José Pereira da Costa foi hoje apresentado por André Villas-Boas como o homem que ficará encarregue das finanças do FC Porto caso o ex-treinador portista vença as eleições.
Numa breve apresentação, o CFO abordou as finanças do clube azul e branco.
“Neste momento, a SAD tem uma gestão operacional ligeiramente negativa. Porém, aqui acrescem 20 milhões de euros de encargos financeiros por uma dívida financeira de 310 milhões, além de amortizações anuais de 30 a 40 milhões de euros pelas transferências de jogadores. Esta situação implica que tenhamos de gerar 50 a 60 milhões mais-valias em passes dos jogadores para equilibrarmos resultados. Isto implica vender todos os anos 70 a 90 milhões, o que tem um impacto negativo desportivo na gestão do plantel”, começou por dizer.
“Tivemos resultados acumulados de 250 milhões de euros negativos em 10 anos, temos um passivo de 530 milhões e uma dívida de 310 milhões. Porque é que no FC Porto fizemos vendas de 430 milhões nos últimos seis anos, mas só foram registados 30 milhões? Ou seja, 7 por cento após abatidos os custos associados, amortizações e imparidades. Um dos nossos rivais fez vendas no mesmo período de 570 M€, com resultado de 200 M€: 35 por cento; o outro realizou vendas de 400 M€, com o resultado de 170 M€: 40 por cento”, questionou Pereira da Costa.
O candidato a CFO salientou que no último exercício de 2022/23 as vendas de lugares anuais (excluindo “corporate”, “business” e camarotes) ascenderam a 10,8 milhões de euros, comparando com os 19,8 milhões e 13,6 milhões dos rivais, “sendo que este último [o Sporting] tem uma assistência média na Liga 30% inferior ao FC Porto”.
Destaque ainda para o valor ganho em receitas de merchandising: entre 8 a 9 milhões por ano, mas cerca de 2 milhões de euros de custos com essas mercadorias, e que as despesas de representação ascendem a 1,4 milhões de euros por ano – 5,4 milhões nos últimos quatro exercícios – quando há seis anos esse valor ascendia a 500 mil euros. Pereira da Costa destacou ainda os três milhões de euros gastos na rubrica de “fornecimentos e serviços externos não discriminados ou explicados”.
O candidato prometeu “um modelo operacional mais rigoroso, mais leve, disciplina financeira e orçamental, com racionalização de custos e aproveitando todas as oportunidades de negociação de contratos e dívidas”.
Para Pereira da Costa a estratégia passa por um aumento das receitas e crescimento da marca FC Porto. “É possível fazer melhor na bilhética, no merchandising, nos sponsors e na rentabilização do estádio. Bem como aumentar o valor dos ativos, com a aposta na formação e reforço do scouting, e reduzir o custo inerente às transações de jogadores, tanto na compra como na venda”.
Em relação à dívida, o homem das finanças de André Villas-Boas afirma que para “restabelecer credibilidade que o clube merece será necessário diversificar fontes de financiamento”, bem como “renegociar prazos mais longos, para aliviar a pressão sobre a tesouraria no curto prazo”.
Tudo isto com “uma administração mais ligeira em custo” do que a atual, que no último exercício recebeu 3,6 milhões de euros entre remunerações fixas e prémios.