempre aceitei bem os conselhos dos companheiros. Eu e o Felipe ajudamos muito um ao outro”.

Telles ou Layún muitos ofensivos na esquerda. A chave que fecha o Cofre? “Sim, são ofensivos, mas regressam rápido. Dois bons defesas, às vezes Danilo e Ruben também vão aquelas zonas, são muito importantes quando eles sobem. Fecham a defesa, completamo-nos nos equilíbrios bastante bem”.

Só três jogadores puramente defensivos: “Sabemos que os da frente também fazem um sacrifício muito grande para nos ajudarem na defesa. Fala-se muito do Brahimi, porque houve uma mudança no seu jogo, Andre Silva e Soares, que ajudam muito. Fala-se de todos. Jota é outro caso, Óliver e André André também têm feito um trabalho espetacular a defender. Corona também. Recordo-me de uma partida, em que fez uma recuperação espetacular até à defesa. Estão a fazer todos um trabalho espetacular, porque sabem que estamos todos juntos no mesmo barco. Quando vês que te estás a esforçar muito e que estás a ajudar a equipa, dá-se um clique que é importante para crescer e melhorar”.

Ajudar Casillas a bater recordes: “O importante é ganhar os jogos. Claro que é importante para um defesa que não te metam golos, mas o mais importante é ganhar. O que todos queremos é isso”.

Marcano fala sobre a comunhão entre equipa e os adeptos. Objetivo é retribuir com títulos.

Dar títulos aos adeptos: “Está claro. Estou aqui há dois anos, dois anos sem títulos. Eu venho da Rússia, sobretudo porque quero viver o futebol de uma forma forte, intensa, e sei que o FC Porto vive o futebol dessa maneira. Quero viver para ganhar, quero jogar para ganhar e não conseguimos isso nestes dois anos que cá estou. Fiz um esforço real para vir para aqui e tentar ganhar e ainda não consegui, imagino os adeptos que são de um clube grande e estão habituados a ganhar. Quando se habituam a ganhar, querem ganhar sempre. Por nós e por eles, temos que ganhar”.

A fortaleza, tão falada por Nuno Espírito Santo: “Sim, mas nós é que temos de fazer com que os adeptos queiram vir ver os jogos. Nós é que precisamos deles, nós temos que dar tudo para que eles venham. Este ano, que as coisas estão a correr bem, eles acompanham-nos não só em casa, mas também fora. A partida no Bessa espetacular, as seguintes também. Este ano há uma grande comunhão entre adeptos, jogadores e clube”.

Bessa e não só, mas no Bessa foi um apoio muito forte: “Foi como jogar em casa. A comunhão adeptos/jogadores foi incrível. Essa partida também marca um antes e um depois de como os adeptos vêm a equipa, que creem que esta temporada pode ser”.

Espécie de anti vedeta: “Sim, sempre fui assim, uma educação que tive foi nesse sentido. Ensinaram-me a ter os pés no chão quando as coisas vão bem, tomei isso muito a sério. Tenho low profile fora do campo”

Timidez, até quando pedem um autógrafo: “Sim, sou um pouco tímido. Choca que me peçam essas coisas, mas agora já não tenho 19 anos e é diferente”.

Numero 5: “Um número de central, de central esquerdo. Outro número que gosto muito estava ocupado, o 23. Gosto muito pelo basquetebol”.

Michael Jordan: “Não sou original, Jordan marcou muitos jovens, a mim também. Paul Gasol também me marcou muito, grande profissional”.

O pai Marcano: “Tenho sorte que o meu filho dorme bem. Antes mais importante era eu, agora é o filho”.

Conselho a alguém que venha de Santander ao Porto: “Que dê passeio pelo centro, tem encanto especial. Baixa, rio, pontes. Iker faz trabalho muito importante para isso. Se fores Santander, tens uma das 50 melhores baías do mundo”.

Rubin Kazan: “Não era a minha praia. A cultura era muito diferente, o clima é diferente, foi mais difícil. Havia um grupo de latinos, que nos ajudávamos muito, tinha um treinador que confiava muito em mim. Fizeram-me uma oferta praticamente irrecusável, era importante para mim e para a minha família. Fizemos um bom papel e guardo apenas as boas recordações”.

Chegada ao FC Porto de Lopetegui: “Foi uma época muito confusa no Rubin Kazan, houve uma mudança de presidente e de dirigentes, não havia um poder instalado no clube, não sabiam bem se haviam de me vender ou não. Estive aqui um mês antes de ser contratado, houve retrocessos nas transferências, passei muito tempo aqui, fiquei feliz pela confiança que depositaram em mim, especialmente para um jogador que não era conhecido aqui. Felizmente chegou tudo a um consenso e aqui estamos”.

Ausência na pré-época influenciou a temporada: “Provavelmente sim. Acabei de jogar no campeonato russo em finais de março e cheguei ao Porto a 10 de agosto. É diferente cuidares do físico e estares permanentemente a trabalhar na equipa. Chegas aqui e com um plantel de nível espetacular e a mim custou-me bastante”.

Compatriotas Tello, Óliver e o Adrián no plantel: “Joguei em várias ligas e já não era difícil adaptar-me a nada. O facto de teres jogadores a falar a mesma língua ajuda bastante. O Porto e Santander são bastante parecidos. As cidades do norte têm sempre algo parecido. A personalidade das pessoas é diferente no norte e no sul. O clima também influencia bastante e a comida também. Nesses aspetos as duas cidades são muito parecidas”.

Mar: “Vivi quase toda a minha vida junto ao mar, no Santander e no Rubin. Posso passar muito tempo em contacto físico com o mar, mas saber que ele está ali, bem perto, é o suficiente”.

Estreia com o Boavista: “Sim, não vi chover tanto no Porto como nesse dia. Até hoje. Estou aqui há três anos e essa estreia foi, na verdade, um pouco atípica”.

Empate a zero: “O pior de tudo foi o resultado, um empate a zero em casa. Tivemos muitas oportunidades, uma bola que prendeu na água, num passe do Tello para o Brahimi, que estava sozinho para fazer golo. O campo estava impressionante, era impossível jogar. Temos um dos estádios com um relvado melhor para se jogar, mas assim era difícil. O empate não foi bom, mas estava contente com a minha estreia. Foi difícil só com dez jogadores”.

Capitão de equipa: “É um orgulho enorme, num clube tão importante. É algo grande, mas não há distinções no grupo. Somos todos muito unidos, todos temos grau de importância grande, está-se a notar. Quando as coisas correm bem, fala-se do grupo, é bom, mas há que revitalizar”.

Primeiro amarelo por protesto, em casa com o Chaves: “É algo bastante familiar. O meu pai, desde que eu era muito pequeno, era muito chato em algumas coisas. Sempre fui humilde, ele sempre me dizia que tinha de respeitar os árbitros, que eles estão a fazer o seu trabalho, sempre a pôr-me essas coisas na cabeça, desde pequeno. De facto, foi o primeiro amarelo que vi por protestar. Pensei logo no meu pai, que ele me estava a ver e a pensar: 'não, isto não pode ser.' São coisas que passam”.

Arbitragens: “Foi difícil de digerir, porque foi tudo seguido. Se fosse uma partida, depois passam quatro normais… Mas não, foi tudo seguido. Além disso, as coisas não estavam a correr muito bem, notava-se muito os erros. Eram erros graves que nos penalizavam muito, a equipa estava a perder o foco. Mas há gente no clube para falar destas coisas, nós [jogadores] temos de manter o foco no futebol. Mas é certo que estávamos focados no facto de nos estarem a penalizar e o mister teve que falar um pouco connosco sobre isso”.

Comparações com Ricardo Carvalho e poucos cartões: “Não quero comparações. A verdade é que não nos estão a criar muitas ocasiões no jogo corrido e é certo que nos podem causar mais danos nas bolas paradas, com livres perto da área, por isso é importante que as faltam sejam feitas mais à frente no terreno. Temos que tentar fazer poucas faltas cá atrás”.

Cinco golos marcados: “Esta temporada, de todos os que marquei, creio que o do Rio Ave foi o mais importante. O Benfica estava em vantagem, ajudou-nos com dinâmica positiva”.

Golo de Rui Pedro ao Braga: “Foi um golo-chave. Não só pelo que representou em termos de pontos. Na nossa cabeça, como aquela situação dos árbitros, também já estava a ideia de não conseguirmos marcar golos. Pensávamos demasiado nisso e esse golo libertou-nos. Foi uma festa que até foi excessiva, se se pode dizer assim, mas ajudou-nos a crescer”.

(Fonte ojogo.pt)