Eis o comunicado na integra:
O Sindicato dos Jornalistas acusou o FC Porto de “clima de intimidação” no Estádio do Dragão. A acusação para lá de gratuita é absolutamente mentirosa e não honra um órgão que devia zelar por tão nobre profissão.
Porque põe em causa o bom nome do FC Porto obriga a um esclarecimento público.
Vamos aos factos: na segunda-feira, durante o jogo com o Chaves, registaram-se dois incidentes. Primeiro, uma jornalista em serviço pela agência Lusa festejou o golo do Chaves, o que o FC Porto considera um comportamento incorreto. Mais tarde, um jornalista em serviço para a rádio TSF, entrou em diálogo com adeptos que estavam um pouco exaltados com o desenrolar do jogo, que como sabemos foi cheio de polémica, comportamento que o FC Porto também considera incorreto.
Nunca em momento algum o FC Porto intimidou fosse de que forma fosse qualquer destes dois jornalistas ou outros, como podem atestar todos os jornalistas que estavam na bancada de imprensa do Estádio do Dragão. Mais, porque a segunda situação foi a que gerou mais efervescência, a preocupação imediata foi garantir que o jornalista pudesse sair do Estádio sem qualquer problema, o que veio a acontecer, como certamente o próprio jornalista confirmará se a direção do sindicato se der ao trabalho de o contactar – eu sei, saber a verdade é uma chatice quando a verdade contraria os fins que queremos atingir.
No dia seguinte, fui contactado pelo diretor da TSF, o jornalista Arsénio Reis, a quem transmiti que era importante perceber que não é razoável jornalistas entrarem em diálogo com a bancada, mesmo que estejam a ser insultados, como parece ter sido o caso. Arsénio Reis disse que era da mesma opinião, expressou o seu ponto de vista, fez as críticas que entendeu, ouviu o nosso ponto de vista e o assunto ficou encerrado para ambas as partes, sem beliscar as relações normais entre uma instituição como o FC Porto e um órgão de media com prestígio e história no nosso país. Hoje mesmo, ao final da tarde, quando tomei conhecimento do comunicado do Sindicato dos Jornalistas, fui eu que liguei ao diretor da TSF, para lhe perguntar se tinha sido contactado pelo sindicato para obter algum esclarecimento. A resposta, que me autorizou a tornar pública, foi que oficialmente não houve qualquer contacto com a direção da TSF, nem com o jornalista em causa, desconhecendo também algum contacto informal, mas não podendo garantir porque tinha estado em reunião prolongada.
Vamos agora à história da agência Lusa. Uma jornalista devidamente acreditada para o jogo pretendeu à chegada sentar-se num outro lugar que não o que lhe estava previamente atribuído e que era junto aos dois colegas do mesmo órgão também acreditados para o jogo. A pretensão foi-lhe negada, sendo-lhe indicado o lugar, apesar da insistência de jornalistas amigos, em serviço para órgãos da imprensa regional de Chaves. Mais tarde, durante o jogo e momentos após o golo do Chaves, a mesma jornalista foi vista a cerrar o punho, em gesto de celebração do golo.
O FC Porto, através do seu presidente e através do Dragões Diário, nesse dia assinado por mim, condenou o comportamento de ambos os jornalistas. E condenou-o porque este género de atitudes são ou podem ser o rastilho para acontecimentos incontroláveis, especialmente se forem vistos por adeptos.
Uma breve averiguação permitiu perceber uma série de coisas em relação a este caso e essas sim deviam preocupar e muito o Sindicato dos Jornalistas se porventura ainda houver por lá alguém capaz de fazer jornalismo.
O Sindicato dos Jornalistas acha um comportamento aceitável e adequado um jornalista celebrar um golo durante um jogo de futebol? O Sindicato dos Jornalistas não quis ouvir o FC Porto e ouviu alguém? Ouviu os colegas da jornalista, que estavam sentados nos lugares adjacentes? Ouviu outros jornalistas presentes no local? A jornalista estava em trabalho ou aproveitou o expediente de pedir uma acreditação para ir ver o jogo? Estará a direção da agência Lusa disponível para tornar pública a agenda de marcação de serviços desse dia, onde se poderá, sem quaisquer dúvidas, aferir-se se a jornalista fala verdade ou mente quando diz que foi em trabalho? Procurou o Sindicato dos Jornalistas saber se a jornalista pediu para lhe deixarem escrever um texto para justificar a presença na bancada de imprensa? Porque se trata do Sindicato dos Jornalistas e não dos metalúrgicos ou dos engenheiros, com todo o respeito por todas as profissões, não era expetável um especial cuidado na acusação mentirosa que faz ao FC Porto?
A falta da atenção que esta direção sindical tem merecido dos seus próprios associados gerou-lhe o chamado síndrome de Pinóquio: o desprezo provoca-lhe agitação quando divisa algum possibilidade de chamar à atenção e essa hiperatividade infantil acaba por denegar os mais elementares princípios do jornalismo, como o do contraditório, assim transformando factos em efabulações apenas para tentar provar que existe…
Esta direção sindical mente. E mente porque não quer saber a verdade. E não quer saber a verdade porque essa não lhe garante ser citada. E não sendo citada, esta direção sindical permanece hibernada em relação aos grandes problemas do jornalismo. Que seguramente não são meras questiúnculas de comadres.