Dos pelados e das balizas às dezenas de golos, Soares passou por uma metamorfose enquanto jogador. O avançado contou o processo em entrevista ao Porto Canal.
A sensação do golo: “Eu jogava nos lados, nas alas, era rápido, cresci um bocado. Tinha um bom cabeceamento e aparecia na área para fazer golos. Quando se faz um golo a felicidade é diferente. Quando eu marcava um golo, queria mais. O meu negócio era fazer golo, viciei e não queria mais ir para a baliza. Quando fui artilheiro os meninos ajudaram-me”.
Primeiro contrato: “O América deu-me o primeiro contrato profissional com 18 anos. Quando eu fui para o América foi como uma promessa, mas no Brasil o jogador da casa não tem oportunidade. Não dão valor à prata da casa”.
Centro Sportivo Paraíba: “No América eu não jogava, treinava à parte, o presidente do CSP convidou-me e eu fui. Queria sempre estar a jogar, foi aí que a minha carreira deu um passo enorme. Quando eu estava no América não tive uma sequência de jogos, depois passei a jogar todos os jogos do campeonato, fiz trabalho de ginásio, ganhei massa muscular e cresci um pouco”.
Mudança para a Europa: “Todo o jogador quer vir para a Europa, eu não esperava vir para Portugal. Recebi uma ligação se tinha interesse em vir para o Boavista e eu disse que sim. Rescindi o contrato e fiquei sem clube e acabei por ficar em casa, não deu certo. Até hoje não sei o motivo. Mas no ano seguinte apareceu o Nacional, vim de novo e deu tudo certo”.
Luta pelo sucesso: “Para ter oportunidade é preciso mostrar as suas origens e comigo não foi diferente. Quem deseja um dia ser jogador de futebol tem de passar por todas as barreiras e dificuldades do mundo do futebol e eu batalhei muito para chegar onde cheguei”.
Sacrifício dos pais: “Sempre tive de ajudar os meus pais. Éramos muito humildes. O meu pai era pedreiro, trabalhava com ele, com a minha mãe, vendia sacolé e isso foi-me motivando. Quando não trabalhava batia a minha peladinha. Quando tinha jogo no meu bairro, a minha mãe fazia gelados e eu ia vendê-los. Eu e a minha irmã íamo-nos virando para ajudar. Eles são tudo para mim. Devo tudo aos meus pais”.
Motivação: “Quando eu olho para o meu passado e para o passado da minha família isso motiva-me para continuar a trabalhar e a buscar os melhores objetivos. O meu sonho sempre foi futebol, vivia futebol, dormia e acordava com o futebol. Não comia por causa do futebol”.
Tiquinho: “A minha infância toda foi em campo pelado e de terra. Nessa altura, chamavam-me Tiquinho, desde a minha infância, tanto em Natal como em Sousa. Tiquinho? Não sei. Eu era magro e cresci demasiado e mudaram para Soares. Quem me colocou a alcunha foi a minha mãe”.
Deco: “No tempo do Nacional fui-me destacando, o Deco veio, perguntou se tinha interesse em trabalhar com ele, disse que sim e está a dar certo. Converso com ele sempre, ajuda-me, não tenho nada a apontar-lhe, está a ajudar-me bastante”.
Chegada ao FC Porto: “Foi um pouco rápido. Sabia da proposta da China, não sabia do FC Porto. Quando o Deco me falou que havia a possibilidade de vestir a camisola do FC Porto nem pensei duas vezes. Disse-lhe para acertar tudo”.
Primeiros tempos de azul e branco: “Por eu ter passado por clubes inferiores, clubes menores, queria sentir esse gosto de vestir uma camisola grande. Era o fundamental, olhar para a camisola do FC Porto e sentir que consegui e venci. O FC Porto é um dos melhores do mundo, só tenho de agradecer pelo convite. Foi uma grande semana, um grande mês, vai ficar marcado para a minha vida toda”.
Primeiro treino: “Pela primeira vez, tive um pouco de vergonha, são grandes jogadores, fiquei com vergonha de me apresentar, um grupo maravilhoso, humilde, que trabalha. Fui bem recebido pelos companheiros e comissão técnica”.
Modo de jogar: “O meu modo de jogar é este, todo o mundo quer estar correr para as melhores coisas. Vivemos um jogo de cada vez, uma semana de cada vez, focada no jogo”.
Objetivos no FC Porto: “Estamos focados, a trabalhar jogo a jogo e todo o mundo está feliz. Quem trabalhar com essa determinação, vontade e ambição de querer vencer e lutar vai ter êxito na frente e espero que aqui não seja diferente. Vamos lutar em cada treino, cada bola perdida e no final vamos comemorar se Deus quiser”.
Seleção: “Todo o jogador brasileiro quer vestir a camisola da seleção, é um sonho de criança. Agora, eu tenho de pensar no meu trabalho, ajudar o FC Porto. Se um dia aparecer essa oportunidade vou agradecer a Deus e trabalhar mais ainda”.
Sobre o próximo jogo, com o Tondela: “Após um jogo difícil, vamos trabalhar bem para o jogo com o Tondela”.
Champions: “Sonho realizado, sonho de criança. Ouvia a música da Champions pela televisão e arrepiava-me. Mas temos de pensar mais no Tondela, se eu entrar em campo é um sonho realizado para mim.
(fonte: ojogo.pt)