“Não vamos ocultar nem disfarçar que a nossa meta é alcançar a II Divisão e estar na Liga no terceiro ano do projeto. É evidente que este trabalho será desafiante e exigirá de nós uma grande capacidade organizacional e a melhoria das condições, mas vamos esforçar-nos para seguir esse caminho”, sublinhou o responsável da secção, José Manuel Ferreira, numa entrevista à agência Lusa.
Uma das novidades mais notórias da edição 2024/25 da III Divisão – que será disputada por um número recorde de 78 clubes, 10 a mais do que na 2023/24 – é que o FC Porto dará início à sua busca pelo objetivo principal a 29 de setembro, ao defrontar o Marco 09, ainda em local a designar, na primeira de 10 jornadas da Série E, que inclui também Leixões, Parada, Soalhães e Sporting da Cruz.
Os clubes que terminarem nas primeiras posições das 13 ‘poules’ e os três melhores segundos classificados irão qualificar-se para a fase seguinte, na qual 16 clubes, organizados em duas séries, irão competir pela promoção à II Divisão, que é reservada para os respetivos líderes e os vencedores dos play-offs com emblemas ‘secundários’.
“As ideias do presidente André Villas-Boas e da administração estavam em sintonia com o que eu penso: para alcançarmos a excelência, é fundamental que estejamos alicerçados em trabalho com condições e capacidade de desenvolver jovens talentos. É necessário dar algum tempo, uma vez que estas jovens precisam disso para desbloquear o seu potencial”, pediu José Manuel Ferreira, de 67 anos.
Antes de dar início ao campeonato, o FC Porto realizará o seu primeiro jogo oficial no domingo, às 15:00, ao visitar o Académico de Viseu, do mesmo escalão, na primeira fase da Taça de Portugal, uma vez que ambos ficaram isentos da ronda preliminar.
“Este será mais um momento de crescimento e consolidação do nosso processo e das nossas ideias de jogo. A possibilidade de competir com equipas de divisões superiores eleva o nosso nível de competitividade. Já estive presente em finais da Taça. É claro que gostaria de lá voltar, mas temos plena consciência da distância que ainda temos de percorrer para almejar este tipo de títulos. Até onde for possível, iremos”, partilhou à Lusa o treinador Daniel Chaves, de 33 anos.
Fiel ao “ideal de futebol positivo” defendido por José Manuel Ferreira, o ex-adjunto de Boavista, Valadares Gaia e Famalicão aceitou o convite do antigo responsável pela formação do Leixões, após uma temporada em que esteve à frente do conjunto masculino de sub-23 do emblema de Matosinhos e na Indonésia, onde colaborou com Fernando Valente no Arema.
“Sendo o mais sincero possível: não me veria a voltar ao futebol feminino se não fosse para o FC Porto. O projeto agradou-me, assim como o que ouvi das pessoas. É uma realidade nova no clube, mas as sensações têm sido muito positivas e a pré-época tem sido fundamental na preparação do caminho que queremos seguir. Vamos construir as coisas um pouco já em andamento, porque assim tem de ser”, descreveu.
Retornando ao FC Porto, onde trabalhou com jovens da escola Dragon Force há mais de uma década, Daniel Chaves sente uma “pressão positiva para vencer em qualquer nível” e almeja um “trabalho em rede” entre as cinco equipas femininas de formação e o plantel principal, que é composto por 23 jogadoras, das quais 18 têm 21 anos ou menos.
“Estamos à procura de jogadoras da zona norte e com proximidade ao Grande Porto, que possam projetar este e os próximos anos. Além disso, houve uma atenção especial à sua postura como pessoas: se queremos um balneário saudável, é necessário considerar alguns perfis”, indicou.
Após sete temporadas no Valadares, onde esteve presente desde a estreia na Liga, em 2013/14, a média Cláudia Lima, de 28 anos, tornou-se a primeira a juntar-se ao FC Porto e é a mais velha às ordens de Daniel Chaves, mantendo o estatuto de capitã que alcançou em Gaia.
“Sendo o meu clube do coração e uma das maiores instituições do país, a decisão não foi muito difícil. Vou tentar ajudá-las com a minha experiência e conhecimento. Farei esse trabalho de balneário, pois, de resto, elas têm muita qualidade”, afirmou à Lusa a internacional portuguesa.
Campeã da II Divisão pelo Leixões em 2013/14, Cláudia Lima está a conciliar o futebol com um Mestrado em Economia e Administração de Empresas pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto, uma dualidade notável no plantel ‘azul e branco’.
“Acho que falo por toda a equipa: têm sido semanas de muita alegria e felicidade, mas, a par disso, vem sempre a enorme e positiva responsabilidade de estarmos a representar o FC Porto. É verdade que as expectativas são altas e podem acabar por influenciar um pouco uma ou outra situação, mas é necessário ter a cabeça no lugar e ver tudo de forma global. Com calma, conseguiremos alcançar os objetivos que nos propomos”, garantiu.