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Conceição compara FC Porto e Milan: “Não éramos campeões há quatro anos…”

Em fase de adaptação à liderança técnica do AC Milan, o antigo treinador do FC Porto analisa os obstáculos que tem enfrentado, o progresso da equipa e a procura pela estabilidade necessária para atingir o top-4 da Serie A. Embora já tenha conquistado a Supertaça, continua a concentrar-se nos próximos desafios, enfatizando a relevância de um trabalho contínuo e modesto.

Conquistar a equipa rapidamente

O treinador sublinhou a aceitação dos jogadores em relação às suas ideias e métodos, que diferem dos anteriores. “O orgulho dos jogadores foi notável. Eles acolheram as novas diretrizes, mesmo que estas fossem contrárias aos seus hábitos. Essa humildade foi crucial. Eles responderam com vitórias sobre a Juventus e o Inter com reviravoltas, mas isso já faz parte do passado. Agora, precisamos de evoluir bastante. Existem momentos do jogo que não aprecio e estamos a trabalhar para que possamos terminar a época entre os quatro primeiros”, esclareceu.

Semelhanças com o FC Porto

Ao fazer uma comparação entre o Milan e outros clubes que treinou, como o FC Porto, o treinador notou algumas semelhanças. “O Milan é um grande clube, com uma base de adeptos apaixonada, assim como o FC Porto. No Porto, não sermos campeões há quatro anos era algo incomum, e aqui a expectativa é semelhante. No entanto, o futebol e as equipas têm suas particularidades.”

Desfrutar do sucesso com moderação

Em relação à vitória na Supertaça contra o Inter, o treinador foi claro em apontar as lacunas defensivas da equipa e a necessidade de manter a humildade. “Cometemos erros na pressão, no timing e na escolha de zonas. Precisamos de evoluir. Aproveitei a Supertaça, até me diverti, mas no avião já estava a pensar no jogo contra o Cagliari. O sucesso é passageiro, e o mais difícil não é atingir o topo, mas sim manter-se lá.”

Movimentações de inverno e especulações

Sobre as movimentações no mercado de transferências, o treinador afirmou que as discussões com a direcção foram postergadas devido à relevância dos jogos mais recentes. “Neste momento, não é o momento adequado. Após o jogo com o Cagliari, talvez haja espaço para isso”, afirmou. Em relação aos rumores sobre Marcus Rashford, foi prudente: “É um bom jogador, como muitos outros. Veremos o que acontece.”

Manter a estrutura e a consistência

O treinador alertou para os riscos da falta de consistência após vitórias significativas, recordando exemplos do passado. “O mais difícil não é atingir o topo, mas sim manter-se lá. Vi jogos como o Real Madrid-Milan e o Cagliari-Milan de outros tempos, e conversei com os jogadores sobre isso. É fundamental uma base sólida, mesmo quando não estamos a jogar tão bem, para assegurar os resultados.”

Abordagens e desafios no futebol contemporâneo

Ao discutir os novos ritmos que introduziu na equipa, o treinador enfatizou que cada treinador tem a sua própria abordagem, mas os resultados são o verdadeiro indicador. “Não existe uma fórmula mágica. Perdi jogos e títulos no FC Porto, mas também os conquistei. O trabalho é a única constante. Hoje, os jogadores são bastante mimados, mas precisamos de os manter concentrados. Isto não é um passatempo, é um trabalho”, sublinhou.

Com uma abordagem pragmática e uma visão a longo prazo, o treinador procura construir um Milan que seja competitivo, equilibrando o legado do clube com as exigências contemporâneas do futebol.