A auditoria forense solicitada pela administração de André Villas-Boas inclui uma secção dedicada às despesas de representação da anterior administração da SAD, sob a liderança do ex-presidente Jorge Nuno Pinto da Costa.
Entre os gastos, destaca-se aproximadamente 70 mil euros gastos em joalharias e relojoarias.
“Os administradores beneficiaram de 3,6M€ em Despesas de Representação entre 2014/15 e 2023/24, que não são elegíveis de acordo com o regulamento interno, revelando um peso significativo em custos adicionais. Além disso, a Sociedade enfrentou custos fiscais de 400 mil euros, resultantes das despesas de representação.
Conforme o documento, uma parte dessas despesas foi utilizada “para fins estritamente pessoais.” Além dos 70 mil euros gastos em joalharias e relojoarias, também foi registado um total de 1,1 milhões de euros em viaturas, com o uso simultâneo de vários veículos, incluindo o usufruto por parte de familiares, 700 mil euros em “refeições profissionais” sem justificação adequada, e 700 mil euros em “viagens privadas para locais não relacionados com a atividade do clube”.
“Além do uso do plafond para fins pessoais, os Administradores apresentaram despesas que ultrapassaram o limite fixado pela Comissão de Vencimentos, totalizando cerca de 420 mil euros em excedente ao longo das 10 épocas analisadas”, acrescenta o documento, que também destaca irregularidades processuais.
Entre as irregularidades identificadas, incluem-se a ausência de procedimentos para a aprovação e verificação das despesas, assim como a falta de documentação que comprove a sua natureza;
Foram também identificadas 5.120 despesas sem qualquer evidência de registo na plataforma de gestão interna, totalizando 512 mil euros;
Além disso, não foi estabelecido um valor máximo para despesas de combustível, estacionamento e portagens, resultando em gastos descontrolados nestas categorias (255 mil euros);
A ausência de documentação que comprove a existência de Despesas de Representação profissional incorridas pelos Administradores (62% das despesas reembolsadas)”, acrescenta-se.
Administrador da SAD do FC Porto gastou 5 mil euros em quatro almoços e um jantar
Os dados divulgados pelos azuis e brancos revelam que, em relação às despesas de representação, na parte das “refeições”, “verifica-se que as dez despesas de maior valor correspondem a quatro almoços e um jantar relacionados com um Administrador, totalizando 4.999 euros (incluindo uma enoteca e um restaurante na Mealhada), um almoço de um Administrador que totalizou 669 euros, sem qualquer descrição associada a esta despesa, e um almoço e um jantar de um Administrador, num restaurante no Porto e num hotel de cinco estrelas no Douro, que totalizaram 658 euros e 906 euros, respetivamente, além de dois almoços de um Administrador, que totalizaram 651 euros e 639 euros”.
Na parte de “trabalhos especializados”, “verifica-se que as dez despesas de maior valor correspondem a sete despesas incorridas por um Administrador, cinco das quais são relacionadas com uma empresa de construção de edifícios e prestação de serviços no âmbito da construção civil e obras públicas, assim como atividades de compra e venda de bens imobiliários, num total de 112.360 euros, uma despesa de 6.609 euros associada a uma empresa de serralharia, e outra de 6.437 euros associada a uma entidade que atua no ramo mobiliário, além de duas despesas incorridas por um Administrador, no valor de 28.987 euros e 13.360 euros, relacionadas com uma empresa de construção de edifícios e uma entidade que fornece serviços de restauração para eventos, respetivamente, além de uma despesa com bens de luxo incorrida por um Administrador no valor de 5.000 euros associada a uma joalharia (ver conclusão adiante em relação a despesas adicionais de joalharia/relojoaria incorridas a título de despesas de representação profissionais)”.
No que diz respeito às Despesas de Representação, pode ler-se que “foi selecionada uma despesa registada sob a tipologia de material desportivo no valor de 2.640 euros, incorrida por um Administrador, com a respetiva fatura e comprovativo de pagamento. Importa notar que o fornecedor desta despesa é uma joalharia/relojoaria, não tendo sido obtidas informações quanto ao seu enquadramento na atividade da FC Porto – SAD. Além disso, não foi disponibilizada evidência da aprovação da despesa”.
Ainda no âmbito dos trabalhos especializados, “foi selecionada uma despesa no valor de 824 euros, incorrida por um Administrador, com a respetiva fatura. Segundo o documento, a despesa é relativa à compra de bens num supermercado, não tendo sido obtidas informações sobre o seu enquadramento na atividade da FC Porto – SAD”.